Montagem/Tangerina
Carol Shaw, Rieko Kodama, Amy Hennig e tantas outras mulheres que trabalharam na indústria de jogos e merecem ser exaltadas
Foi-se o tempo em que jogar videogame era conhecido por ser uma prática “apenas para meninos”. Em uma pesquisa divulgada em abril de 2021 pelo PGB Brasil 2021 (via Valor Investe), 72% dos entrevistados afirmaram ter o costume de jogar e, desse total, 51,5% são mulheres e 48,5% homens.
Na indústria de produção de games, porém, a presença masculina ainda é, para todos os efeitos, uma força dominante. De acordo com um estudo feito em 2020 com 14 das maiores empresas globais de jogos (via Forbes), 84% dos cargos executivos na indústria são ocupados por homens, e fora desse espectro, apenas 24% se refere a mulheres.
Ainda que o número de mulheres seja muito menor do que o de homens trabalhando nesse mercado, o dia hoje serve para celebrar mundialmente a presença feminina. Por isso, a Tangerina destaca cinco nomes que fizeram a diferença, em diferentes áreas da produção de jogos.
Carol Shaw é considerada a primeira programadora de games da história
Howard Shaw/Divulgação
Uma das pioneiras do mercado, Carol Shaw é considerada a primeira desenvolvedora de games da história. Desde sua infância, a estadunidense tinha muita aptidão para matemática e, incentivada pelos pais, dedicou-se a conhecimentos deste tipo, até começar a interagir com computadores.
Shaw não apenas cursou Ciências da Computação na prestigiada universidade de UC Berkeley, como também conquistou um mestrado na instituição, chamando assim a atenção de diversas empresas —dentre elas, a Atari.
Shaw se tornou muito respeitada na companhia pelo seu conhecimento ao manipular o Atari 2600 e seus componentes; além de ter desenvolvido seu primeiro jogo logo no ano de sua contratação: Polo, em 1978. Ainda que o game não tenha sido lançado, é possível encontrar versões dele pela internet.
Depois de uma breve pausa no ramo dos videogames para trabalhar em uma empresa de outro ramo, ela retornou em 1982 para a Activision, onde trabalhou como programadora do inesquecível jogo de ação River Raid.
Rieko Kodama é chamada de "a primeira-dama dos JRPG"
Game Developers Choice Awards/Divulgação
A serviço da Sega desde 1984. Rieko Kodama é uma premiada artista, produtora e diretora japonesa, além de ser considerada a “primeira-dama dos JRPGs”.
Sua história tem início ainda na infância, quando ela se interessou por videogames após jogar os fliperamas de Space Invaders, Pac-Man e Xevious. Apesar de apaixonada pela arte e de ter considerado estudar publicidade, Kodama também amava arqueologia e civilizações antigas – conhecimento que ela levou para os jogos em que trabalhou posteriormente.
Então, em um curso de design de propaganda, Kodama conheceu um funcionário da Sega e foi chamada para trabalhar na empresa. Ela começou como artista em jogos menos conhecidos, e alguns anos depois, fez a arte de Alex Kidd in Miracle World e da versão de Quartet para o Master System.
Kodama porta ainda em seu currículo títulos de sucesso como Altered Beast, Sonic the Hedgehog (de Master System), 7th Dragon, Skies of Arcadia e, claro, Phantasy Star, jogo em que foi chefe de design e realizou proezas para a época.
Conhecida pelos seus trabalhos em Street Fighter II, Legend of Mana e Kingdom Hearts, Yoko Shimomura é uma referência em trilhas de games
Divulgação
Yoko Shimomura é uma das mais respeitadas compositoras japonesas da história dos videogames. Após identificar a paixão pela música ainda na infância, ela se tornou uma pianista profissional pela Universidade de Música de Osaka em 1988. Então, decidiu juntar outra área que gostava muito —isto é, os videogames— para divulgar alguns de seus trabalhos autorais para as principais produtoras de jogos da época.
Sua carreira começou na Capcom com Samurai Sword e Final Fight, mas o reconhecimento só começou com Street Fighter II: The World Warrior, onde ela criou os temas lendários para os lutadores junto de outros compositores, incluindo o famoso tema do Blanka —que, cabe a curiosidade, é um personagem brasileiro.
Por fim, depois de trabalhar em mais de 16 jogos, Shimomura deixou a Capcom e se juntou à Square, onde passou a ser uma referência quando o assunto é a criação de trilhas sonoras incríveis, já que ela compôs as músicas de jogos como Parasite Eve, Legend of Mana, Super Mario RPG e, claro, Kingdom Hearts e Final Fantasy, dentre diversos outros.
Amy Hennig trabalhou como roteirista e diretora criativa de Uncharted e diversos outros jogos
Academy of Interactive Arts & Sciences/Divulgação
Amy Hennig é roteirista e diretora, considerada uma das figuras femininas mais importantes da indústria de jogos. Também formada pela UC Berkeley em literatura inglesa, Hennig iniciou sua promissora carreira como artista em um jogo de Atari: ElectroCop. Isso fez com que Hennig abandonasse a ideia de trabalhar com a indústria cinematográfica para adentrar de cabeça no mercado de jogos.
Após contribuiu com jogos de Nintendinho e ter uma breve passagem pela EA, Hennig se juntou ao estúdio Crystal Dynamics no final dos anos 1990, ajudando no desenvolvimento de Blood Omen: Legacy of Kain e, mais tarde, se tornando diretora e produtora da sequência, Legacy of Kain: Soul Reaver, e diretora e roteirista de Soul Reaver 2 e Legacy of Kain: Defiance.
Mais tarde, Hennig se tornou diretora criativa na Naughty Dog, assinando títulos de peso como Jak 3 e Uncharted: Drake’s Fortune. A partir daí, ela se tornou a roteirista chefe da franquia Uncharted.
Em 2015, ela assinou como roteirista de Battlefield Hardline e, atualmente, trabalha no roteiro do aguardado Forspoken.
Com passagens pela Ubisoft e EA, Jade Raymond também trabalhou na Google e hoje tem um estúdio indie
The Game Awards/Divulgação
Uma influente diretora e produtora canadense, Jade Raymond é bastante conhecida pelo seu envolvimento com franquias de grande sucesso e pela fundação de estúdios e projetos famosos.
Formada em ciência da computação pela universidade McGill em 1998, o primeiro trabalho de Raymond foi como programadora na Sony, onde ajudou na criação do primeiro grupo de Pesquisa e Desenvolvimento da companhia. Depois, ela se juntou à EA e trabalhou como produtora em The Sims Online.
As coisas começaram a mudar quando Raymond se juntou à Ubisoft Montreal, onde liderou a produção do primeiro Assassin’s Creed. Com isto, ela se tornou produtora executiva de alguns outros jogos da companhia, incluindo Assassin’s Creed II, Watch Dogs e Splinter Cell: Blacklist.
De volta à EA em 2015, Raymond ajudou a fundar os estúdios Motive e Visceral, e três anos depois foi foi premiada por seus empreendimentos e contribuições para a indústria em eventos como Vanguard Award e Fun & Serious Game Festival. Ela trabalhou ainda com a Google no desenvolvimento do Stadia e, mais recentemente, fundou um estúdio independente, o Haven Entertainment, que está criando um jogo original para PlayStation.
Existem diversas outras mulheres que merecem atenção na indústria dos games também. Dentre estas, ficam as menções honrosas a Tanya DePass, Jay-Ann Lopez, Roberta Williams, Brenda Laurel, Rhianna Pratchett, Michiru Yamane, Ayami Kojima, Yuka Kitamura, Kinuyo Yamashita, Jeannie Novak, Thais Weiller, Tiani Pixel, Fernanda Dias, e muitas outras.
Jessica Pinheiro
Repórter da Tangerina, Jessica Pinheiro já cobriu games e tecnologia em veículos coo IGN Brasil, Loading TV e The Enemy. É streamer nas horas vagas e nasceu no Ceará, mas infelizmente não tem sotaque. Ama karaokê e também assina a Koluna Pop, onde traz todas as novidades do universo do k-pop.
Ver mais conteúdos de Jessica PinheiroTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
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