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Alec Baldwin no talk show The Alec Baldwin Show

Reprodução/ABC

HÁ 5 ANOS

Antes de morte trágica em set, Alec Baldwin flopou com talk show na TV

Em 2018, ator decidiu tentar a sorte com um programa de entrevistas que recebeu aposta alta, mas viu seu público fugir rapidamente

Luciano Guaraldo

Indicado ao Oscar em 2004 e vencedor de três prêmios Emmy, Alec Baldwin recentemente tem virado notícia mais por causa de seu envolvimento na morte acidental da diretora de fotografia Halyna Hutchins (1979-2021) do que por seus trabalhos como ator. Mas a má fase do astro começou há exatos cinco anos, com a estreia do The Alec Baldwin Show, um fracasso de audiência como a TV norte-americana poucas vezes havia visto.

Baldwin, que fazia sucesso com o podcast Here’s The Thing (no ar desde 2011 e produzido até hoje, apesar de seus problemas pessoais), virou uma aposta óbvia da rede ABC para comandar um talk show em horário nobre. A ideia era se diferenciar de outros programas do gênero por não contar com plateia nem com quadros divertidos, voltando todo o seu foco para a parte de entrevistas –com dois convidados por edição, o ator teria quase meia hora para conversar com cada um (sem contar os intervalos comerciais, é claro).

O talk show foi desenvolvido de maneira secreta: a ABC só oficializou o projeto em 27 de fevereiro de 2018, com a estreia marcada para cinco dias depois, em 4 de março. Tudo foi tão apressado que as primeiras fotos oficiais só foram divulgadas à imprensa e ao público em 2 de março! Apesar disso, a rede parecia confiar bastante na atração, colocando-a para ter uma pré-estreia logo depois da exibição do Oscar –uma vitrine de luxo para um nome até então muito querido em Hollywood. No primeiro episódio, Baldwin conversou com Jerry Seinfeld e Kate McKinnon, humoristas renomados.

O astro também estava empolgado com o projeto e, em entrevista ao Hollywood Reporter antes do lançamento, explicou que a possibilidade de se aprofundar na vida de cada entrevistado era uma de suas maiores alegrias. “São conversas mais longas e que não têm o caráter quase sempre promocional de outros talk shows. A palavra-chave para mim é ‘origem’. Eu gosto de conversar com as pessoas a respeito de suas origens. Como eles cresceram e como foram parar nessa linha de trabalho? Como Jerry Seinfeld se tornou Jerry Seinfeld? Acho que pode servir de inspiração para outros artistas”, contou.

Baldwin ainda listou convidados que queria ter no seu cenário. O escritor Stephen King, os atores Al Pacino, Robert De Niro, Jack Nicholson e Dustin Hoffman e o músico Bruce Springsteen estavam na relação dos sonhos. “Mas eu quero receber políticos também. [Barack] Obama é alguém que todo mundo gostaria de entrevistar. Sei que [David] Letterman já falou com ele, mas eu tenho perguntas bem diferentes”, contou.

De todos os nomes desejados, apenas Robert De Niro foi parar na poltrona do The Alec Baldwin Show. O projeto também passou longe de ser uma inspiração para outros artistas, como o entrevistador havia imaginado. No Rotten Tomatoes, o talk show tem aprovação de 0% da crítica e de 12% do público. Com o sinal de alerta tocando, a ABC decidiu repensar o formato logo após sua primeira “avant-première”.

Apesar da pré-estreia ter sido em março, o programa só voltou ao ar em outubro de 2018, com exibições nas noites de domingo. Mas, depois de apenas quatro episódios, a rede desistiu de tentar buscar o público e jogou o programa para os sábados –dia da semana em que raramente são exibidos programas inéditos.

Mais quatro edições foram ao ar, com a audiência desabando cada vez mais –de 3,6 milhões de espectadores na primeira exibição para 852 mil na última. Assim, a ABC cancelou o The Alec Baldwin Show e sequer exibiu os dois últimos episódios gravados, que tinham uma nova entrevista com Jerry Seinfeld, além de papos com o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie e com a jornalista política Ana Navarro. Em seu lugar, apostou em reprises, com a expectativa de que atraíssem mais público. E, de fato, atraíram.

Desde o fracasso de Alec Baldwin, as redes norte-americanas desistiram de colocar talk shows no horário nobre, preferindo exibir as conversas no período da manhã e da tarde (como os programas de Drew Barrymore e Kelly Clarkson) ou no fim da noite e início da madrugada (faixa em que Jimmy Fallon e James Corden são alguns dos apresentadores de destaque).

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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