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O arcebispo Georg Gänswein com o papa emérito Bento 16

Reprodução/Bayerischer Rundfunk

SEM ARREPENDIMENTOS

Bento 16 expôs saúde frágil em rara aparição para documentário alemão

Avesso aos holofotes desde que abandonou seu posto de líder da Igreja Católica, alemão afirmou ser 'velho no fim de sua jornada' à TV

Luciano Guaraldo

Morto neste sábado (31), aos 95 anos, o papa emérito Bento 16 (1927-2022) praticamente desapareceu dos holofotes desde que abdicou de seu posto como chefe da Igreja Católica, em 2013. Mas o religioso alemão fez uma rara aparição em um documentário da TV alemã Bayerischer Rundfunk produzido em 2020, no qual deixou clara a sua saúde frágil. “Eu já tive uma boa voz, mas hoje ela não funciona mais”, desabafou.

O vídeo, de 28 minutos e 33 segundos, foi realizado pelo jornalista Tassilo Forchheimer para a rede pública da Baviera–região da Alemanha onde Bento 16 nasceu– para marcar os sete anos de sua renúncia ao papado. Fraco, Joseph Ratzinger apareceu usando um andador e com a aparência debilitada. Também falou pouco durante a visita da equipe de TV; quem se pronunciou em seu lugar foi o cardeal Georg Gänswein, prefeito da Casa Pontifícia e secretário pessoal do religioso.

Gänswein, inclusive, chegou a afirmar que Bento 16 nunca se arrependeu de ter abandonado a liderança. “As renúncias foram uma decisão longa, bem rezada e sofrida, das quais ele nunca se arrependeu. O papa está completamente em paz consigo próprio”, disse. Em outro documentário, o espanhol Bento 16, o Papa Emérito (2021), o cardeal disse que havia tentado convencer seu amigo a continuar no cargo. Não conseguiu.

Forchheimer mostrou em suas gravações um pouco da rotina de Bento 16 no antigo convento Mater Ecclesiae, onde passou a viver desde que renunciou. Ele levava uma rotina rigorosa ao lado de Gänswein: às 7h30, celebravam missa na capela do local; depois, se fechava em seu escritório, rodeado de livros, e por lá passava boa parte do dia –um reflexo do período em que estudou Teologia.

A idade avançada não lhe tirou a inteligência, segundo o documentário. “É um homem de 92 anos, que já perdeu muito de sua força física, mas que mantém a mente clara”, afirmou Gänswein. A quem lhe questionava sobre seu estado de saúde, Bento 16 era claro na resposta: “Sou um velho no fim de sua viagem”.

Por ser uma produção da Baviera, o curta-metragem também ressaltou a ligação do papa emérito com sua terra natal. Objetos e pinturas de sua residência remetiam à região alemã, com direito a uma foto da catedral Marienplatz, de Munique, em posição de destaque. As cozinheiras que lhe serviam, embora italianas, também aprenderam a fazer pratos típicos da culinária bávara.

Anthony Hopkins como Bento 16 em Dois Papas

Anthony Hopkins como Bento 16 em Dois Papas

Divulgação/Netflix

Filme de Fernando Meirelles não é verídico

Bento 16 também foi personagem do filme Dois Papas (2019), dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles. Na produção da Netflix roteirizada por Anthony McCarten, o alemão foi vivido por Anthony Hopkins –indicado ao Oscar de ator coadjuvante. O foco da história é o período que antecede a renúncia do pontífice e suas conversas com Jorge Mario Bergoglio, o futuro papa Francisco (Jonathan Pryce, também nomeado ao prêmio máximo do cinema).

O longa, porém, não é baseado em histórias reais. McCarten se inspirou em discursos dos dois religiosos, mas inventou diálogos e outros aspectos para escrever o roteiro. “O que nós fazemos é especular. E torcemos para que essa especulação tenha base em alguns fatos e na verdade”, afirmou ele em entrevista ao site The Wrap. “Nós não sabemos o que aconteceu.”

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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