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Considerado um gênio do cinema, Jean-Luc Godard desafiou as regras de Hollywood e influenciou uma geração de diretores
Um dos diretores mais aclamados do cinema francês, Jean-Luc Godard morreu aos 91 anos nesta terça-feira (13). Cineasta, roteirista e crítico, Godard teve destaque como pioneiro no movimento de filmes franceses da Nouvelle Vague (nova onda, em tradução literal) dos anos 1960.
O cineasta foi considerado uma lenda do cinema autoral, já que suas obras desafiaram as convenções tradicionais de Hollywood. Com características como câmera em mãos, cortes bruscos e diálogos existenciais, que acabaram definindo a estética do movimento, Godard influenciou diretores ao longo de várias gerações.
Nascido em Paris em 1930, começou a colaborar para a revista Cahiers du Cinéma como crítico em 1952 e iniciou experimentos no mundo cinematográfico com curtas-metragens. Em 1959, o diretor finalizou seu primeiro longa, o aclamado Acossado (1960), que adotou inovações narrativas e filmou com a câmera na mão, rompendo uma regra até então inviolável.
A partir daí, Jean-Luc Godard se consolidou como um dos mais inventivos diretores da Nouvelle Vague. Obras como Viver a Vida (1962), O Desprezo (1963), Bande à part (1964), Alphaville (1965), O Demônio das 11 Horas (1965), Duas ou Três Coisas que Eu Sei Dela (1966), A Chinesa (1967) e Week-end à Francesa (1968) foram fundamentais para subverter o cinema tradicional e dar início à uma nova era.
O aclamado diretor realizou mais de 40 longas ao longo de 70 anos de carreira, além de curtas, documentários experimentais, ensaios cinematográficos e vídeos de música.
Suas obras criaram uma linguagem própria e fizeram grandes críticas à sociedade do consumo. Em diversas resenhas sobre seus filmes, Godard era considerado genial e criativo, mas ao mesmo tempo polêmico e irrequieto.
Além de mostrar o conhecimento da história do cinema por meio de homenagens e referências, vários de seus filmes expressaram suas opiniões políticas. Godard era um ávido leitor da filosofia existencial e marxista. Em 2010, o diretor chegou até a receber um Oscar honorário por suas obras, mas não compareceu à cerimônia.
Emmanuel Macron, presidente da França, se pronunciou sobre a morte do icônico diretor. “Jean Luc-Godard foi o mais iconoclasta dos cineastas da Nouvelle Vague. Ele inventou uma arte decididamente moderna e intensamente livre. Perdemos um tesouro nacional e um gênio“, declarou Macron.
A informação da morte foi confirmada pela mulher de Godard, Anne-Marie Mieville, em comunicado enviado à imprensa francesa. “Jean-Luc Godard morreu pacificamente em casa, cercado por entes queridos”, informou. A causa da morte não foi divulgada.
Giulianna Muneratto
Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.
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