Divulgação/Fox
Astro de Empire foi sentenciado a 150 dias atrás das grades por inventar que tinha sido alvo de um crime de ódio, homofobia e racismo
Condenado em março de 2022 a 150 dias de prisão por ter forjado um ataque de ódio contra si mesmo, o ator Jussie Smollett tem feito verdadeiros malabarismos para evitar a cadeia. Seus advogados apelaram da sentença com o argumento de que o júri teria sido influenciado pelo juiz do caso, que havia chamado o artista de “arrogante, egoísta e narcisista” durante o julgamento.
Em janeiro de 2019, Smollett virou notícia após reportar um crime de ódio que teria ocorrido em Chicago, onde ele gravava a série Empire (2015-2020), então um sucesso de audiência da rede Fox norte-americana. Ele disse que tinha sido agredido por dois homens, que teriam o xingado de “faggot” e “nigger”, dois adjetivos considerados extremamente homofóbicos e racistas, enquanto levava chutes. Os agressores ainda teriam despejado uma substância química no ator e o enforcado com uma corda.
O caso rapidamente começou a ser investigado pela polícia de Chicago como um crime de ódio. Mas, dias depois, o caso teve uma reviravolta: foi revelado que Smollett teria pago os irmãos nigerianos Abimbola e Olabinjo Osundairo, que tinham feito figuração em Empire, para simular um ataque. Ele foi indiciado por 16 acusações diferentes ainda em 2019, mas todas foram derrubadas pelo juiz Steven Watkins –em um procedimento pouco comum, que foi investigado até pelo FBI.
Após uma série de protestos, o caso foi reaberto e, em 10 de março do ano passado, Jussie Smollett acabou condenado a passar 150 dias na cadeia, a pagar mais de US$ 120 mil (R$ 624 mil, na cotação atual) em restituição à Polícia de Chicago pelos recursos desperdiçados em um caso inventado. Seis dias depois, ele foi solto porque seus advogados apelaram da decisão. Eles deveriam ter apresentado o recurso até agosto de 2022, mas conseguiram várias prorrogações no prazo e só o fizeram na última quarta (1º), quase um ano depois da apelação.
A defesa de Smollett argumenta que o juiz James Linn cometeu uma série de erros reversíveis, que a sentença de 150 dias é excessiva e que toda a segunda acusação deveria ter sido anulada sob o princípio de “risco duplo”. Os advogados também pedem que as multas sejam retiradas porque a lei do Estado de Illinois não permite que a polícia seja considerada uma vítima e, portanto, não há motivos para o ator restituir o dinheiro investido no caso.
Ainda acusam James Linn de ter feito comentários parciais na frente do júri, com um discurso duro em que chamou Smollett de um “charlatão” que se revelou “profundamente arrogante, egoísta e narcisista”. Eles alegam que os comentários durante a sentença assumiram um “tom de retribuição pessoal” e que o juiz teria os apressado durante o interrogatório, o que teria dificultado a defesa do ex-astro.
Após toda a confusão, Smollett foi eliminado da reta final da quinta temporada de Empire e não voltou mais para o drama. A série foi cancelada no sexto ano, uma decisão que o criador Lee Daniels atribuiu ao escândalo com o ator.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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