Reprodução/YouTube
A MRC, também responsável por House of Cards, desistiu de negociar produção sobre o rapper após suas falas preconceituosas
A produtora MRC decidiu engavetar um documentário pronto sobre Kanye West por causa dos comentários antissemitas disparados pelo rapper recentemente. Os responsáveis pela empresa condenaram as falas e afirmaram que não podem apoiar nenhum conteúdo que amplie a exposição do artista –mesmo que eles mesmos tenham realizado tal material.
Ainda sem nome oficial divulgado, o documentário sobre o rapper estava sendo negociado com diferentes plataformas, mas as conversas foram interrompidas. A MRC não quis divulgar se Kanye West havia participado ativamente do projeto ou se ele era apenas o objeto de estudo da produção.
“Na manhã desta segunda [24], após uma intensa discussão com nossos cineastas e parceiros de distribuição, tomamos a decisão de não continuar com a distribuição do nosso documentário recém-finalizado sobre Kanye West. Não podemos apoiar qualquer conteúdo que amplifique sua plataforma”, disseram Modi Wiczyk, Asif Satchu e Scott Tenley em uma carta aberta assinada em conjunto.
“Kanye é um produtor e faz samples de música. Mas, na última semana semana, ele fez sample e remixou um tema clássico que está nas paradas há mais de 3 mil anos –as mentiras de que judeus são maus e conspiram para controlar o mundo por interesse próprio. Essa canção foi interpretada à capela no tempo dos faraós, da babilônia e de Roma, ficou acústica na Inquisição Espanhola, e Hitler a regravou com pegada elétrica.”
Kanye West, segundo os executivos, estaria ajudando a levar essa “canção” para o mainstream. “O silêncio de líderes e de outras corporações quando se trata de Kanye ou do antissemitismo, de maneira geral, é triste mas não surpreendente. A novidade é o medo que os judeus têm de falar em sua própria defesa.”
Durante entrevista ao apresentador Tucker Carlson, da Fox News, Kanye West fez alegações controversas de supostos maus-tratos por parte de judeus. No Twitter, ele chegou a publicar que gostaria de participar de uma “convenção da morte a pessoas judaicas” e fez uma piada com um termo de alerta militar.
Com os perfis suspensos, Kanye tem concedido entrevistas a podcasts conservadores, que reforçam sua opinião de que bloquear suas contas é censura. O rapper também anunciou a compra da Parler, uma rede social que se vende como “pioneira em liberdade de expressão”, na qual é permitido até fazer comentários preconceituosos e criminosos sem sofrer retaliações por parte da plataforma.
Não é a primeira vez que a MRC precisa tomar uma decisão desse tipo após ter seus projetos associados a nomes controversos. Em 2017, a produtora decidiu demitir Kevin Spacey da série House of Cards (2013-2018) após o ator ser acusado de abusar mais de 20 pessoas, a maioria menores de idade. Na última semana, Spacey foi inocentado no julgamento movido por Anthony Rapp, o primeiro a denunciar o vencedor do Oscar.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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