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documentário Blackfish - Fúria Animal tratou sobre Tilikum

Foto do documentário Blackfish - Fúria Animal (2013)

Tilikum

O que aconteceu com a famosa orca do SeaWorld que matou treinadora

Tilikum viveu mais de três décadas e virou símbolo do debate sobre condições de animais em cativeiro

Vinícius Andrade, Tangerina
Vinícius Andrade

Tilikum, a orca que se tornou símbolo do debate sobre animais em cativeiro, morreu em janeiro de 2017, aos 36 anos, no SeaWorld Orlando. Nascida nas águas da Islândia e capturada aos dois anos de idade em 1983, a baleia teve uma vida marcada por controvérsias e tragédias, sendo associada à morte de três pessoas ao longo de sua existência em cativeiro.

A orca macho, que foi a mais prolífica do SeaWorld, gerando ao menos 14 filhotes enquanto esteve no parque dos Estados Unidos, sofreu de sérios problemas de saúde, incluindo uma infecção bacteriana pulmonar, antes de sua morte.

Neste texto, a Tangerina detalha essa história e explica como as tragédias envolvendo Tilikum mudaram o parque, que continua aberto até hoje.

As vítimas de Tilikum

Keltie Byrne (1991)

Em 20 de fevereiro de 1991, quando Tilikum estava no parque Sealand of the Pacific, no Canadá, a treinadora Keltie Byrne, de 20 anos, escorregou e caiu na piscina das orcas. Tilikum e outras duas orcas a submergiram à força, arrastando-a e impedindo-a de sair da água. Keltie conseguiu emergir três vezes antes de se afogar.

O incidente marcou a primeira vez que orcas em cativeiro mataram um humano. O Sealand of the Pacific fechou logo após o ocorrido, e Tilikum foi transferido para o SeaWorld Orlando em 1992.

Daniel Dukes (1999)

Em julho de 1999, com a orca já no SeaWorld Orlando, um homem de 27 anos chamado Daniel Dukes escondeu-se no parque após o fechamento e entrou no tanque de Tilikum durante a noite. Seu corpo sem vida foi encontrado na manhã seguinte sobre o dorso de Tilikum.

Um inquérito concluiu que a causa da morte foi hiportermia, mas autoridades notaram que Tilikum havia mordido o homem e rasgado suas roupas. A autópsia também revelou que o corpo de Dukes tinha numerosas feridas, contusões e abrasões, e que seus genitais haviam sido mordidos. O parque, no entanto, insistiu que a morte foi causada por afogamento. Os detalhes exatos do que aconteceu permanecem obscuros devido à ausência de testemunhas.

Tilikum e Dawn Brancheau momentos antes de a treinadora ser morta

Tilikum e Dawn Brancheau no dia da morte da treinadora

(Imagens: Reprodução/YouTube)

Dawn Brancheau (2010)

A morte mais notória e que ganhou maior repercussão global por ter acontecido com plateia foi a da treinadora Dawn Brancheau, em 24 de fevereiro de 2010, no SeaWorld Orlando. Durante um show, enquanto Brancheau, uma treinadora experiente de 40 anos, realizava uma sessão de relacionamento e acariciava Tilikum, a orca a arrastou para debaixo d’água.

Testemunhas relataram que Tilikum a agarrou pelo cabelo, braço ou ombro. O ataque foi brutal. Tilikum sacudiu violentamente a treinadora, causando graves lesões e múltiplas fraturas em seu corpo. A autópsia determinou que Dawn Brancheau morreu de afogamento e lesões traumáticas, incluindo fraturas na coluna, costelas e mandíbula, além de ter perdido o couro cabeludo e sofrido deslocamento do cotovelo e joelho esquerdos.

Inicialmente, o SeaWorld alegou que Dawn havia caído na piscina por acidente e que seu rabo de cavalo poderia ter sido um fator. Em 2016, um representante da empresa chegou a dizer que “não foi um ataque, foi um terrível acidente”. Contudo, ex-treinadores e testemunhas contestaram essa versão, afirmando que Tilikum agiu de forma deliberada.

A morte de Tilikum

Tilikum viveu em cativeiro no SeaWorld durante 25 anos. De acordo com comunicado da empresa sobre a morte da orca, em 6 de janeiro de 2017, a baleia sofria de uma infecção pulmonar bacteriana persistente. “A bactéria suspeita faz parte de um grupo de bactérias encontradas na água e no solo, tanto em habitats selvagens quanto em zoológicos”, disse o parque.

O tratamento incluiu “combinações de anti-inflamatórios, antibacterianos, medicamentos antináuseas, terapia de hidratação e terapia antimicrobiana em aerossol”. O animal estava próximo do limite superior da expectativa de vida média de orcas machos, de acordo com uma revisão científica independente.

“A vida de Tilikum sempre estará inextricavelmente ligada à perda de nossa querida amiga e colega, Dawn Brancheau”, acrescentou o comunicado do SeaWorld.

Após a notícia da morte, o grupo de direitos dos animais Peta (People for the Ethical Treatment of Animals) disse que a orca se foi “após três décadas de sofrimento”.

Documentário Blackfish

A morte de Dawn Brancheau e a história pregressa de Tilikum foram o tema central do documentário Blackfish – Fúria Animal, lançado em 2013 e que está disponível no YouTube em português. O filme criticou severamente a manutenção de orcas em cativeiro, argumentando que a vida em tanques as tornava mais agressivas e prejudicava sua saúde mental.

É possível assistir ao doc abaixo –a partir de 1 hora e 5 minutos, dá para entender o que aconteceu antes do ataque à treinadora:

Como está o SeaWorld atualmente

Embora o SeaWorld não tenha participado da produção, o documentário teve um impacto significativo, resultando em quedas na frequência de visitantes, nos lucros e no preço das ações da empresa. Muitos artistas também cancelaram apresentações no parque.

Diante da intensa pressão pública e das crescentes críticas, o SeaWorld, que continua aberto e em operação, implementou mudanças em suas práticas:

  • Fim do programa de reprodução de orcas: Em março de 2016, o SeaWorld anunciou o fim de seu programa de reprodução de orcas. A empresa declarou que as orcas sob seus cuidados seriam as últimas em cativeiro.
  • Restrições aos treinadores: Após a morte de Brancheau, novas regras de segurança foram introduzidas, proibindo os treinadores de entrar na água com as orcas para realizar truques.
  • Encerramento dos shows teatrais com orcas: Em 2016, a empresa também anunciou o fim dos shows teatrais envolvendo orcas.
  • Foco em animais nascidos em cativeiro ou resgatados: Atualmente, o SeaWorld afirma trabalhar exclusivamente com animais que nasceram em cativeiro ou que foram classificados como inaptos a retornar ao ambiente selvagem. A empresa destaca que o cuidado com esses animais é feito em parceria com a Associação de Zoológicos e Aquários (AZA) e o Programa de Sobrevivência de Espécies (SSP).
  • Apresentações voluntárias: O parque informa que a participação dos animais nas apresentações é completamente voluntária e que os shows podem ser modificados ou cancelados sem aviso prévio. O SeaWorld ainda oferece atrações que envolvem animais como golfinhos, orcas e pinguins.
  • Novas atrações e esforços de conservação: O SeaWorld segue operando e inaugurando novas atrações temáticas, como a montanha-russa Penguin Trek, que começou a funcionar no ano passado. A empresa também oferece tours focados em seus esforços de conservação e resgate de animais marinhos.
  • Apesar das mudanças, organizações de direitos dos animais continuam a criticar a manutenção de mamíferos marinhos em cativeiro, argumentando que os tanques são inadequados e que esses animais têm uma capacidade social e necessidades naturais que são restringidas em ambientes artificiais.

    Os defensores de animais defendem que a solução ideal seria a realocação para santuários ou a substituição da experiência animal por tecnologias imersivas. A discussão sobre a ética do cativeiro e o bem-estar psicológico das orcas permanece um tema de intenso debate.

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    Vinícius Andrade, Tangerina

    Vinícius Andrade

    Jornalista e colaborador da Tangerina. Vinícius Andrade já foi editor do Notícias da TV e tem especialização em SEO. Interessado por tudo o que envolve mercado de entretenimento, tem mais de 13 anos de experiência na área e também trabalha com jornalismo local. E-mail: vinicius@tangerina.news

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