Reprodução/TV Globo
Cheia de ideias, Guta (Julia Dalavia) não troca a regata nem o discurso para dar mais uma aula no público de Pantanal
Guta (Julia Dalavia) resiste bravamente às noites frias no interior do Mato Grosso do Sul apenas com uma regata e completamente “descoberta” de razão em Pantanal. Afinal, a engenheira praticamente não troca de roupa nem muda o disco. Com as suas palestrinhas, ela frequentemente irrita tanto os telespectadores quanto os personagens da novela das nove da Globo.
O próprio folhetim de Bruno Luperi explora as contradições da jovem, sobretudo na relação com Maria Bruaca (Isabel Teixeira). Ela sempre reclama que as mulheres da região ainda são muito submissas aos homens e até incentiva a mãe a pedir a separação, ainda que também a reprima sexualmente.
As broncas de Guta foram essenciais nos primeiros capítulos para contrapor as falas do vilão vivido por Murilo Benício. Ele, por exemplo, levou um passa-fora ao sugerir que preferia ver um filho morto do que feliz em uma relação homoafetiva –num tom de didatismo que fazia bastante sentido à cena.
A verborragia dela, no entanto, perdeu contexto dentro de uma produção que até quer discutir assuntos importantes, do meio ambiente à homofobia, mas sem grandes concessões políticas. Ela, então, passou a destoar cada vez mais, até ganhar a pecha de chata nas redes sociais.
Em vez de ser levada a sério, a personagem de Julia Dalavia se tornou uma espécie de piada involuntária. O colunista Chico Barney, do UOL, chegou a cunhar um apelido que pegou nas redes sociais diante do figurino dela –o de Guta Regatinha. Um aposto que claramente poderia ser palestrinha.
Guta não é a única com dons educacionais no meio das planícies alagadas, mas é fundamental para Juma (Alanis Guillen) juntar horas complementares –até porque não há muitas opções ali na tapera dos Marruá. Não à toa, a jovem se envolveu com Jove (Jesuita Barbosa) nos primeiros capítulos.
O irmão de Tadeu (José Loreto) também foi responsável por alguns dos discursos mais furados de Pantanal, especialmente ao se apresentar como vegetariano para José Leôncio (Marcos Palmeira). Ele também deu uma de Paulo Freire (1921-1997) ao ensinar a namorada a ler. Ou quase.
Daniel Farad
Repórter. Além do Notícias da TV, também se juntou ao Tangerina para combater a mesmice e o escorbuto. Escreve do Rio de Janeiro, onde se sente eternamente em uma novela do Manoel Carlos. Aqui, porém, a gente fala mexerica. Fale com o Daniel: vilela@tangerina.news
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