Divulgação/Nanda Araújo
Rodrigo Ternevoy passou os últimos cinco anos atuando na novela Fair City. Agora, deixou a TV irlandesa porque quer uma carreira no seu país natal
Em plena pandemia, o brasileiro Rodrigo Ternevoy decidiu se arriscar em busca de um sonho: o de atuar em seu país de origem. Depois de cinco anos como integrante do elenco da novela Fair City, um sucesso na TV irlandesa, ele avisou que deixaria a produção para tentar a sorte no país onde nasceu. Acabou de rodar O Velho Fusca, filme em que atua com Cleo, Danton Mello, Tonico Pereira, Caio Manhente e grande elenco.
“Nós ficamos quatro meses parados, sem gravar a novela, por causa da pandemia. Eu tive muito tempo para ficar sentadinho no meu canto e refletir. Acho que todo mundo começou a reavaliar um pouco sua vida, sua carreira nesse período. Eu me vi sem nada para fazer, porque o lockdown na Irlanda era bem restrito, e comecei a refletir”, conta Rodrigo Ternevoy para a Tangerina.
“Em uma dessas minhas autoanálises, eu percebi que estava postergando algo que eu queria muito fazer. Tinha o sonho de atuar em português, sempre tive, mas acabei empurrando com a barriga, entende? Quando você é ator e tem um trabalho em período integral, fica difícil trocar o certo pelo duvidoso. O que acabou sendo ótimo, porque fiquei cinco anos na novela, aprendi bastante.”
Mesmo convencido de que deixar Fair City era a decisão certa, Rodrigo Ternevoy admite que não foi fácil. “Foi como pular em um abismo sem saber se alguém ia me segurar ou se eu ia morrer. Mas eu já estava com 37 anos, dei 12 meses de aviso prévio. Queria ir embora de bem com todo mundo, porque geralmente os atores não pedem para sair, é um trabalho que dá um retorno muito bom.”
Fora da novela, o artista se mudou novamente para o Brasil para ficar uma temporada aqui. “Vim para plantar sementinhas, conhecer as pessoas, fazer contato. Mas na primeira semana já apareceram três testes. Dois eram para atuar em inglês (risos), inclusive consegui um papel em um longa do Murilo Salles”, adianta.
Caio Manhente, Cleo, Danton Mello e Rodrigo Ternevoy em O Velho Fusca
Divulgação/Nanda Araújo
Mas Rodrigo Ternevoy também foi aprovado para O Velho Fusca, com direção de Emiliano Ruschel, roteiro de Bill Labonia e distribuição da A2 Filmes. “É um divisor de águas na minha carreira. Já entrar em um filme que tem essa galera de peso coloca um peso nas costas, né? Eu tinha aprendido tudo lá fora, então precisei me readaptar. Fui dois dias antes de começar a filmar só para visitar o set, conhecer tudo. Na minha primeira cena, com o Tonico Pereira, eu já sabia o que esperar”, explica.
Para o longa, Rodrigo Ternevoy decidiu pintar o cabelo de azul, o que virou uma piada interna no estúdio. “O Tonico me olhou e brincou que nunca tinha uma calopsita daquele tamanho. O apelido pegou, virei a calopsita do set (risos). Todo mundo foi muito bondoso comigo, não me olhavam torto porque eu não tinha experiência como ator no Brasil. O Danton, que faz meu irmão, também me acolheu superbem.”
Curiosamente, o brasileiro também descobriu vários nomes que ainda não conhecia durante as filmagens de O Velho Fusca –inclusive, o próprio Caio Manhente, que vive seu sobrinho. Afinal, ele morava na Irlanda desde 2007 e não acompanhou a explosão do jovem ator em Detetives do Prédio Azul. “Para mim é meio que um intensivão, eu tinha que pesquisar conforme ia descobrindo os nomes do elenco. Estou voltando depois de muito tempo, então é como um recomeço, mas de um jeito diferenciado.”
E o sonho de atuar em português, valeu a pena? “Tem sido incrível! Mas também é um desafio. Na minha cabeça eu precisava me controlar para pausar antes de soltar algum cacoete em inglês, um ‘you know?’ (risos). Mas o Emiliano deixou todo mundo muito tranquilo, e aí é que eu consigo fazer o meu melhor trabalho, sem pressão. Na novela a gente gravava 19 ou 20 cenas por dia. Aqui, tinha mais tempo para fazer tudo direitinho”, ressalta Rodrigo Ternevoy.
Para o ator, não há a menor vergonha em admitir que vir para o Brasil é como passar um pano na carreira construída na Irlanda. “Ninguém me conhece aqui, mas as portas já estão se abrindo. Esse é o primeiro degrau de uma caminhada longa. Aqui, eu percebo que o mercado é maior, mas muito competitivo também. Preciso estar sempre estudando. Por exemplo, tive que puxar um sotaque carioca para o filme, então fui fazer fono. É o tipo de caminhada que nunca cessa.”
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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