MÚSICA

Guns N' Roses faz show no Rock in Rio

Reprodução/Multishow

Rock in Rio 2022

Rock in Rio: Guns N´ Roses não usou playback no festival, mas deveria

Voz vacilante de Axl Rose foi o ponto baixo de uma apresentação que durou quase 3h; recurso vocal é 'condenado' por puristas, mas cada vez mais comum na música pop

Luccas Oliveira
Luccas Oliveira

É um debate recorrente no Rock in Rio: vale usar playback? Ou não? Enquanto a música pop avança para caminhos cada vez mais eletrônicos, é natural que o recurso seja adotado por mais artistas, especialmente os headliners de festivais. Os puristas, porém, condenam.

Geralmente, o público contrário ao playback é composto por aqueles que estão em casa, vendo e julgando pela TV. E isto é fundamental para o debate, afinal, uma voz isolada é muito mais notada à distância do que no calor do momento.

Artistas como Post Malone e Justin Bieber, headliners do Rock in Rio no último sábado e domingo, respectivamente, foram diminuídos nas redes sociais por fazerem uso de playback. A questão é que artistas pop, na maioria das vezes, gravam diversas camadas de vozes para um mesmo verso, o que seria impossível de se replicar ao vivo.

Sem backing vocals, mesmo uma harmonia vocal simples pode ser prejudicada se não existir um acompanhamento “artificial” —muitas vezes, gravado ao vivo pelo próprio cantor. Foi o que Bieber e Post Malone fizeram no Rock in Rio, e tantos outros astros fazem.

Tamanha naturalidade, eles nem disfarçam, como faziam Britney Spears, Backstreet Boys e outros no passado. São mais dobras vocais do que exatamente compensações por falta de qualidade.

Enquanto isso, o show que o Guns N´ Roses fez na madrugada de quinta para sexta-feira, no Rock in Rio, é um exemplo contrário. Se o vocalista Axl Rose não quer usar backing vocals de carne e osso —mesmo com o orçamento favorável para isso—, deveria começar a aceitar mais o playback.

O show durou 2h40 e provavelmente será o maior deste Rock in Rio. O Guns N´ Roses agradou aos fãs com clássicos, solos intermináveis de Slash, o carisma do baixista Duff McKagan… A performance de Axl Rose, porém, foi o ponto baixo. Mal adaptado à idade, o frontman de 60 anos não entende que deveria mudar o show de sua banda para fazer jus à própria história —dele e do Guns. No meio da performance, muitos já tinham ido embora.

Axl não consegue entregar agudos de outrora, e faz tempo. Isso já tinha ficado claro em 2017, na última passagem da banda pelo festival. Hits como Welcome to the Jungle, agora, reforçaram ainda mais a situação. Ao mesmo tempo, em canções que exigem vocais mais graves, como Double Talkin’ Jive, o vocalista funciona bem.

Ou seja: é possível fazer um show longo, porém menos penoso tanto para o público quanto para Axl Rose. No Rock in Rio, com toda a expectativa que envolve o festival, não foi isso que eles fizeram.

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QUEM FEZ
Luccas Oliveira

Luccas Oliveira

Luccas Oliveira é editor de música na Tangerina e assina a coluna Na Grade, um guia sobre os principais shows e festivais que acontecem pelo país. Ex-jornal O Globo, fuçador do rock ao sertanejo e pai de gatos, trocou o Rio por São Paulo para curtir o fervo da noite paulistana.

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