Julian Lennon: A difícil relação do filho de John com o hit Hey Jude

Hey Jude, uma das célebres canções dos Beatles, foi composta por Paul McCartney como uma forma de acarinhar Cynthia Powell (1939-2015), que estava se separando de John Lennon (1940-1980), e também o filho deles, Julian Lennon, ainda criança na época.

Por mais que a música fosse uma demonstração de carinho por parte de Paul, em solidariedade àquele momento de dor de todos os envolvidos, Julian, hoje com 60 anos, passou a vida mantendo uma difícil relação com a canção, como ele relembrou em uma recente entrevista à revista Esquire.

“No começo, era Hey Jules, mas não ficou bem ritmado. Hey Jude foi uma interpretação melhor. Paul escreveu para consolar mamãe e também para me consolar. É um sentimento lindo, não há dúvida sobre isso, e estou muito grato –mas também fiquei louco por causa disso”, contou Julian Lennon à publicação.

“Adoro o fato de ele ter escrito uma música sobre mim e para mamãe, mas dependendo de que lado da cama a pessoa acordou e de onde você a ouve, pode ser uma coisa boa ou um pouco frustrante. Mas, no fundo do meu coração, não há uma palavra ruim que eu possa dizer sobre isso”, completou ele.

Também cantor e compositor, Julian Lennon ressaltou como músicas fazem as pessoas voltarem no tempo e para antigos lugares. Isso acontece com ele quando o assunto é Hey Jude. Para Julian, é estranho observar que o público, às vezes, ache fofo citar a canção para ele, mas que não perceba que há muita dor por trás do que aconteceu.

“Cada vez que você cita isso, me lembra da minha mãe sendo separada de meu pai, do amor que foi perdido, do fato de que raramente vi meu pai novamente. Eu o vi talvez algumas vezes antes de ele morrer. Muitas pessoas não entendem o quão intenso, quão emocional e quão pessoal isso é. Não é apenas um ‘recupere-se, sacuda a poeira e seja feliz’. Há uma dor emocional profunda. Posso comemorar isso, mas também é algo que sempre será obscuro para mim”, diz Julian Lennon.

O casamento de Cynthia e John Lennon chegou ao fim em 1968, afetado por drogas, ciúme e uma possível traição do ex-Beatle com a artista plástica Yoko Ono. Depois da separação, John iniciou um relacionamento com Yoko, com quem teve também um filho, Sean Lennon –que, assim como o meio-irmão Julian Lennon, seguiu carreira na música.