Com repertório matador, Maria Rita faz do Rock in Rio roda de samba

Vestida de vermelho vibrante, Maria Rita e o Rock in Rio deram samba logo de cara. A primeira música escolhida pela cantora para o palco Sunset foi Sorriso Aberto, gravada por Jovelina Pérola Negra em 1988.

Bola pra Frente e Num Corpo Só, do repertório da própria Maria, seguiram o pagode. Cara Valente, com o refrão chiclete “Ele não é de nada”, acabou virando grito contra Jair Bolsonaro. “Ele não!”, berrava o público enquanto o telão dizia “Democracia”. Os gritos por Lula deram lugar à contemplação espiritual de Reza, canção lançada pela filha de Elis Regina (1945-1982) em 2018.

Clássico de João Nogueira, O Rei Mandou trouxe o show de Maria Rita de volta ao samba. “Cada um com a sua fé”, cantava ela contra a intolerância religiosa. Apesar de o público ter sido consideravelmente menor que o do show do Gilsons, o engajamento surpreendeu. Também, pudera. Maria Rita veio ao Rock in Rio com um repertório matador.

A sequência Canto das Três Raças (Clara Nunes), O Bêbado e a Equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc) e O Show Tem que Continuar (Grupo Revelação) fez até o mais cansado levantar para cantar e sambar.

O clima de roda de samba com feijoada foi seguido por Lucidez e Eu e Você Sempre, ambas de Jorge Aragão, que participou do show do Gilsons.

No palco, Maria Rita contou que mudou o roteiro do show quando entendeu que Gilberto Gil era o grande homenageado do palco Sunset em 2022. Cantou, então, Ladeira da Preguiça, canção de Gil que Maria gravou no disco Redescobrir (2012).

De volta ao script original, Maria Rita seguiu com a sua Tá Perdoado. Para concluir o pagode no capricho, com gostinho de carnaval, veio Samba de Arerê, do Revelação, e É, de Gonzaguinha.

“A gente quer viver uma nação, a gente quer é ser um cidadão”, cantou Maria Rita, com gosto, antes de encerrar o show com o hino Vou Festejar, eternizado por Beth Carvalho. Maria Rita levou um samba do mais alto nível para o Rock in Rio. E, aos prantos, sai do festival mais consagrada do que já era.

Vai ser uma trabalheira e tanto para o norte-americano CeeLo Green, que fecha o palco Sunset logo mais.