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Diva pop gravou um disco de rock durante as sessões de Daydream, em 1995, mas foi impedida pela gravadora de lançar; agora, ele virá ao mundo
Sinônimo de diva pop, a cantora e compositora Mariah Carey vai surgir roqueira a qualquer momento. A artista revelou em entrevista recente à revista Rolling Stone que encontrou as gravações de um álbum secreto feito em 1995. As fitas estavam perdidas desde então.
Agora, Mariah Carey quer lançar oficialmente o material, que tem fortes inspirações na onda grunge do início da década de 1990, quando Nirvana, Hole, Soundgarden e Pearl Jam faziam a cabeça dos jovens. O disco foi batizado de Someone’s Ugly Daughter —”a filha feia de alguém”, em tradução livre.
O álbum chegou a ser lançado em 1995, mas numa versão na qual os vocais foram gravados por Clarissa Dane, amiga da diva pop. Ele saiu sob o nome da banda Chick e não está disponível nas plataformas de streaming. Apenas duas músicas podem ser encontradas no YouTube, gravadas por Clarissa: Demented e Malibu.
Agora que encontrou a versão original, com seus vocais, Mariah Carey pretende lançá-la. Junto com o disco perdido, a cantora prepara um projeto misterioso “criado ao redor” daquelas canções e com a participação de outro artista.
A composição de Someone’s Ugly Daughter aconteceu enquanto Mariah gravava o álbum Daydream, que também saiu em 1995. A norte-americana, então com 26 anos, gravou as vozes do disco de rock alternativo, mas foi avisada pela gravadora Columbia que ele não poderia ser lançado daquele jeito. A preocupação na época era que aquelas músicas mais pesadas prejudicassem a imagem e a carreira próspera da estrela.
Ela, então, pediu para a amiga Clarissa Dane regravar os vocais principais e participou apenas com as vozes de apoio, sem receber os créditos por isso. A história já tinha sido contada num livro de memórias publicado em 2020, mas só agora Mariah Carey encontrou as fitas.
“Eu aproveitava que estava lá [no estúdio] para gravar. Depois das sessões, por que não? A energia estava ali. E nós estávamos trabalhando durante, sei lá, 15 ou 16 horas, revirando tudo minuciosamente. Então, nós fizemos esse outro disco, ao mesmo tempo. Eu escrevia as letras, ia lá e cantava”, relatou à Rolling Stone.
Mariah Carey seguiu: “[A gravadora] Tinha medo porque o conteúdo das letras não era o que o público esperava. Eu honestamente queria soltar o disco sob algum pseudônimo e deixar que descobrissem que era eu, mas essa ideia foi pisoteada e esmagada. Então, Clarissa veio. Havia um monte de grandes discos que estavam nesse gênero, esse momento grunge… E, claro, tinha Courtney Love na era Hole e tudo aquilo. Eu até fiz a arte da capa! Era uma barata morta e um batom”.
Capa original de Someone's Ugly Daughter foi criada pela própria Mariah Carey
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No contexto da gravação de Someone’s Ugly Daughter ainda tinha o casamento conturbado da diva pop com Tommy Mottola, então presidente da gravadora Sony Music, com quem Mariah Carey esteve entre 1993 e 1998. Para ela, então, aquelas músicas pesadas eram mais do que uma brincadeira.
“Eu não tinha liberdade naquela época”, afirmou. “[O disco] era minha liberdade. Eu dirigia com a minha assistente por Nova York, abria o capô e gritava as letras dessas músicas que ninguém mais conhecia. Foi meu alívio, e era divertido. Depois, eu percebia que não, que era eu gritando. Aquilo era literalmente o que eu estava passando.”
Mariah Carey não revelou quando exatamente vai lançar sua versão de Someone’s Ugly Daughter, mas deve ser em breve.
Luccas Oliveira
Luccas Oliveira é editor de música na Tangerina e assina a coluna Na Grade, um guia sobre os principais shows e festivais que acontecem pelo país. Ex-jornal O Globo, fuçador do rock ao sertanejo e pai de gatos, trocou o Rio por São Paulo para curtir o fervo da noite paulistana.
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