Divulgação/CASPER_SEJERSEN
'O mais importante é saber que de alguma forma inspirei conversas entre amigos próximos', diz o músico inglês, que prepara o primeiro disco solo
Conhecido como vocalista e baixista do trio indie The xx, Oliver Sim está tendo um caso fora do casamento. Ao menos é assim que ele descreve a produção de seu primeiro álbum solo, Hideous Bastard, que chega às plataformas de streaming em 9 de setembro.
“Estou vivendo isso para poder ser um amante musical melhor”, brinca o britânico em entrevista exclusiva à Tangerina. “A banda [The xx] é onde está meu coração. É a minha casa e sempre estará no topo das minha prioridades.”
Segundo Oliver Sim, a ideia de driblar as inseguranças e produzir um disco fora do grupo foi baseada, inclusive, numa experiência prévia do amigo Jamie xx. Eles formam o The xx com a vocalista e guitarrista Romy Madley Croft.
“Quando Jamie fez seu álbum solo [o incensado In Colour, de 2015], ele aprendeu muito. Trouxe muitas ideias e maneiras de trabalhar que fizeram o The xx muito melhor. Acho que foi aí que eu e Romy entendemos que talvez fosse algo que devêssemos fazer pela banda”, conta ele.
Aliás, é o próprio Jamie xx quem assina a produção musical de Hideous Bastard, o disco solo de Oliver Sim. O álbum foi antecipado por quatro singles, Hideous, Romance with a Memory, GMT e Fruit.
Primeiro a ser lançado, em maio, Hideous também foi, de longe, o mais comentado. Oliver Sim usou a música para anunciar publicamente que vive com HIV. “Honestidade radical/ Pode me libertar/ Se isso me deixa horrível/ Estive vivendo com HIV/ Desde os 17/ Eu sou horrível?”, canta no encerramento da música.
“Ser honesto numa composição é muito, muito mais fácil do que ser honesto numa conversa”, explica ele. “Quando eu faço uma música, eu não preciso estar na sala quando alguém a escuta, não tenho que ouvir o que elas têm para falar. Não preciso fazer contato visual.”
Assista ao clipe de Hideous
Música foi o primeiro single do disco solo de Oliver Sim
Junto com a canção e o clipe que a acompanha, o músico de 33 anos publicou um comunicado nas redes sociais falando mais sobre a questão. “Ao ter uma ideia do que era o disco, percebi que estava circulando em torno de uma das coisas que mais me causou medo e vergonha. Meu ‘status’ de HIV”, escreveu à época.
Três meses depois, ele parece estar em paz com a decisão de se abrir com o mundo. Oliver Sim conta, inclusive, que até quatro anos atrás era impossível conseguir conversar com outras pessoas sobre o assunto.
“A música definitivamente tem sido terapêutica e importante para mim, mas o mais importante é saber que de alguma forma inspirei conversas entre amigos próximos”, afirma.
“Eu não recomendo que as pessoas compartilhem informações pessoais com milhares de pessoas, isso não é normal. Não façam isso. Mas converse com pessoas com as quais você se sente seguro, porque isso me ajudou muito. Mas eu não sou um produto final, ainda tenho vergonha e medo. Só que isso não está mais pesado quanto era antes.”
Luccas Oliveira
Luccas Oliveira é editor de música na Tangerina e assina a coluna Na Grade, um guia sobre os principais shows e festivais que acontecem pelo país. Ex-jornal O Globo, fuçador do rock ao sertanejo e pai de gatos, trocou o Rio por São Paulo para curtir o fervo da noite paulistana.
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