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Show com L7nnon, MC Hariel, MC Carol e Cidinho e Doca provou que ritmos populares não precisam de caretices para estarem no festival
O funk e o trap finalmente foram protagonistas no palco Sunset do Rock in Rio. O produtor e hitmaker Papatinho abriu a programação do festival neste sábado (3), com público muito superior ao da véspera. E fez a Cidade do Rock tremer com seus beats acompanhados pelas vozes de L7nnon, MC Hariel, MC Carol e da clássica dupla de funk Cidinho & Doca.
Na última edição, em 2019, tanto o funk quanto o segmento mais jovem do hip hop precisaram ser vendidos com a roupa chique de uma orquestra —com os espetáculos Funk Orquestra e Hip Hop Hurricane, respectivamente. Uma saída que, na prática, ficou mais careta do que representativa.
Agora, com os ritmos sendo protagonistas nas redes sociais, especialmente o TikTok, o Rock in Rio finalmente se rendeu. Se o rap é realidade nos maiores festivais do mundo, mesmo em suas versões mais explícitas, não há motivo para os festivais brasileiros não seguirem o mesmo caminho.
Cidinho e Doca no Rock in Rio
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O show deste sábado até teve a presença de um naipe de cordas orquestral, centrado nos violinos. Mas ele foi apenas um complemento de luxo. Quem liderou mesmo o show foram os beats consagrados de Papatinho e os versos dos MCs convidados por ele, alguns dos melhores do Brasil.
Com alguns minutos de atraso, Papatinho surgiu no palco se declarando emocionado por ver o rap e o funk no Rock in Rio. Criado na Tijuca e morador do Recreio dos Bandeirantes, bairro vizinho do festival, o produtor sonhou e trabalhou para este dia ser possível.
O medley de abertura, com vozes pré-gravadas e balé de passinho, teve Que Rabão (faixa do disco Versions of Me, de Anitta), Onda Diferente (“meu padrinho Snoop Dogg”, exaltou Papatinho) e Medley da Gaiola, no qual o produtor fez questão de creditar o colega de profissão Rennan da Penha.
Com o público devidamente aquecido, a clássica dupla Cidinho & Doca surgiu de surpresa no palco para apresentar hinos clássicos do funk, como Eu Só Quero É Ser Feliz, Rap do Silva e Rap das Armas.
L7nnon no palco Sunset
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Fenômeno do trap, L7nnon então surgiu para o baile engatar de vez. Freio da Blazer e HB20 mostraram que os sucessos do TikTok se provam na vida real. Depois, o paulistano MC Hariel, uma das melhores vozes do pop jovem brasileiro atual, entrou para aquecer ainda mais a tarde, com hits como Tem Café, My World, Lei do Retorno e outras.
O show seguiu como numa balada frenética repleta de hits. Papatinho e os convidados não deixavam o público —já enorme na reta final— respirar, e até uma versão de Vanessa da Matta fez o palco Sunset cantar Ai Ai Ai.
MC Hariel provou que tem uma das melhores vozes do rap e do funk, atualmente
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A última convidada foi a desbocada e poderosa MC Carol de Niterói, que esbanjou empoderamento com Faixa Rosa (“Tu acha que eu sou gorda? Minha conta bancária é obesa”), Meu Namorado É Mó Otário e No Ar Condicionado (“Tirou a minha calcinha e meteu o pau gelado”).
Se é para levar o funk e o trap para um festival, que seja assim. Para fechar com chave de ouro, L7nnon botou todo mundo para replicar a coreografia do megahit Desenrola, Bate, Joga de Ladin.
MC Carol
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O Rock in Rio segue neste sábado com Post Malone, Alok, Marshmello, Jason Derulo, Criolo, Racionais e muito mais.
Luccas Oliveira
Luccas Oliveira é editor de música na Tangerina e assina a coluna Na Grade, um guia sobre os principais shows e festivais que acontecem pelo país. Ex-jornal O Globo, fuçador do rock ao sertanejo e pai de gatos, trocou o Rio por São Paulo para curtir o fervo da noite paulistana.
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