(Foto: Reprodução/Tv Globo)
Vivían Seixas, fruto do casamento do cantor com Kika, conta histórias do pai e como alcoolismo prejudicou o artista
A série Raul Seixas: Eu Sou, que está entre os conteúdos mais consumidos do Globoplay na última semana, voltou a levantar discussões sobre a vida, a obra e também a morte do lendário roqueiro. O Maluco Beleza morreu aos 44 anos, em 21 de agosto de 1989. Ele estava sozinho e não tinha bens em seu nome. A produção no streaming mostra como a dependência química do álcool impactou a carreira e as relações do artista.
Vivían Seixas, atualmente com 44 anos e DJ, é a filha caçula de Raul Seixas. Ela e a mãe, Kika Seixas, são as responsáveis por administrar a obra do cantor, mas tudo com anuência das duas meias-irmãs –Simone, de 55 anos, e Scarlet, de 49– que moram nos Estados Unidos.
Além de gerenciar a herança musical deixada pelo pai, Vivi e Sylvio Passos, amigo pessoal de Raul e também retratado na série Globoplay, se dedicam a preservar a memória do roqueiro, tentando desmistificar boatos relacionados ao artista.
Muita gente acredita que o cantor e compositor morreu “pobre abandonado” ou que sua ex-companheira, Kika, o “deixou morrer sozinho”. Se você assistiu a Raul Seixas: Eu Sou e ficou curioso para entender alguns detalhes da vida do astro além dos palcos, a Tangerina te conta mais neste texto, com base em relatos de familiares, amigos e livros publicados sobre o Maluco Beleza.
Raul Seixas teve cinco casamentos. O primeiro foi com a americana Edith Wisner, entre 1967 e 1974. Juntos, eles tiveram a primogênita de Raul, Simone, em 1970. Em 1974, Raul conheceu Gloria Vaquer, com quem se casou naquele mesmo ano. Em 1976, nasceu Scarlet Vaquer Rainbow Seixas. Ela voltou para os Estados Unidos com a filha e o casamento acabou.
Raul Seixas e a filha caçula, Vivían
(Foto: Arquivo pessoal)
A terceira filha de Raul foi Vivían, do casamento com Kika. Ele e a produtora foram casados entre 1979 e 1984. O cantor também casou-se com Tânia Menna Barreto e Lena Coutinho. Lena foi a última mulher do artista, mas também não estava mais junto com ele no ano de sua morte.
Em entrevista concedida ao SaladaCast em agosto de 2024, Vivi diz que a mãe e até mesmo ela já foram injustamente atacadas por terem “abandonado” Raul. A filha do cantor tinha apenas oito anos quando ele morreu. Sylvio Passos, que também participou do programa, ressaltou que “não há culpados nessa história”, enfatizando que a família inteira adoece quando há um problema de alcoolismo.
Raul Seixas enfrentava uma grave dependência química, que o acompanhava desde a infância. Apesar das inúmeras tentativas de internação por parte da família, o músico dava sempre um jeito de sair das clínicas e não se mantinha no tratamento contra o vício em álcool. Kika se dedicava à carreira dele, mas Raul priorizava a bebida.
Vivi conta que um mês antes de o pai morrer esteve em São Paulo com a mãe para visitá-lo. Os três foram tomar café da manhã em uma padaria. “O meu pai pediu um chopp. Ele gostava de tomar vodka com Fanta laranja de manhã, mas minha mãe falou ‘a Vivi tá aqui, pega leve’ e aí ele pediu o chopp. Eu vi ele bebendo e chorei”, relembrou a herdeira, que ouviu como resposta de Raul: “O papai sabe o que tá fazendo”. Na entrevista, a filha diz: “Então, ele escolheu isso”.
Conforme um trecho lido por Vivían no podcast, Kika relatou em sua biografia que “a cada internação os diagnósticos se tornavam piores”. Ele já havia “retirado parte do pâncreas, tinha diabetes, hipertensão”, e a continuidade do consumo de álcool tornava seu quadro extremamente preocupante.
Assista ao trecho da entrevista ao podcast:
Dois dias depois do lançamento de seu 15º disco, A Panela do Diabo, Raul Seixas foi encontrado morto sobre sua cama, no apartamento onde morava em São Paulo. Ele morreu aos 44 anos, em 21 de agosto de 1989. Alcoólatra e diabético, não havia tomado insulina na véspera. Oficialmente, morreu de parada cardíaca após uma pancreatite fulminante.
Apesar de ser um dos maiores nomes da música brasileira, o inventário de Raul Seixas, concluído em 1992, revelou que ele não possuía imóveis em seu nome. Em sua conta poupança, havia apenas cerca de 300 cruzados novos, o que daria menos de R$ 600. Uma carta de Eugênia Seixas, mãe do artista, adicionada ao inventário, expressava a solidão do filho: “Ele (Raul Seixas) sofreu muito de solidão. Mesmo amando, não se entendia com ninguém. No fim, lamentou ter perdido a família. Qual delas? Ele não dizia.”
Os direitos autorais sobre as músicas de Raul Seixas foram divididos entre suas três herdeiras: Simone, Scarlet e Vivian. As irmãs Simone e Scarlet vivem nos Estados Unidos. A administração do lucrativo patrimônio musical é feita principalmente por Vivían, a única herdeira a residir no Brasil, em parceria com sua mãe, Kika Seixas. Apesar de Kika estar separada do cantor desde 1984, foi ela a responsável pelo inventário.
Vivi Seixas enfatizou, em entrevista recente à Veja, que Raul deixou uma herança que vai além da música, sendo “um provocador, um questionador, um artista que não tinha medo de ser quem era”.
Sua obra continua viva e seu legado só cresceu após sua morte, com a filha atuando ativamente para gerenciar e preservar a memória do pai. Com 324 composições registradas no Ecad, Raul mantém sua força nas rádios e no streaming. No Spotify, tem 2,5 milhões de ouvintes. Só Metamorfose Ambulante acumula 115 milhões de reproduções.
Vinícius Andrade
Jornalista e colaborador da Tangerina. Vinícius Andrade já foi editor do Notícias da TV e tem especialização em SEO. Interessado por tudo o que envolve mercado de entretenimento, tem mais de 13 anos de experiência na área e também trabalha com jornalismo local. E-mail: vinicius@tangerina.news
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