MÚSICA

Aparelhagem de navio no espaço Nave

Divulgação/Nave

DIVERSIDADE

Nave do Rock in Rio 2022 abre espaço para diferentes amazônias

Ambiente inaugurado em 2019 volta para o Rock in Rio com proposta de representar a diversidade cultural de região que vai muito além da floresta

Luciano Guaraldo

Lançada na edição de 2019 do Rock in Rio como uma ponte entre presente e futuro, a Nave volta para o maior festival do mundo no mês que vem com uma proposta diferente. Em 2022, o ambiente imersivo abre espaço para a Amazônia contemporânea. Ou melhor, para as várias amazônias que muitos brasileiros desconhecem.

“A visão que o povo tem da Amazônia é muito idílica, são aquelas imagens de drone da floresta vista de cima. Sim, essa riqueza do bioma também faz parte da gente, mas não é só isso. São as pessoas que estão aqui dentro”, explica a paraense Roberta Carvalho, diretora artística da Nave, à Tangerina. “A proposta da Nave é justamente fazer com que essa quantidade de artistas esteja presente, mostrando seu trabalho e suas maneiras de se mover nesse mundo da arte.”

Artista visual e multimídia, Roberta teve a missão de ecoar as vozes de quem faz arte na Amazônia, jogando luz e potencializando a forte cultura contemporânea da região. Foram mais de dois anos no desenvolvimento do projeto. E o maior desafio, sem dúvida, foi conseguir contemplar todas as amazônias que existem dentro de uma. “Temos de carregar várias amazônias, um território gigantesco, com muita gente espalhada, muitas diferenças dentro da própria região.”

Espaço Nave terá tela 360 para projeções

Espaço Nave terá tela 360 para projeções

Divulgação/Nave

Desenvolvida em uma parceria do Rock in Rio com a Natura, a Nave pretende que a Amazônia contemporânea seja representada com toda a sua diversidade e em corpo, pessoa e sentimento. Para isso, são dezenas de artistas envolvidos e contemplados, das projeções que tomarão a tela 360° do espaço à aparelhagem criada pelo mestre João do Som, que simula um barco no qual DJs tocarão hits diversos.

Sim, porque no Rock in Rio a Nave precisa ter música. Muita música! A cantora e compositora Aíla é a diretora musical do projeto e, assim como Roberta, encarou o desafio de representar os vários estilos da Amazônia na trilha do espaço imersivo. Claro que gêneros como tecnobrega e calypso marcarão presença, mas outros sons menos conhecidos também tocarão por lá.

“Eu sou do Pará, um Estado que se destacou musicalmente para o resto do país de 2012 para cá. Tivemos Gaby Amarantos, Dona Onete, Felipe Cordeiro, eu mesma, foram muitos trabalhos que conquistaram este espaço. Mas fazer um trabalho de direção musical e curadoria que abrace toda a Amazônia foi muito interessante”, admite ela à reportagem.

“Pude sair em busca de Estados para além daquele de onde eu vim. O Amapá é um Estado com que sempre dialoguei, entendo bem o marabaixo, o batuque, que vão estar presente na Nave também. Mas fui me aprofundar no Mato Grosso, entender quem são as mestras da cultura tradicional ali, como a Dona Domingas, que toca e dança siriri, cururu. Entender sobre a música indígena do Acre, ver que Roraima e Rondônia têm uma cena muito forte de música indígena, poesia e rap”, lembra Aíla.

Aíla e Roberta Carvalho estão por trás da Nave

Aíla e Roberta Carvalho estão por trás da Nave

Divulgação/Nave

Os estilos musicais diversos vão ser representados tanto nas apresentações virtuais projetadas nas telas quanto nas performances presenciais ao vivo. E dá-lhe variedade! “Passa por rap da Amazônia, carimbó, calipso, tecnobrega, brega, guitarrada, ritmos que vão do tradicional até o atual”, lista ela. “Queremos mostrar que a Amazônia é pop, é diversa, que ela dita essa música contemporânea também e faz parte de um Brasil que muitas vezes a gente não tem interesse de pesquisar, de ouvir e entender.”

A própria Aíla se surpreendeu enquanto fazia sua “lição de casa” para montar a trilha da nave. “Eu acho que é muito interessante ser daqui e entender o quanto eu posso descobrir ainda mais sobre a região amazônica. Porque na verdade não é uma, são muitas amazônias. É uma diversidade incrível”, finaliza a cantora.

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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