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Um guia completo que te ajudará a escolher entre as três plataformas de streaming de música mais pesquisadas pelos usuários
Serviços sob demanda já fazem parte de nosso cotidiano. Dados divulgados em dezembro passado pela Associação Brasileira de Música Independente (ABMI) apontam um crescimento de 7% no número de usuários de streaming de música, no Brasil, durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19. São aproximadamente 60 milhões de pessoas, entre usuários pagos e aqueles que utilizam as versões gratuitas dos aplicativos.
Este “boom” é alimentado pela crescente quantidade (e variedade) de serviços de streaming de música disponíveis no mercado. Se há alguns anos a escolha era fácil, hoje usuários mais criteriosos podem testar dezenas de plataformas, antes de optar por uma assinatura. Aqui na Tangerina, já analisamos onze dessas plataformas para ajudar diferentes usuários a encontrar aquela que melhor atenda às suas necessidades.
A ideia, agora, é oferecer um guia mais aprofundado de algumas das mais conhecidas e utilizadas pelo público brasileiro: Spotify, Deezer e YouTube Music.
Conteúdo, experiência do usuário, qualidade de áudio e custo-benefício são os aspectos-chave considerados em nossa avaliação. Vem ver!
Em números, Deezer e Spotify têm um catálogo bastante semelhante. Segundo informações disponibilizadas pelas próprias plataformas, ambas ultrapassam 70 milhões de músicas, playlists, podcasts e canais de rádio disponíveis aos usuários. O YouTube Music não divulga os números de seu catálogo, mas, de todo modo, eles não diriam muito sobre o verdadeiro potencial da plataforma, já que provavelmente ficariam restritos aos dados oficiais, referentes aos contratos firmados com as gravadoras.
A infinidade de opções disponibilizadas pelos próprios usuários é algo que não pode ser ignorado: são centenas de milhares de conteúdos não oficiais, que incluem performances ao vivo, covers, reviews, entrevistas, remixes e mashups, disponíveis somente no YouTube Music. Além disso, o conteúdo audiovisual da plataforma é difícil de superar, já que o aplicativo é integrado ao próprio YouTube, líder em seu segmento.
Experimentação com reggae de Paul McCartney, a música Simple as That está disponível somente em versão demo na maioria das plataformas de streaming, mas sua versão final pode ser encontrada no YouTube Music
Reprodução
Mas isso não significa que a batalha esteja ganha. Se você é fã de podcasts, o Spotify é a melhor opção entre as aqui analisadas, já que, além de disponibilizar opções também encontradas em outros serviços, reúne ainda uma série de conteúdos originais de excelente qualidade.
Aos que buscam conteúdo personalizado, o Spotify é o serviço com a maior variedade de playlists customizadas. Existem os Daily Mixes, compilados de músicas dos diferentes gêneros ouvidos pelo usuário, e o Caminho Diário, que mescla suas músicas favoritas e notícias fresquinhas, direto da seção de podcasts.
As Descobertas da Semana são repletas de sugestões baseadas em seus hábitos de consumo de conteúdo, enquanto o Radar de Novidades atualiza os novos lançamentos. E esses são só alguns exemplos.
Com músicas que marcaram seu ano, a Máquina do Tempo é mais um exemplo de playlists personalizadas do Spotify
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Talvez você esteja pensando: “Mas assim fica difícil pra Deezer.”
Não necessariamente. “Antigamente, o Spotify tinha mais subgêneros das músicas [em comparação à concorrente], mas hoje em dia a Deezer já corrigiu isso e você consegue encontrar músicas pelos subgêneros e não somente pelos gêneros”, afirma Rafael Ribeiro, 26 anos, usuário do streaming de música.
Para quem curte ouvir rádio, pela Deezer é possível sintonizar dezenas de estações e acompanhar de onde estiver. A plataforma também oferece conteúdos personalizados muito interessantes, como a playlist Flow, uma ferramenta que se utiliza de inteligência artificial para montar um mix infinito de sugestões que mesclam músicas favoritas e novas descobertas, baseando-se em seu humor.
Para cada humor, uma sugestão adequada: com poucos cliques é possível alternar entre “festa”, “foco”, “na bad”, “relax”, “treino” e “você e eu ♥”, na playlist Flow
E há quem prefira. Mariana Sampaio, 25, considera a Flow muito mais coerente que as playlists do Spotify: “É muito difícil aparecer algo que eu pense ‘nossa, nada a ver’, enquanto no Spotify aparecia muita coisa aleatória, que eu nem escuto, e isso me incomodava muito”, conta. “Uma coisa muito boa da Deezer é que se eu favorito uma música e escuto uma vez, ela já baixa automaticamente e eu consigo ouvir a qualquer momento”, acrescenta, sobre mais uma vantagem da plataforma.
A Deezer ainda conta com um catálogo bem completo de podcasts, alguns dos quais originais, entre outros conteúdos exclusivos, como a Deezer Sessions (EPs ao vivo de artistas consagrados), o Midnight Mixtape (playlists montadas por artistas convidados) e a Deezer By (sugestões de álbuns assinadas por grandes nomes da música).
YouTube Music!
Além das razões já pontuadas acima, o YouTube Music tem se aproximado de seus concorrentes no que se refere a personalizações, oferecendo mixtapes customizadas e retrospectivas anuais. A plataforma só fica para trás quando o assunto é podcast.
Todas as plataformas são bastante intuitivas, mas quando se pensa em design de interface, o Spotify sai na frente. A plataforma é muito bonita, sendo notável o cuidado estético em todos os aspectos, da listagem de seções às capas das playlists, além de contar com elementos muito bem estruturados, o que contribui para uma navegação descomplicada.
Na comparação entre as três, algo tão simples como o peso das fontes demonstra sua importância: enquanto Spotify e YouTube Music usam grandes títulos, em destaque, a Deezer é mais cautelosa, recorrendo a títulos menores. Isso não exatamente atrapalha, mas considerando o excesso de elementos que encontramos em um app de streaming de música, o entendimento da estrutura do aplicativo pode não ser tão imediato, demandando um pouco mais de atenção do usuário.
Fonte usada para títulos no YouTube Music
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Fonte usada para títulos no Spotify
Fonte usada para títulos na Deezer, menor do que a dos concorrentes
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Por outro lado, a Deezer é a única das três plataformas a disponibilizar a função SongCatcher. Assim como o já conhecido Shazam, basta ativá-la e o aplicativo descobrirá para você aquela música até então desconhecida, que chamou sua atenção em determinado ambiente.
Testamos e aprovamos a função SongCatcher, da Deezer
O timer, ou temporizador de sono, está presente nos três serviços. Sobre a exibição da letra durante a reprodução das músicas, tanto Spotify como Deezer possibilitam o acompanhamento simultâneo de cada trecho, como um modo karaokê, além de permitir a visualização completa do conteúdo. Entretanto, a sincronização deixa um pouco a desejar em ambos os serviços. O YouTube Music perde por simplesmente exibir toda a letra como um texto corrido.
Exibição de letras nas plataformas Spotify, Deezer e YouTube Music, respectivamente
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Embora funcione com o Google Assistente, o streaming de música do YouTube não tem integração com dispositivos Amazon Echo, uma funcionalidade cada vez mais procurada por usuários da famosa Alexa. Spotify e Deezer podem ser integrados normalmente.
O controle remoto, por sua vez, está em fase experimental na Deezer, sujeita a erros, e ainda não foi implementado pelo YouTube Music. A funcionalidade já está disponível no Spotify há bastante tempo.
Por fim, ao analisarmos o aspecto social de cada plataforma, Spotify e Deezer empatam mais uma vez ao permitir que os usuários criem playlists colaborativas. Nas versões para desktop, é possível ainda acompanhar o que os amigos estão ouvindo.
Muitos chegam a assinar uma das plataformas, ainda que já contem com outro serviço de streaming de música, tamanha a importância do social. É o caso de Luanna Albuquerque, 24, que assina a Apple Music pela qualidade do som, mas no dia a dia prefere o Spotify: “Eu não consigo fazer playlists compartilhadas [na Apple Music], é uma coisa que eu gosto bastante. O Spotify é mais democrático, mais pessoas usam, e eu consigo compartilhar músicas com mais facilidade.”
Caique Pereira, 22, tem a mesma sensação: “É até um aspecto que fica um pouco por baixo dos panos, porque é tão natural essa questão do compartilhamento, da interação. Já trabalhei em lugares onde cada um fala uma música, coloca na playlist e ela fica rodando no ambiente, isso é muito legal”. Ele ainda menciona o aguardado Spotify Wrapped, a retrospectiva anual do Spotify, sempre amplamente compartilhada nas redes sociais.
Para Rafael Ribeiro, a versão mobile da Deezer nada deixa a desejar em relação ao Spotify. Entretanto, “a maior diferença está na versão desktop, o Spotify sempre conseguiu fazer isso melhor”, opina. Ele salienta, porém, que a plataforma já melhorou bastante em relação ao que era, há alguns anos.
Página inicial da versão desktop, da Deezer
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O YouTube Music também está disponível para desktop e funciona bem para streaming de música. Entretanto, para conteúdo audiovisual, a melhor alternativa é acessar o próprio YouTube, já que os vídeos perdem qualidade na versão desktop do Music.
Spotify!
Mas a Deezer chegou perto, vale ressaltar. A qualidade do aplicativo quanto à usabilidade e experiência do usuário é elogiável.
A compactação de áudio para transmissão via streaming normalmente leva à perda de parte dos dados contidos nos arquivos originais, impactando a qualidade de reprodução das músicas disponibilizadas. Felizmente, já existem tecnologias capazes de reduzir essas perdas ou preservar por completo os dados originais. É o chamado audio lossless.
Entre as plataformas aqui analisadas, a Deezer se destaca por ser a única a atualmente ofertar um plano com reprodução de alta fidelidade, a Deezer HiFi. A tecnologia foi anunciada pelo Spotify no início de 2021, com promessa de lançamento para o fim do mesmo ano. Entretanto, a novidade parece ter sido adiada indefinidamente, já que, em resposta aos questionamentos dos usuários, a empresa informou que está animada para oferecer uma experiência HiFi para usuários premium “no futuro”.
Atualmente, o Spotify conta com reprodução de “altíssima qualidade” (aproximadamente 320 kbit/s), enquanto o YouTube Music disponibiliza opção de “alta qualidade” (limite de 256 kbit/s).
Deezer!
A diferença entre um áudio de alta ou altíssima qualidade e uma versão lossless pode não ser perceptível para alguns usuários. Certamente é, porém, aos ouvintes mais exigentes, especialmente àqueles diretamente envolvidos com o universo da música, como é o caso de instrumentistas e engenheiros de som.
Atualmente, o Spotify é a plataforma com mais opções de planos. O individual está disponível por R$ 19,90 ao mês. O plano família, destinado a até seis membros que residam no mesmo endereço, tem mensalidade de R$ 34,90. Para casais que moram juntos, o plano duo é um meio termo, com duas contas por R$ 24,90 ao mês. Ainda é possível testar a plataforma gratuitamente, por 30 dias.
A Deezer, por sua vez, não oferece período de teste gratuito. Em vez disso, novos assinantes garantem o valor promocional de apenas R$ 0,90, durante os dois primeiros meses. A partir de então, as mensalidades são de R$ 19,90, se você optar pela Deezer Premium, ou R$ 34,90, caso queira garantir a Deezer HiFi. Seu plano família suporta até seis contas, por R$ 34,90 mensais.
Descontos variados ou períodos de utilização gratuita ainda estão disponíveis a clientes TIM, Mercado Livre, Itaú e Globoplay, parceiros da plataforma.
Os entrevistados Rafael Ribeiro e Mariana Sampaio começaram a usar a Deezer graças à oferta disponível para clientes TIM
Reprodução
Um pouco mais caro que seus concorrentes, o plano individual do YouTube Music sai por R$ 21,90 ao mês. Já o plano família custa R$ 31,90 mensais, disponível para até cinco contas. Também é possível testá-lo gratuitamente, por 30 dias.
Todos os serviços oferecem descontos em planos anuais e para universitários. No Spotify, a assinatura para estudantes sai por R$ 9,90/mês. O valor é o mesmo na Deezer, mas a oferta é restrita a jovens entre 18 e 25 anos. No YouTube Music, universitários garantem sua assinatura por R$ 12,90 mensais.
Você escolhe!
A gente explicou o custo, mas o benefício pode variar, a depender das suas necessidades. Então, fica a seu critério 😉
As três plataformas oferecem versões gratuitas, mas com limitações. No Spotify, as músicas podem ser reproduzidas somente em modo aleatório e há limite de pulos: até seis por hora. Além disso, o usuário lida com anúncios recorrentes e o Spotify Radio não está disponível.
Quanto ao YouTube Music, a impossibilidade de rodar o app em segundo plano é a maior restrição, assim como acontece com o próprio YouTube. Também não é possível baixar músicas para ouvir offline e anúncios publicitários são reproduzidos nos intervalos entre as músicas.
A versão gratuita da Deezer é a mais flexível: permite pulos ilimitados em algumas playlists daily e em uma seleção personalizada de playlists editoriais. As top músicas de cada artista podem ser reproduzidas em modo aleatório, mas canções individuais, selecionadas diretamente da página do artista, tocarão somente uma prévia de 30 segundos. A opção offline está indisponível e, como nas concorrentes, anúncios também serão exibidos na plataforma. Estações de rádio podem ser sintonizadas normalmente.
Laysa Leal
Laysa Leal é comunicadora com especialização em audiovisual. Música, cinema e fotografia são suas grandes paixões. Mineira em São Paulo, foi conquistada pelos shows e festivais da capital paulista.
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