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Emicida, Jão e WC No Beat também ajudaram a esquentar o sábado de Lollapalooza; sem Rihanna, A$AP Rocky fez show morno
Se o retorno do Lollapalooza Brasil, na sexta (25), foi traumático, o segundo dia da edição 2022 do festival funcionou perfeitamente. Sem chuvas, o autódromo de Interlagos recebeu um público de 103 mil pessoas, pouco maior do que o da véspera, e entregou tudo o que se espera de um Lollapalooza.
Podemos falar de artistas brasileiros que brilham num grande festival (WC no Beat, Emicida, MC Tha e Jão), de gringos que aproveitam o público fiel (A Day To Remember, Remi Wolf), astros da música eletrônica (Alok e DJ Marky)… Mas nada vai superar o que fez Miley Cyrus no palco Budweiser, fechando o sábado. A cantora fez o show esperado de um grande headliner —diferentemente do Strokes na véspera.
Veja os melhores shows do segundo dia de Lollapalooza:
Anitta cantou Boys Don't Cry com Miley Cyru durante o show da americana no Lollapalooza Brasil 2022
Reprodução/Multishow
Miley Cyrus garantiu o show histórico que o Lollapalooza 2022 pedia. Até tivemos (e teremos) grandes apresentações, mas dificilmente algum outro vai juntar um público tão numeroso com uma performance tão certeira. A americana revelada por séries teen dos estúdios Disney cresceu, apareceu e fez valer o posto de primeira cantora pop a ser headliner do Lollapalooza Brasil.
Num repertório bem curto, porém direto e bem montado, Miley chamou Anitta ao palco (para uma rápida Boys Don’t Cry), homenageou o grande amigo Taylor Hawkins, morto ontem, e agradou aos fãs das mais diversas fases de sua carreira.
Com um show mais roqueiro, como pedia seu disco, Miley pode ser escalada para qualquer grande festival de rock. Hoje foi a prova que ela e o festival precisavam para fazer história em 2022. Destaques para The Climb, Party in The U.S.A., We Can’t Stop e Wrecking Ball.
Emicida teve o espaço que merecia no Lollapalooza
Camila Cara/Lollapalooza
Emicida fez o Lollapalooza cantar Belchior (em AmarElo), versar sobre racismo, desigualdade social, orgulho e xingar o presidente. O show do rapper paulistano começou já à noite, com um público quilométrico, e teve o espaço que merecia. Afinal, Emicida já é há anos um dos artistas mais importantes do país, para além de sua música. Mas parte do público poderia reconhecer melhor a performance forte do músico, que trouxe uma banda de maioria feminina e participações especiais dos amigos Rael, Drik Barbosa e Majur. A turma do gargarejo —maioria de fãs de Miley Cyrus—, engajou menos do que o show merecia.
Jão levou um polvo inflável gigante ao palco do Lollapalooza 2022
Camila Cara/Lollapalooza
O show de Jão é uma grande mistura de um tanto de coisas que dá certo. O músico nascido no interior de São Paulo emula muitos elementos do sertanejo pop de hoje, como refrães fáceis e letras de rápida identificação. Mas também tem um tanto do sucesso do Imagine Dragons, de coros para embalar o público e bateria marcada. É uma fórmula inteligente, que funcionou muito bem na estreia de Jão no Lollapalooza. O público excedeu qualquer expectativa, tanto em termos numéricos quanto de recepção —apesar do forte calor. Jão levou um polvo inflável gigante ao palco Onix. Imitou o celebrado Tiny Desk Concert do espanhol C Tangana ao montar uma mesa de jantar no palco, com músicos de sua banda. Até subiu na mesa. E fez um desnecessário cover de Cazuza, com O Tempo Não Para. Tudo muito performático e pop, na medida que o festival pedia neste sábado. O repertório do disco Pirata, e a turnê que o promove, já levaram Jão a um novo patamar na música brasileira. Este show foi a grande prova.
WC No Beat levantou o público do Lollapalooza Brasil 2022 com seus funks
Divulgação/Lollapalooza
WC no Beat começou o show já colocando a galera para suar. Não teve como ficar parado. Trapfunk, rap e rave funk. O artista e produtor passou pelo novo hit de Luisa Sonza, Sentadona, e Galopa, de Pedro Sampaio. Das canções autorais, o artista fez um mashup com Meu Mundo e Menage a Trois, ambas presentes no elogiado disco 18K. Felp 22 e MC Kevin O Chris foram as parcerias mais ovacionadas pelo público. O funkeiro tocou os hits Ela É do Tipo, Romance Proibido e Vamos Para a Gaiola. PK deixou o clima do show mais romântico com Barcelona, canção em parceira com L7NNON, que subiu no palco do Jack Harlow na sexta (25). O público deu uma dispersada com a entrada do grupo de rap, Haikaiss. O funk pareceu ser a maior fome no show de WC.
Sem Rihanna, A$AP Rocky atrasou e teve que se virar pra encaixar o setlist
Camila Cara/Divulgação
A$AP Rocky atrasou mais de 10 minutos para o subir o palco, mas, quando o artista entrou em cena, esquentou o Autódromo. A$AP fez uma boa sequência com Praise The Lord, Fucking Problems e Sundress, que manteve o público interessado. Mas o show teve muitos momentos de pausa, sem interações interessantes com o público. As projeções mixadas com imagens ao vivo deram um charme para a apresentação do artista. Em um momento, ele se enrolou com a bandeira do Brasil e o público usou a deixa pra puxar um coro de “fora Bolsonaro”. O atraso de A$AP fez com que ele se “virasse nos 30”, para poder tocar outros hits do setlist. Mas, conforme o show caminhava para o final, o público dispersou rapidamente. Quem ficou, ganhou uma garrafa de água grátis do namorado de Riri.
Silva contou com participação especial de Criolo para cantar a parceria Soprou
Camila Cara/Lollapalooza
Silva quase conseguiu fazer um grande show no Lollapalooza 2022. O cantor capixaba levou uma banda afiada e completa, teve a participação surpresa de Criolo, cantou Beija Eu de Marisa Monte, a parceria dele com Anitta, Fica Tudo Bem… Mas a apresentação não engatou. Quente mesmo, só o Autódromo de Interlagos. Não teve um grande coro, um momento inesquecível. Aquele clima good vibes, mãozinha para cima, mas só.
Luccas Oliveira
Luccas Oliveira é editor de música na Tangerina e assina a coluna Na Grade, um guia sobre os principais shows e festivais que acontecem pelo país. Ex-jornal O Globo, fuçador do rock ao sertanejo e pai de gatos, trocou o Rio por São Paulo para curtir o fervo da noite paulistana.
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