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Com Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto, grupo nega rótulo de 'banda cover' e prepara disco de inéditas para lançar ainda em 2022
Uma das mais relevantes bandas do rock nacional, Titãs completa 40 anos de estrada em 2022. Entre as homenagens, o grupo ganha um documentário exclusivo na série Bios. Vidas que Marcaram a Sua. Produzido pela National Geographic, o filme de 90 minutos estreia no catálogo do Star+ na próxima sexta-feira (29).
No documentário, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto —os três músicos remanescentes da formação original— e a apresentadora Sarah Oliveira relembram a trajetória dos Titãs, enquanto revisitam lugares e materiais importantes para a carreira da banda. Ao longo das quatro décadas de estrada, estima-se que o grupo tenha vendido cerca de 6,5 milhões de discos.
Um dos principais destaques do filme, porém, é a participação de ex-integrantes dos Titãs, em especial os cantores e compositores Nando Reis, Arnaldo Antunes e Paulo Miklos, e os bateristas Charles Gavin e André Jung.
Em sua formação clássica, o Titãs contou com oito integrantes: Branco Mello, Sérgio Britto, Tony Bellotto, Nando Reis, Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Charles Gavin e Marcelo Fromer (1961-2001). Seja com a banda ou com projetos solo, os artistas foram fundamentais para o desenvolvimento da personalidade do rock brasileiro.
Antunes foi o primeiro a sair, no fim de 1992. O mais recente foi Miklos, em julho de 2016. Nesse intervalo, a banda lidou tanto com o sucesso comercial quanto com despedidas —a mais sofrida, dizem eles, foi a do guitarrista Fromer, morto aos 39 anos, atropelado por um motociclista em São Paulo.
Mesmo com menos da metade dos integrantes originais, os Titãs seguem na ativa, rodando o Brasil. Recentemente, inclusive, lançaram o single Caos, composição inédita de Rita Lee, Roberto de Carvalho e Beto Lee —o último é guitarrista da atual formação do grupo. A canção estará num disco de inéditas previsto para sair nos próximos meses.
Assista ao clipe de Caos, inédita do Titãs
Música foi composta por Rita Lee, Roberto de Carvalho e Beto Lee para a banda
“Não teria como ser a mesma coisa, mesmo que os oito tivessem ficado”, opinou Britto, em entrevista à Tangerina. “É um exercício ilusório achar que seria.”
O vocalista e tecladista seguiu com sua visão: “As pessoas acham que as coisas têm que permanecer como eram para serem verdadeiras, autênticas. Mas, às vezes, não. Às vezes, é se transformando que elas ganham mais autenticidade, relevância, vigor. É por isso que podemos ser três aqui, mas representarmos muito bem a história dessa banda que tem 40 anos e teve várias formações.”
O guitarrista Tony Bellotto fez coro ao amigo, mas admitiu que cada saída é sentida. “A cada membro que sai, ou quando o Marcelo morreu, que foi a maior das nossas tragédias, a gente sempre tem a impressão de que talvez tudo acabe. Que talvez seja a peça que faltava para a coisa ruir”, afirmou ele.
E o que faz o pulso seguir pulsando, como cantam na faixa O Pulso, de 1989? “Acontece uma coisa que não é racional, não é objetiva. Pinta um instinto de sobrevivência e a gente fala: ‘Vamos seguir’. É uma força que a banda tem. Uma entidade coletiva que se sobrepõe às individualidades”, explica o guitarrista.
Assista ao trailer do documentário do Titãs
Filme é da série Bios. Vidas que Marcaram a Sua
“É uma coisa que surpreende até a nós mesmos”, segue o baixista e vocalista Branco Mello. “Mas ficamos abertos às novidades. Quanto tem mudança, também vem coisa boa, novidade, novos desafios. Existe uma renovação a partir da mudança, por mais radical que ela seja.”
Com novo disco à vista, Britto afasta o rótulo de “banda cover” da atual formação dos Titãs: “A gente mantém esse repertório vivo fazendo shows todo fim de semana. Não só o repertório, como a maneira de interpretá-lo. É diferente do que uma banda cover faria, a gente faz de outra maneira, com mais propriedade”.
Luccas Oliveira
Luccas Oliveira é editor de música na Tangerina e assina a coluna Na Grade, um guia sobre os principais shows e festivais que acontecem pelo país. Ex-jornal O Globo, fuçador do rock ao sertanejo e pai de gatos, trocou o Rio por São Paulo para curtir o fervo da noite paulistana.
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