Lollapalooza Brasil capricha nos headliners, mas desfalca ‘meiuca’

O line-up do Lollapalooza Brasil 2023 está, finalmente, entre nós. Desde que as atrações foram anunciadas, na manhã desta terça-feira (11), nomes como Blink-182, Billie Eilish, Drake e Melanie Martinez não saem dos assuntos mais comentados do Twitter.

De fato, este foi um dos line-ups mais impactantes que o Lollapalooza Brasil já apresentou em suas dez edições paulistanas. Ao menos em termos de headliners, os nomes grandes do cartaz. Blink-182 e Billie Eilish, por exemplo, nunca se apresentaram no país. E são artistas de enorme apelo em seus nichos —o pop punk e o pop, respectivamente.

Drake, por sua vez, veio para o Rock in Rio em 2019, mas não passou por São Paulo, a maior cidade do país. Ele é, sem dúvidas, um dos cantores mais populares do mundo, com um público diverso que vai além dos fãs de rap.

E podemos seguir com aplausos ao “trio de baixo”. O rapper Lil Nas X, um mestre da cultura pop, é outro estreante aguardado no país. A catalã Rosalía veio há pouco, em agosto, para apresentação única numa casa limitada a 8 mil pessoas. Saiu fazendo história, um dos melhores shows de 2022, e merece cantar para uma multidão ainda maior.

Por último, o australiano Tame Impala, expoente do rock psicodélico e garantia de som de qualidade, não vem ao país que o abraça tão bem há seis anos. Em 2016, a banda liderada por Kevin Parker se apresentou exatamente no Lollapalooza Brasil. Estava na hora de voltar.

No entanto, quando comparamos o line-up de 2023 com o de outras edições, uma sensação ficou meio que de fora. Aquela de descer os olhos pelo cartaz e se surpreender a cada linha com uma atração. A “meiuca” tão tradicional do Lolla ficou desfalcada, provavelmente em detrimento da grana investida nos maiores nomes. Logo o festival que mais educou —vamos dizer assim— seu público a chegar cedo para conhecer as mais diferentes bandas e artistas em ascensão.

‘Meiuca’ de 2020 seria mais forte

Kali Uchis, The 1975, 100 Gecs, Jamie XX, Omar Apollo, Yungblud, Modest Mouse, Tove Lo, Aurora e Melanie Martinez são nomes para lá de interessantes, claro. Mas, em 2020, o Lolla que nunca aconteceu (por conta da pandemia) teria nomes como Vampire Weekend, Cage the Elephant, James Blake, Brockhampton, Charli XCX, Kacey Musgraves, City and Colour, Kali Uchis, Jaden Smith, Idles, Yungblud e Masego da terceira linha para baixo. Melhor, né? Os de 2018 e 2019 também foram.

Para 2023, entraram mais nomes grandes nacionais do que antes, o que pode vir a ser benéfico para esta edição em termos de clima. Falo de Ludmilla, Pitty, Os Paralamas do Sucesso, L7nnon, Filipe Ret, Pedro Sampaio, Anavitória… Artistas que o povo vai colar e cantar junto, mas que já estão sempre por aqui.

Fica a impressão de que o novato Primavera Sound, que estreia agora em novembro no Brasil, acabou levando para si nomes que poderiam estar nessa meiuca do Lollapalooza Brasil. Nomes como Beach House, Interpol, Charli XCX, Father John Misty, Mitski, Phoebe Bridgers, Caroline Polachek, Jessie Ware, Japanese Breakfast… Enfim, artistas que têm “a cara do Lolla”, mas que acertaram com a concorrência.

Não há dúvidas de que, com os headliners grandiosos que vai trazer, o Lollapalooza Brasil 2023 será inesquecível. Mas, para mim, ele terá uma experiência “menos Lolla” do que poderia ter.