De Elis Regina a quadradinho: Os grandes momentos do show de Rosalía

A estreia de Rosalía no Brasil não só cumpriu como superou as maiores expectativas. A popstar catalã dominou as 8 mil pessoas presentes no Espaço Unimed, em São Paulo, desde que subiu ao palco ao som de motores de motocicletas para cantar Saoko.

Na plateia, estrelas —Ludmilla, Pabllo Vittar, Duda Beat, Majur, Marina Sena e muito mais— e anônimos se esbaldaram como se não fosse uma segunda-feira (22).

A performance conseguiu passar a impressão de ser grandiosa mesmo sem uma grande produção audiovisual. A enorme musicalidade e a teatralidade de Rosalía e de seu balé de oito motopapis —entre eles, o brasileiro Eddy Soares—, bastaram.

Apenas um fundo branco ornava o palco, enquanto um videomaker seguia de pertinho tudo o que estava acontecendo por ali e transmitia no telão. Ele era, também, uma grande atração.

“Eu vou voltar ao Brasil logo, se Deus quiser”, prometeu Rosalía, num português bem ensaiado, já na reta final do show de cerca de 2 horas. Será preciso mesmo, já que a estreia deixou o famoso gosto de “quero mais” entre os felizardos que conseguiram ir, além de tantos outros que ficaram de fora.

Abaixo, a Tangerina lista os grandes momentos do show.

Ode à Elis Regina e ao pão de queijo

Com uma guitarra na mão, antes de cantar Dolerme, Rosalía falou sobre sua relação com a música brasileira. Ela cantou trechos de Águas de Março e Você Vai Ver, dois hinos da bossa nova compostos por Tom Jobim e eternizados por Elis Regina e João Gilberto, respectivamente.

“Brasil é, também, amores. Elis Regina… Ela é uma inspiração para mim. Eu lembro de Águas de Março, eu já cantava ela em Barcelona, e é uma das minhas canções favoritas”, contou, para delírio do público.

Em outro momento, Rosalía falou sobre sua nova paixão: pão de queijo. “Eu comi uma bandeja inteira. Me dá muita energia”, revelou.

Dançarinos se tornam paparazzi e moto

A performance dos oito bailarinos é essencial para o show da Motomami World Tour. Sem banda no palco, são eles que dividem as atenções e ressaltam a força cênica de Rosalía. Da entrada com capacetes luminosos ao momento em que alguns se tornam paparazzi com câmeras, na canção La Fama.

Depois, em Motomami, eles se unem numa espécie de Megazord humano para formar uma moto, que é montada pela cantora. Um show à parte.

Rosalía chora no palco

Como era de se esperar diante da expectativa pela estreia, foi também um show de fortes emoções. Rosalía ajudou a revitalizar o flamenco, uma expressão artística por si só dramática. Diante do calor da recepção brasileira, ela foi às lágrimas mais de uma vez, mas ficou especialmente evidente enquanto cantava De Plata, flamenco presente em seu álbum de estreia, Los Ángeles (2017).

Em Hentai, também uma música emotiva, o público mostrou que está com o espanhol em dia, quando Rosalía abriu o microfone para os fãs. Para quebrar o gelo, no fim do número, ela olhou para câmera e disse, em bom português, “abafa!”.

Quadradinho e ‘L’ de bailarino

Os momentos de gargalhadas, porém, superaram os de lágrimas. Rosalía mostrou no palco que aprendeu a dançar o quadradinho, rebolado eternizado pelo funk brasileiro, chamou uma multidão de VIPs para festejar com ela em Yo x Ti, Tú x Mí e no novo hit Despechá.

No fim, o motopapi brasileiro Eddy Soares ainda aproveitou o momento que o videomaker focou a câmera nele para fazer um “L” com a mão. Ao longo da noite, gritos por Lula e contra Bolsonaro foram ouvidos diversas vezes, mas Rosalía não chegou a engajar no papo político.