(Foto: Divulgação/AEW)
Enquanto Roman Reigns representa a perfeição do entretenimento coreografado, o ex-WWE encarna o caos real
Roman Reigns teve a melhor década da sua carreira. Transformou-se de promessa desacreditada em um dos maiores nomes da história da WWE, com uma run dominante e recordes que poucos conseguiram alcançar. Sua presença se tornou sinônimo de espetáculo global, elevando a marca e o entretenimento esportivo a outro patamar. Mas, enquanto ele construiu um império sob a estrutura de um sistema, Jon Moxley trilhou o caminho oposto — e é justamente por isso que ele se tornou o verdadeiro símbolo da luta livre moderna.
Ao deixar a WWE em 2019, Jon Moxley abandonou o conforto, a segurança e a visibilidade do maior palco do mundo. Em troca, ganhou liberdade. Longe das narrativas controladas e das personagens ensaiadas, ele pôde ser ele mesmo — brutal, imprevisível e humano. Dentro da AEW, o astro se tornou mais do que um campeão: virou o reflexo do que a luta livre sempre foi na sua essência, um espetáculo movido pela paixão e pela autenticidade.
De 2020 pra cá, o ex-Dean Ambrose construiu uma trajetória impressionante. Ganhou o título mundial da AEW, o cinturão dos Estados Unidos da IWGP e o da GCW. Em 2024, entrou para a história ao vencer o IWGP World Heavyweight Championship, tornando-se o primeiro lutador a conquistar os principais títulos mundiais da WWE, AEW e NJPW. A façanha foi batizada de Global Grand Slam Champion — um feito inédito que sintetiza sua versatilidade e credibilidade em diferentes estilos e culturas do wrestling.
Enquanto Roman representa a perfeição do entretenimento coreografado, Jon Moxley encarna o caos real. Ele sangra, improvisa, e justamente por isso é impossível não acreditar nele. Cada golpe seu tem peso emocional. Cada rivalidade carrega um senso de verdade que faz o público sentir que está vendo algo mais do que um show — está vendo um homem vivendo o que acredita ser luta livre.
A AEW encontrou nele seu pilar silencioso. Mesmo sem cinturão, Jon Moxley é o centro gravitacional da empresa. Ele não precisa ser “o rosto” oficial; basta estar no card para atrair atenção. Sua nova história com Darby Allin mostra o quanto a luta livre pode ser plural. Dois estilos completamente distintos coexistindo, elevando um ao outro e provando que o pro wrestling pode ser técnico, dramático, artístico e brutal ao mesmo tempo.
Jon Moxley é o espírito da luta livre porque nunca deixou que o espetáculo engolisse o significado. Ele representa o lutador que luta pelo que acredita, não pelo que o roteiro manda. Em um mundo cada vez mais controlado por algoritmos, contratos e agendas corporativas, ele é o último bastião da autenticidade — e, por isso mesmo, o rosto mais verdadeiro que o wrestling poderia ter em 2025.
O reconhecimento veio também fora dos ringues. Jon Moxley foi eleito Wrestler of the Year pelo Wrestling Observer Newsletter em 2020 e 2022, além de ser nomeado lutador mais popular do ano pela revista Pro Wrestling Illustrated. Entre prêmios de melhor brawler, rivalidades memoráveis e o respeito unânime da crítica, ele consolidou-se como o lutador mais completo e influente da sua geração — a definição exata do que é ser o espírito da luta livre em 2025.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
Ver mais conteúdos de Victor CierroTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
Ainda não tem uma conta?