Gabriel Barbosa
Após lançar livro sobre o cenário no Brasil, Rachel Sheherazade indica aos leitores da Tangerina cinco obras para aprender sobre política
Em novembro, Rachel Sheherazade lançou uma versão atualizada do seu primeiro livro sobre política. O Brasil Ainda Tem Cura traz novas análises e reflexões sobre o cenário político brasileiro, sete anos após a primeira edição ter chegado às livrarias.
Símbolo do conservadorismo durante anos, a jornalista tem repensado alguns valores após a ascensão de Jair Bolsonaro ao poder. “Minha posição mais conservadora não tinha relação com a extrema-direita, com movimentos antidemocráticos e de inspiração claramente fascista. Quando percebi que grande parte dos meus seguidores comungavam dessas ideias, fiz um movimento inverso para me distanciar e me diferenciar”, explica ela, em entrevista exclusiva à Tangerina.
O livro subverte algumas ideias disseminadas em seus discursos durante anos, já que para ela os conceitos jamais podem ser gravados em pedra. “O livro é voltado ao brasileiro comum: ao trabalhador, à dona de casa, ao estudante… Àqueles que não são especialistas e que não entendem a política de forma mais profunda. São pessoas que amam nosso país e que realmente desejam entender como as coisas chegaram ao ponto que chegaram, como nos tornamos o Brasil que somos hoje”, conta. “São leitores que realmente desejam ajudar o país dentro da legalidade e da razoabilidade, mas não sabem por onde começar.”
Como Rachel Sheherazade se tornou um importante nome na disseminação de informações políticas no Brasil, a Tangerina a convidou para indicar cinco livros que ela acredita que sejam essenciais para aprender sobre política para a coluna Top 5. “Aprender sobre política é, também, aprender sobre a história do nosso país”, defende. Nada mais apropriado para começar o ano –e um novo governo– com o pé direito, não é mesmo?
Confira as escolhas da jornalista:
Livro de 1936 segue extremamente atual
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Sinopse: Publicado em 1936, Raízes do Brasil é uma interpretação original da decomposição da sociedade tradicional brasileira e da emergência de novas estruturas políticas e econômicas. Escrito originalmente como um ensaio e considerado inovador, o livro introduziu os conceitos de patrimonialismo e burocracia, explicando os novos tempos a partir de aspectos centrais da história da cultura brasileira.
De biologia a religião, obra aborda temas essenciais
Sinopse: Escrito para leitores curiosos por História, os autores apresentam, numa versão concisa, uma gama de conhecimentos relacionados a 12 temas: geografia, biologia, raça, caráter, moral, religião, economia, socialismo, governo, guerra, crescimento & decadência e progresso. “É um bom livro para entender que a única revolução real está no esclarecimento da mente”, comenta Rachel.
Eleição de Donald Trump nos EUA inspirou historiador
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Sinopse: Dias após a eleição de Donald Trump, o historiador Timothy Snyder publicou um texto no Facebook que rapidamente foi compartilhado por milhares de pessoas. Ele começava assim: “Não somos mais sábios do que os europeus que viram a democracia dar lugar ao fascismo, ao nazismo ou ao comunismo no século 20. Nossa única vantagem é poder aprender com a experiência deles”. O post, então, apresentava 20 lições tiradas do século 20 e adaptadas para o mundo de hoje –ideia que Snyder desenvolve e aprofunda no livro.
Eleição do republicano norte-americano também gerou essa obra
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Sinopse: Uma análise crua e perturbadora das ameaças às democracias em todo o mundo. Democracias tradicionais entram em colapso? Essa é a questão que Steven Levitsky e Daniel Ziblatt respondem ao discutir o modo como a eleição de Donald Trump se tornou possível. Para isso, comparam o caso de Trump com exemplos históricos de rompimento da democracia nos últimos cem anos: da ascensão de Hitler e Mussolini nos anos 1930 à atual onda populista de extrema-direita na Europa, passando pelas ditaduras militares da América Latina dos anos 1970. “Um importante alerta sobre movimentos antidemocráticos à direita e à esquerda”, comenta Sheherazade.
Karnal quebra o estereótipo do brasileiro cordial com visão mais agressiva
Sinopse: Todos Contra Todos escancara a polêmica das palavras agressivas, a natureza das reações raivosas dirigidas ao outro e o porquê de escondermos de nós mesmos as pequenas e grandes maldades do dia a dia. “Explica porque nós brasileiros não somos um povo assim tão cordial”, afirma Rachel.
Giulianna Muneratto
Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.
Ver mais conteúdos de Giulianna MunerattoTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
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