Fotos: Divulgação / Arte: Tangerina
Esqueça aquele típico "felizes para sempre"; nos filmes que apresentamos nesta lista, o mal sempre triunfa
Se a vida fosse um filme, estaria mais para os filmes de vilões, em que finais felizes são coisa rara. Mesmo que em Hollywood seja rotina um desfecho em que o vilão sempre se dá mal é rotina, né. Os bonzinhos sempre ganham.
Sabe aquela história em que o herói viaja para uma terra estranha, descobre um artefato mágico, usa-o para derrotar o vilão e retorna para casa vitorioso? Essa é uma versão bem resumida da famosa jornada do herói, uma estrutura narrativa analisada por Joseph Campbell em livros como O Herói de Mil Faces e O Poder do Mito, usada em nove de dez sucessos de bilheteria.
Mas e se o herói não vencer e, em vez disso, for esmagado pelas forças do mal? Será que isso dá uma boa história? Será que nós queremos sempre o final feliz? Na ficção, a gente quer mesmo é fugir do fato de que, na vida real, o vilão normalmente se dá bem? Ou tem espaço pra bons filmes de vilões?
Foi pensando nessas questões que O Cara da Locadora reuniu aqui sete bons exemplos de filmes em que o mal triunfa.
*Mesmo deixando claro que aqui, os vilões vencem, cuidado, spoilers a seguir!
Versão humanizada do Coringa causou polêmica
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Quem diria que um dia ficaríamos com peninha do Coringa? Pois foi o que aconteceu nesse inesperado filme de vilão, uma história de origem do arqui-inimigo do Batman que deu o Oscar de melhor ator a Joaquin Phoenix. Muita gente ficou até incomodada com isso, já que o filme humaniza um dos vilões mais terríveis dos quadrinhos, transformando-o em um tipo de representante dos oprimidos. Arthur Fleck (Phoenix) é um sujeito comum que sofre de graves problemas psicológicos. Entre eles, um distúrbio que o faz rir incontrolavelmente. Enquanto ganha a vida como palhaço, ele sonha em ser um comediante de stand-up famoso. Mas a vida vai pregando várias peças, até que ele perde totalmente a razão e se transforma no Coringa, um tipo de vingador dos injustiçados.
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Uma vitória do lado sombrio da força ao som da Marcha Imperial
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O mais dark de todos os filmes da saga Star Wars também pode ser considerado um filme de vilão. Aqui, o lado sombrio é o grande vencedor. Considerando que Uma Nova Esperança (1977) termina com a gloriosa explosão da Estrela da Morte, o Império volta com sangue nos olhos, destruindo a base Rebelde em Hoth. Lando Calrissian (Billy Dee Williams) trai seus colegas. Han Solo (Harrison Ford) é deixado congelado em carbonita e Luke Skywalker (Mark Hamill), além de perder uma das mãos, também descobre que Darth Vader (David Prowse dublado por James Earl Jones) é seu pai! É no segundo filme da trilogia original que somos apresentados ao inconfundível tema da Marcha Imperial. Quer mais trunfo do mal do que isso?
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O sistema como o vilão reprimindo o vilão que se torna o herói
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Um dos filmes mais cultuados –e polêmicos– de Stanley Kubrick não agradou o autor do livro em que se baseou, Anthony Burgess, que viu na produção uma ode à violência. Até Kubrick acabou desgostando de seu próprio filme de vilões. Mas o fato é que ele é uma das mais mordazes e marcantes sátiras à sociedade moderna onde o sistema é o grande vilão. Nela, o jovem Alex (Malcolm McDowell) é o líder de uma gangue de delinquentes tocando o terror em um futuro distópico não muito distante do nosso. Preso, ele é submetido a um “tratamento” em que faz sentir náusea a qualquer tipo de violência.
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Javier Bardem como um vilão que é como uma força da natureza
Em um diálogo do grande vencedor do Oscar em 2008, o detetive Carson Wells, vivido por Woody Harrelson, é perguntado se Anton Chigurh (Javier Bardem) é perigoso. E ele responde: “Comparado com o quê? A peste bubônica?” É uma analogia das mais precisas, pois Chigurh não é um vilão típico, que segue algum plano ou intenção maligna. Em vez disso, ele é como um desastre natural. Tão insensível e impiedoso quanto um terremoto. Mesmo deixando um rastro de corpos enquanto persegue Llewelyn Moss (Josh Brolin), um caçador que encontrou uma mala cheia de dinheiro do tráfico de drogas, ele dá uma “chance” a suas vítimas, deixando a sorte decidir seus destinos. É como diz o xerife Bell (Tommy Lee Jones) no monólogo final. Chigurh representa as forças do mundo que não podemos controlar. Forças são necessariamente malignas, mas destruidoras, que destroem tudo o que encontram pela frente.
Onde ver: Globoplay, Telecine Play e Now / Apple TV, Claro Vídeo, Google Play e Microsoft Store (para alugar)
Quando tudo acontece de acordo com o plano do serial killer
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Durante todo o longa, o diretor David Fincher joga com o espectador quase como um predador analisando sua presa. Ele constrói todo um ambiente chuvoso, sombrio e sem esperanças para nos levar até o surpreendente clímax em que, na verdade, o único que sai ganhando é o assassino. Na trama, dois detetives, o novato Mills (Brad Pitt) e o veterano Somerset (Morgan Freeman) investigam uma série de assassinatos relacionados aos sete pecados capitais. Até que o autor dos crimes se deixa revelar e dá sua cartada final.
Onde ver: HBO Max e Now / Apple TV, Google Play e Microsoft Store (para alugar)
Anthony Hopkins é a encarnação do mal que engana todo mundo no final
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Talvez o filme de vilão dos filmes de vilões. Último vencedor do Big Five do Oscar (melhor filme, diretor, roteiro, ator e atriz), o thriller policial/filme de terror dirigido por Jonathan Demme eternizou um dos personagens mais aterrorizantes do cinema: o Dr. Hannibal Lecter (interpretado de forma asombrosa por Anthony Hopkins). E olha que ele nem é o serial killer perseguido pela agente do FBI Clarice Starling (Jodie Foster), mas seu “consultor” dela para pegar o assassino Jame Gumb/Buffalo (Bill Ted Levine). Mesmo assim, ele rouba o filme e, claro, engana todo mundo –até nós– no final.
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Quem, além de Thanos, pode se gabar de ter apagado metade do universo?
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Nem os super-heróis mais poderosos do universo conseguiram parar Thanos (Josh Brolin) em Guerra Infinita, segundo filme da trilogia dos Vingadores. O vilão alcança seu objetivo passo a passo, sem pressa e sem passar por quase nenhuma dificuldade. Como se sua teoria de reconstruir um universo decadente apagando metade de sua população fosse algo inevitável. Parte de uma evolução natural das espécies. Que vilão pode se gabar de dizimar bilhões de seres vivos e sair impune?
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Rafael Argemon
Rafael Argemon é criador do perfil O Cara da Locadora no Instagram e também assina uma coluna com o mesmo nome na Tangerina, onde indica as pérolas escondidas nas plataformas de streaming. Cinéfilo e maratonador de séries profissional, passou por Estadão, R7, UOL, Time Out e Huffpost. Apaixonado por pugs, sagu e jogos do Mario.
Ver mais conteúdos de Rafael ArgemonTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
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