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Capa da coluna O Cara da Locadora com imagem da série Boneca Russa

Foto: Divulgação / Arte: Tangerina

O Cara da Locadora

Tipo Boneca Russa: 10 séries para bugar o cérebro

Viagem no tempo, realidades paralelas, alucinações, psicodelia... assim como em Boneca Russa, algumas séries nos fascinam por mais confundir que explicar

Rafael Argemon
Rafael Argemon

Substantivo masculino que vem do inglês bug, “bugado” significa falha ou erro num programa informático, dispositivo, site etc, que impede o seu funcionamento correto ou causa um mau desempenho. Ou seja, um problema no sistema que resulta em algo inesperado. Algo bem parecido com o que acontece com nossa cabeça quando nos deparamos com tramas que desafiam as leis da física, da narrativa, de nossa compreensão ou de tudo isso ao mesmo tempo.

Após uma primeira temporada espetacular em que Nadia Vulvokov (Natasha Lyonne) ficava presa em um looping temporal, a segunda temporada da série Boneca Russa –que acaba de estrear na Netflix– investe ainda mais na maluquice espaço temporal, com viagens no tempo e dualismo mente-corpo dignos de bugar o cérebro do espectador.

Inspirados pelas aventuras psicodélicas de Nadia, O Cara da Locadora selecionou algumas das mais doidas (e queridas) séries que vão bugar o seu cérebro.

Prepare-se para mais viagens por sua conta e risco!

Counterpart

Cena da série Counterpart

J. K. Simmons se divide em dois na trama de espionagem em realidades paralelas

Divulgação

É uma pena que pouca gente viu essa interessante série que mistura ficção científica com espionagem estrelada pelo competentíssimo ator J. K. Simmons (Oscar de melhor ator coadjuvante por Whiplash – Em Busca da Perfeição). Ele é tão bom que convence interpretando dois personagens totalmente diferentes, mas que com o passar do tempo descobrem que têm muito em comum. Com roteiro de Justin Marks (autor do script do novo Top Gun), a série se passa em uma Berlim de um futuro próximo que se transforma em palco de um intrincado jogo de espionagem entre duas realidades paralelas, onde cada pessoa no mundo possui um duplo.
Onde ver: Globoplay, Claro Vídeo e Now

Dark

Cena da série Dark

Viagem no tempo é apenas um dos elementos da intrincada série alemã

Divulgação

A alemã Dark surpreendeu o mundo quando estreou na Netflix em dezembro de 2017. Mesmo com uma complexa trama de viagem no tempo envolvendo uma numerosa -e muitas vezes confusa- árvore genealógica com diversos personagens, a produção se transformou em um verdadeiro fenômeno cult da plataforma. Na pequena cidade de Winden dos dias atuais, o desaparecimento de um garoto expõe os segredos e conexões ocultas entre quatro famílias locais, revelando uma sinistra conspiração que envolve até viagem no tempo. Uma trama que vai bugar o seu cérebro de maneiras que você nem imagina.
Onde ver: Netflix

Legion

Cena da série Legion

Nenhuma produção sobre super-heróis ousou mais na psicodelia que Legion

Divulgação

Nenhuma produção –de cinema ou TV– sobre super-heróis foi tão criativa até hoje quanto Legion. Baseada nos quadrinhos dos X-Men, a trama gira em torno do atormentado David Haller (Dan Stevens), um jovem diagnosticado com esquizofrenia ainda criança que está internado em uma instituição para pacientes com distúrbios mentais. Até que algo drástico acontece e ele percebe que possui poderes especiais que podem fazer dele o mutante mais poderoso do mundo. Espere muita psicodelia e uma conclusão completamente diferente de tudo que você já viu.
Onde ver: Netflix e Star+

Mr. Robot

Cena da série Mr. Robot

Malabarismos narrativos e estéticos são o grande barato da série de Sam Esmail

Divulgação

Por conta do imenso espaço de dois anos entre a terceira e a quarta (e última) temporada, muita gente pode ter perdido o interesse por Mr Robot, uma série que ganhou vários prêmios quando estreou, em 2015, mas que devido a uma segunda temporada hermética, foi caindo no esquecimento. Uma pena, porque a inventividade de seu criador, Sam Esmail, continuou a toda. Na última temporada então… seu apuro estético e inquietação narrativa são levados a extremos incríveis. Rami Malek continua ótimo como o hacker atormentado Elliot Alderson, e muitos dos mistérios que a série carregou por temporadas são revelados. Bom, mais ou menos.
Onde ver: Amazon Prime Video

Ruptura

Cena da série Ruptura, da Apple TV+

Quem diria que separar a vida pessoal do trabalho poderia ser um pesadelo?

Divulgação

Cada pedacinho desse thriller de ficção científica –desde suas atuações até o conceito da série em si– parece andar o tempo todo no fio da navalha entre o incrível e o ridículo como em uma mistura de Black Mirror com The Office. Tudo gira em torno de um conglomerado misterioso chamado Lumon. Lá, centenas de trabalhadores exercem funções estranhas que eles nem sabem para o que serve. Tudo porque, para entrar no quadro da empresa, você precisa fazer um implante no cérebro que resulta na total separação da vida pessoal e profissional. É nesse contexto que conhecemos Mark (Adam Scott), um ex-professor viúvo que topou fazer o procedimento chamado de Ruptura. Depois de anos trabalhando no mesmo departamento, ele assume a gerência de sua pequena equipe e o treinamento de uma nova funcionária rebelde.
Onde ver: AppleTV+

The Leftovers

Cena da série The Leftovers

Mistérios com pegada religiosa confundem e fascinam na série de Damon Lindelof

Divulgação

Um dos principais roteiristas de Lost, Damon Lindelof aprendeu com os erros de seu trabalho anterior. Em The Leftovers, ao invés de prometer explicar as coisas, ele simplesmente deixou o público tirar suas próprias conclusões sobre sua trama carregada de símbolos religiosos. A série se passa alguns anos depois de um evento que ficou conhecido como ‘partida repentina’, onde 2% da população mundial simplesmente desapareceu. Seria o tal arrebatamento? Lindelof não deixa isso claro. Vamos aos poucos descobrindo mais sobre esse mundo pós partida pelos olhos do policial Kevin (Justin Theroux), que acha que está ficando louco como seu pai, da traumatizada Nora (Carrie Coon) e do pastor descrente Matt (Christopher Eccleston).
Onde ver: HBO Max e Now

The Midnight Gospel

Pôster da série The Midnight Gospel

Papos profundos em podcast são transformados em animações lisérgicas

A melhor maneira de descrever The Midnight Gospel seria uma mistura de alucinógenos com Rugrats: Os Anjinhos. Os visuais e os mundos nos quais o personagem principal Clancy Gilroy visita através de seu “simulador multiverso não licenciado” são ótimos exemplos visuais de uma viagem de ácido. O mais curioso é que a animação não é bem uma ficção. Elas apenas ilustram entrevistas reais com personalidades distintas de um podcast sobre assuntos como enfrentar a morte, com Anne Lamott; meditação e iluminação aprendidas na prisão com Damien Echols, e legalização de drogas com Drew Pinsky. Papos intelectuais profundos envolvidos em um mundo incrível de fantasia. É ver pra crer.
Onde ver: Netflix

The OA

The OA

Fantasia e realidade se mesclam em uma dança multidimensional

Divulgação

Projeto de uma vida do casal Brit Marling e Zal Batmanglij, a inclassificável The OA estreou perto do Natal de 2016 como uma bomba. Sua trama estranhamente fascinante chamou a atenção de todo mundo na base da curiosidade. Nela, Prairie também chamado de OA, ou Anjo Original, é uma jovem cega que reaparece enxergando depois de quase uma década submetida a estranhos experimentos envolvendo outras dimensões. A história parece maluca? Então prepare-se para a segunda (e, infelizmente, última) temporada de bugar todos os sentidos, em que a fantasia se mescla com a realidade em uma narrativa recheada de metalinguagem.
Onde ver: Netflix

Twin Peaks

Twin Peaks - um clássico é um clássico e vice-e-versa

Clássico da TV que só poderia ter saído da mente recheada de esquisitices de David Lynch

Divulgação/Netflix

Twin Peaks é um marco da história da TV. Foi a primeira série a trazer episódios que não contam histórias fechadas, mas pedaços que servem para construir uma trama maior. E isso lá em 1990! A trama, recheada com as esquisitices de David Lynch, que escreveu a série junto com Mark Frost, traz um mistério central: quem matou a jovem Laura Palmer (Sheryl Lee)? Com o inesperado sucesso da primeira temporada, a Rede CBS esticou além da conta a segunda, para o desgosto de Lynch, que deixou o projeto inacabado. Mas em 2017, o cineasta voltou ao universo de Twin Peaks com uma terceira e última temporada produzida pela Netflix, que consegue ser melhor e ainda mais maluca que suas antecessoras. E olha que o objetivo era explicar as coisas, não bugar geral.
Onde ver: Paramount+ (1ª e 2ª temporadas) e Netflix (3ª temporada)

Undone

Cena da série The Undone

Nada é o que parece ser nesta história sobre trauma, luto e desejo

Divulgação

A série usa a técnica de animação em rotoscopia – onde atores de verdade gravam cenas que depois serão retrabalhadas como uma animação – que ficou mais conhecida em filmes como Waking Life (2001), do cineasta indie Richard Linklater. A utilização dessa técnica vem bem a calhar, pois o que Undune discute é o limite entre realidade, sonho e loucura. Aqui, a professora de jardim de infância Alma (Rosa Salazar) sofre um acidente de carro. A partir daí, ela passa a interagir com seu pai, Jacob (Bob Odenkirk, o Saul Goodman de Breaking Bad e Better Call Saul) que morreu em um acidente de carro quando ela ainda era criança. Mas Jacob diz para a filha que, diferente do que todo mundo acha, ele foi assassinado, e que ela precisa descobrir quem fez isso com ele. Ah, e tem segunda temporada chegando aí. Dia 29 de abril de 2022!
Onde ver: Amazon Prime Video

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Rafael Argemon

Rafael Argemon

Rafael Argemon é criador do perfil O Cara da Locadora no Instagram e também assina uma coluna com o mesmo nome na Tangerina, onde indica as pérolas escondidas nas plataformas de streaming. Cinéfilo e maratonador de séries profissional, passou por Estadão, R7, UOL, Time Out e Huffpost. Apaixonado por pugs, sagu e jogos do Mario.

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