Divulgação/Netflix
Série chega ao streaming nesta sexta-feira (5) depois de anos de expectativa dos fãs --e de temor de Neil Gaiman, criador das HQs
Um dos maiores sucessos da DC Comics, Sandman finalmente ganhou uma adaptação para a TV. A série baseada na obra homônima de Neil Gaiman chega à Netflix nesta sexta-feira (5). A HQ durou 75 edições (1989 a 1996) e, nos mais de 30 anos desde a sua criação, não recebeu sinal verde do próprio autor para ganhar uma série de TV ou um filme.
Gaiman contou à Total Film Magazine que o mais importante era impedir que adaptações ruins saíssem do papel. “Uma vez que a versão ruim é feita, você nunca consegue desfazer [o estrago].”
Ele citou um exemplo prático de como uma história em quadrinhos pode ser destruída nas mãos erradas: “Pode parecer bobagem, mas quando eu tinha 14 ou 15 anos, meu gibi favorito era Howard, o Pato. Steve Gerber, Gene Colan, Frank Brunner, com muita sátira, loucura, glória… Fiquei tão empolgado quando soube que George Lucas estava fazendo um filme [como produtor-executivo. E então, o longa saiu. A partir daquele momento, esse personagem se tornou uma piada de mau gosto. Nunca quis que isso acontecesse com Sandman e vi roteiros que fariam isso acontecer.”
Gaiman se referiu a Howard, o Super-Herói (1986), um dos filmes mais mal avaliados pela crítica na história, com uma aprovação de impressionantes 14% no site Rotten Tomatoes. O personagem gerou um trauma tão grande que virou piada interna do diretor James Gunn nos filmes dos Guardiões da Galáxia!
Depois de um trauma desses, dá para entender a resistência do autor em deixar sua obra ganhar uma adaptação, né? Há quem diga que sua presença no roteiro da série é uma das melhores coisas que poderia ter acontecido. Afinal, ninguém melhor do que Neil Gaiman para escrever para os personagens que ele mesmo criou.
Os direitos para a produção da série foram adquiridos ainda em 2019, depois de a Netflix assinar um contrato com a Warner Bros. Television para adaptar a obra, e as gravações foram iniciadas no final de 2020. Se você não estava no Twitter na época em que foi dado o sinal verde para a produção da série, esse hiato de um ano quase deixou os fãs loucos. A espera parece muito longa para quem é fã e fica ansioso por uma adaptação, certo? Pois fique sabendo que ela foi até curta.
Sim, vamos falar da A Seleção. A série de livros escrita por Kiera Cass completou 10 anos desde sua publicação e sua primeira promessa de adaptação. Acompanhe essa saga: ainda em 2012, a rede de TV norte-americana The CW adquiriu os direitos para adaptar a obra e chegou a encomendar um episódio piloto que não deu certo. Um ano mais tarde, ela encomendou outro piloto –alguns vídeos estão disponíveis no YouTube–, mas também não funcionou.
Isso já deveria ser um indicativo de que não daria certo, mas Hollywood não desistiu. Em 2015, a Warner Bros. Pictures pegou os direitos para cinema. Foi montado todo um time de roteiristas e produtores, incluindo nomes como Katie Lovejoy (Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre) e Pouya Shabazian (Divergente e Com Amor, Simon). A ideia foi desenvolvida e roteiros foram escritos, mas, mais uma vez, nada saiu do papel.
Cinco anos depois, em abril de 2020, a Netflix comprou os direitos para “cinema” com o mesmo time de roteiristas e já tinha definido até a diretora: Haifaa Al-Mansour assumiria o comando do longa. Tudo parecia estar dando certo, mas até hoje, dois anos depois, não se tem mais notícias sobre a adaptação. Por que isso acontece?
Sabemos que existe um roteiro pronto rodando por aí que a Netflix não parece disposta a produzir. Entre um texto ser aprovado e receber sinal verde para começar a ser gravado, existe um empecilho enorme chamado orçamento. Pode ser que o streaming nunca aprove o preço original e, no futuro, o público só ganhe uma adaptação no estilo Howard, o Super-Herói por causa de um anúncio precipitado.
Conversas sobre fazer um filme ou uma série de Sandman também circulam há anos. A primeira vez que ouvimos falar sobre o assunto foi em 2007, quando o próprio Neil Gaiman começou a comentar a possibilidade. Ele dizia que um filme de sua obra parecia estar perto de acontecer, mas que ele só permitiria caso confiasse realmente no projeto e se tivesse algum produtor apaixonado para assumir o projeto.
Ninguém mais tocou no assunto até 2013, quando o ator Joseph Gordon-Levitt (500 Dias com Ela) apareceu dizendo que iria produzir o longa juntamente com o roteirista David Goyer (Batman Begins).
Tudo parecia certo até que, três anos depois, o ator disse que estava se afastando do projeto por causa de supostas diferenças criativas. Os detalhes nunca foram divulgados, mas Gordon-Levitt sugeriu que sua visão do personagem e da HQ não eram as mesmas da New Line, que detinha os direitos da adaptação. Morria assim a tentativa de levar o clássico para o cinema. Durante quase dez anos, tudo parecia perdido, até a série finalmente ser confirmada pela Netflix.
É de se imaginar que uma superprodução como Sandman estivesse em negociação há anos e que um anúncio de série ou filme pudesse ter sido feito muito antes, mas essa demora só mostra como o autor da obra e o próprio streaming estavam agindo em prol do sucesso da produção.
Se lá atrás Neil Gaiman estava tão preocupado com o que Sandman poderia se tornar, hoje, a dois dias da estreia da série, sabemos que podemos esperar por uma das melhores adaptações já feitas para televisão ou cinema. O trailer fala por si.
A primeira temporada de Sandman terá 10 episódios e adaptará os arcos Prelúdios & Noturnos e Casa de Bonecas, que correspondem aos volumes 1 e 2 das histórias em quadrinhos. Ela vai contar como, depois de anos na prisão, Morpheus (Tom Sturridge), o rei dos Sonhos, embarca em uma jornada entre mundos para recuperar o que lhe foi roubado e restaurar seu poder.
Também estão no elenco Gwendoline Christie (Lúcifer), Jenna Coleman (Johanna Constantine), Vivienne Acheampong (Lucienne), David Thewlis (John Dee), Patton Oswalt (Matthew, o Corvo), Stephen Fry (Gilbert), Charles Dance (Roderick Burgess), Boyd Holbrook (Coríntio), Mason Alexander Park (Desejo), Kirby Howell-Baptiste (Morte) e Donna Preston (Desespero).
Beatriz Duranzi
Estudante de jornalismo na Anhembi Morumbi, Beatriz é estagiária na Tangerina. Apaixonada pelo mundo do entretenimento, ela é especialista em cuidar da vida alheia nas redes sociais.
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