A Fera: Para Idris Elba, luto conecta homem com a ‘besta’ do filme

Já em cartaz nos cinemas do Brasil, A Fera (2022) traz Idris Elba (Vingança & Castigo) como um médico que se vê obrigado a enfrentar um leão de proporções assustadoras para proteger sua família. Na trama, o animal antagonista do filme começa a perseguir humanos depois que alguns caçadores ilegais massacram a sua alcateia.

Se a jornada do leão começa após a morte de sua família, o mesmo pode-se dizer do personagem de Elba. Viúvo, o protagonista Nate decide viajar com suas duas filhas para a África do Sul com a intenção de mostrar às garotas o vilarejo no qual a mãe delas nasceu.

Na visão do astro britânico de 49 anos, apesar de estarem em lados opostos na trama, Nate e o leão acabam se conectando por causa do luto. Ambos enfrentaram perdas irreparáveis que os colocaram na situação na qual se encontram.

“Definitivamente eu acredito nesta simetria entre o homem e o leão. Eles estão conectados pelo luto, pela perda, separação, raiva e desespero. Nós nunca quisemos apenas transformar o leão em um vilão. Nós precisávamos que ele tivesse um motivo para se tornar esta besta. Esses ataques não fazem parte das características deste animal. Então, foi importante criar essa história de fundo que é muito similar à história do Nate”, explicou o ator em bate-papo com jornalistas do qual a Tangerina participou.

Segundo Elba, o trauma destas perdas cria um instinto de sobrevivência em ambos os personagens. No caso de Nate, o médico passa por cima dos medos para proteger suas filhas, enquanto o leão passa a enxergar todos os seres humanos como um “mal” a ser extinto da selva.

“A separação causada por essas perdas cria um instinto de sobrevivência muito similar entre os dois. A dor, as feridas e tudo que vem com o luto transformaram os dois nos personagens que vemos no filme. O leão não é uma besta. Ele é um animal que foi jogado nessa situação por seres humanos, então foi algo baseado na realidade. Nós não queríamos vilanizá-lo. Leões não atacam humanos. Mas, neste cenário, nós estudamos o que faria ele atacar alguém. Fizemos nossa pesquisa e desvendamos esta situação”, completou.

Leah Jeffries e Idris Elba em cena de A Fera

Divulgação/Universal Pictures

Herói fora do padrão

Diferentemente do que o público se acostumou a ver nos filmes da Marvel, A Fera introduz um tipo de herói fora do padrão. Apesar do porte físico invejável de Idris Elba, Nate é um médico da cidade grande como qualquer outro, sem qualquer experiência com animais selvagens ou a vida na selva.

De acordo com o ator, que já interpretou personagens superpoderosos tanto na Marvel quanto na DC, a ideia do diretor Baltasar Kormákur sempre foi ter um protagonista que fosse guiado apenas pelo instinto de sobrevivência. Assim como na vida real, Nate seria a pessoa menos capaz de encarar um leão gigante como o do longa.

“Meu personagem definitivamente não é um herói de ação. Ele não é uma superestrela, não carrega uma arma consigo. Ele é só um cara que se vê em uma situação extremamente perigosa, e foi isso que me chamou a atenção [no papel]”, explicou Elba.

“Para mim, não foi um papel que precisou de muita preparação. Eu nunca fui perseguido por um leão. Eu provavelmente faria as mesmas coisas que Nate, mas estava realmente empolgado para viver alguém que não tem tropas de heróis em sua volta para ajudá-lo. Nós já vemos isso em vários filmes do tipo. Nate é vulnerável, e acho que ele se encontrou nessa situação por causa de sua relação com suas filhas.”

Aos jornalistas, Idris Elba revelou que não foi a possibilidade de “sair na mão” com um leão criado por efeitos especiais que o atraiu para A Fera. De acordo com o ator, o longa mistura diversos elementos interessantes que tornam a trama muito mais do que mais um filme de “homem contra besta”.

“Há muitos ingredientes neste filme que são até um pouco contraditórios. Nós pensamos em qual filme queríamos fazer. É um filme sobre perdas, sobre um pai e suas filhas, obra de terror, sobre o meio ambiente. O desafio foi colocar todos estes ingredientes na panela. Foi algo que, para mim, o tornou mais criativo, inovou o ‘gênero’ de homem contra besta. Foi um desafio, mas isso é que me atraiu. Fazer este filme foi realmente satisfatório”, concluiu.

A Fera

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