Divulgação/Universal Pictures
No embalo da franquia Predador, ressuscitada no Star+, A Fera coloca o ator cara a cara com um animal selvagem e com sede de sangue
A Fera é o tipo de filme que, para melhor aproveitar a experiência de assisti-lo, o cenário ideal seria evitar trailers e teasers. Não porque tais publicidades entregam spoilers importantes da trama, mas sim porque o produto final é muito superior ao que as prévias sugerem.
Para começar, ver Idris Elba saindo na mão com um leão de porte físico exageradamente grande é tão surreal quanto fascinante. Em filmes de sobrevivência como as franquias Tubarão e Piranha, há poucas oportunidades de ver um embate entre a criatura vilã e o seu protagonista, mas A Fera não deixa passar estar oportunidade incrível.
Em comparação com outras produções, A Fera se assemelha mais a filmes como Predador (1987), cuja popularidade é tão grande que ganhou uma nova “ressurreição” no Star+ com o recém-lançado e bastante elogiado Prey (2022). Não porque o leão gigante seja uma besta extraterrestre, mas porque ambos os antagonistas colocam seus rivais em um jogo de gato e rato.
A trama do longa é centrada em Nate (Elba), médico viúvo que leva suas duas filhas até o coração da África para conhecer a aldeia em que sua ex-mulher nasceu. Lá, ele reencontra o velho amigo Martin (Sharlto Copley), que leva a vida cuidando da segurança dos animais selvagens da selva.
Não é necessário dizer que, em determinado momento, a viagem de família se torna o caos com a aparição de um leão com sede de sangue. Nate, Martin e as garotas se veem perseguidos por uma fera que mata tudo e todos em seu caminho. Um verdadeiro rei leão.
Cena de A Fera
Divulgação/Universal Pictures
Mais do que ser apenas um leão faminto, o monstro da vez tem outras motivações. Como em várias questões da natureza na vida real, o verdadeiro vilão desta história é o ser humano. Ao ter sua alcateia massacrada por um grupo de caçadores ilegais, a fera seleciona qualquer pessoa como o seu inimigo mortal. Para o azar de Nate e sua família, eles cruzaram o seu caminho.
Muito além de ter Idris Elba encarando o leão, A Fera é um filme de sobrevivência com coração. O protagonista idealiza a viagem para reconstruir sua relação com as filhas, que se deteriorou após o divórcio e a morte da mãe. Mesmo sendo médico, Nate nunca notou indícios do câncer da mulher, algo que jamais foi perdoado por Mare (Iyana Halley), sua primogênita.
Enquanto tenta sobreviver em ambiente hostil, a família de Nate precisa superar as barreiras emocionais para encontrar novamente o amor. O drama funciona não apenas para estabelecer algo além do jogo de gato e rato, como também ajuda a criar identificação e empatia com os personagens.
Como filme de monstro, A Fera conta com a direção certeira de Baltasar Kormákur (Vidas à Deriva). O cineasta islandês cria uma atmosfera sufocante para marcar a perseguição da família de Nate, e sua habilidade com a câmera cria a tensão necessária para deixar a audiência na ponta de suas cadeiras.
Em síntese, A Fera não reinventa a roda e soa genérico em certas passagens, mas cumpre bem a sua função de entreter. Afinal, quem descartaria a oportunidade de assistir ao absurdo de ver Idris Elba lutando contra uma besta selvagem?
A Fera
Trailer legendado
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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