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A Vizinha Perfeita, documentário da Netflix

A Vizinha Perfeita, documentário da Netflix

Documentário

Adultos precisam assistir A Vizinha Perfeita, documentário da Netflix

Documentário mostra como a intolerância pode levar a uma tragédia

Paola Zanon, jornalista da Tangerina
Paola Zanon

Lançado pela Netflix em 17 de outubro, o documentário A Vizinha Perfeita rapidamente se tornou um dos conteúdos mais vistos da plataforma no Brasil, causando um grande incômodo aos telespectadores pelo desfecho trágico causado por pura intolerância.

[Atenção: Contém spoilers de A Vizinha Perfeita a seguir]

O filme, que reuniu dois anos de gravações, mostra como uma briga entre vizinhos terminou em assassinato. Tudo começou quando Susan Lorincz se mudou para um pequeno bairro tranquilo da Flórida, mas que para ela, estava longe de ser sossegado. A senhora logo começou a fazer contínuas ligações para a polícia reclamando de crianças invadindo sua propriedade.

Ao chegarem ao local, policiais não encontraram ninguém dentro dos limites da casa de Susan, e ela também não tinha nenhuma prova, mas adicionou à denúncia que havia sido agredida pela mãe das crianças, Ajike “AJ” Owens, que morava do outro lado da rua.

Os relatos dos vizinhos, no entanto, não batiam com o dela. Todos alegaram que as crianças estavam brincando em um terreno vazio, que não fazia parte do jardim dela, e que o proprietário, inclusive, havia autorizado que os pequenos o usassem para lazer.

Já sobre a acusação de agressão, todos relataram que Ajike apenas reagiu ao fato de a mulher ter gritado e ofendido seus filhos, sem agredi-la intencionalmente. Mesmo após a polícia não ver nada de errado, as ligações com reclamações de Susan continuaram durante mais de um ano, e os relatos permaneciam os mesmos.

Até que um dia, quando AJ foi tirar satisfação com Susan sobre um pertence das crianças que ela havia “confiscado”, a mulher atirou através da porta e a matou. Ajike era mãe solo de quatro crianças —duas delas viram sua mãe sofrer o tiro. Após investigações e julgamento, Susan foi condenada por homicídio culposo.

Adultos precisam assistir A Vizinha Perfeita

O documentário mostra como a sociedade tem se tornado cada vez mais intolerante e os efeitos trágicos que isso traz. Uma mulher idosa e solitária, que claramente não gostava de crianças, não suportava o fato de elas estarem exercendo um direito: o de brincar e, consequentemente fazer barulho, dentro do horário permitido.

Susan podia apenas se mudar para um lugar com menos crianças, mas tentou, de todas as formas, usar a lei a seu favor até mesmo quando atirou em Ajike ao alegar legítima defesa, pois acreditava que sua vizinha, uma mulher negra, iria matá-la quando não havia nenhum indício disso —o que nos faz entender que a intolerância não era só com as crianças, era também com a cor delas.

A falta de diálogo escalonou ainda mais os incômodos tanto dos vizinhos, quanto de Susan, mas ela mesma se recusava a conversar com as mães, direcionando-se sempre apenas às crianças, de forma agressiva. Ao ser condenada a 25 anos de prisão por homicídio culposo, a “vizinha perfeita” colheu o resultado de algo que poderia ter sido resolvido com diálogo.

Ela, assim como muitos adultos, não soube lidar com as próprias frustrações, tampouco soube pedir ajuda para superar traumas que podem tê-la tornado alguém tão intolerante e solitária.

Ela, como adulta, deveria ter agido com maturidade e chegado a um acordo com as mães dos pequenos, mas não houve espaço para diálogo, a não ser que fosse intermediado pela polícia. No fim, as crianças estavam apenas sendo crianças —e Susan era a única pessoa incomodada.

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QUEM FEZ
Paola Zanon, jornalista da Tangerina

Paola Zanon

Jornalista formada pela Cásper Líbero, repórter e redatora com passagens pelo Notícias da TV, R7, UOL Esporte, Lakers Brasil e UmDois Esportes. Apaixonada por cobertura esportiva e cultura pop em geral. E-mail: paola@tangerina.news

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