Divulgação/Filmes de Plástico
Diretora de Selma: Uma Luta pela Liberdade e A 13ª Emenda comprou os direitos de distribuição do filme e vai colocá-lo na Netflix
Escolhido para representar o Brasil na corrida pelo Oscar de melhor filme internacional, Marte Um vai ganhar uma forcinha da cineasta Ava DuVernay na competição. A diretora indicada ao prêmio e vencedora do Emmy pelo documentário A 13ª Emenda adquiriu os direitos de distribuição do longa brasileiro nos Estados Unidos. Além dos cinemas, a obra também será disponibilizada na Netflix norte-americana em 5 de janeiro.
“Gabriel Martins criou um drama repleto de camadas emocionais em sua estreia na direção solo. A Array Releasing tem orgulho de lançar esse filme, que tem a marca de ser a primeira vez que uma escolha do Brasil para o Oscar é dirigida por um negro”, declarou à Variety Tilane Jones, presidente da distribuidora americana.
Marte Um (2022) pode quebrar um tabu que assombra o país tupiniquim há mais de duas décadas. Desde 1999, com Central do Brasil (1998), o brasileiro não torce por um título nacional na categoria de melhor filme internacional da maior premiação da indústria do cinema. Na ocasião, não apenas o longa foi indicado, como Fernanda Montenegro (A Vida Invisível) se tornou a primeira atriz latino-americana a ser lembrada na categoria de melhor atriz.
Caso Marte Um esteja entre os cinco títulos que vão disputar a estatueta dourada de melhor filme internacional do ano que vem, o longa dirigido pelo mineiro Gabriel Martins irá quebrar um tabu de 24 anos. Uma meta difícil, mas não impossível.
A pré-lista de indicados ao Oscar 2023 será anunciada em 21 de dezembro, com as indicações oficiais sendo reveladas em 24 de janeiro do ano que vem. A premiação está marcada para ocorrer em 12 de março.
A trama de Marte Um tem início logo após a vitória de Jair Bolsonaro na corrida pela presidência do país, em 2018. Na época, o Brasil já enfrentava uma grave crise econômica que afetou principalmente os mais pobres. Nesta realidade tão dura, o jovem Deivinho (Cícero Lucas), caçula da família Martins, sonha em ser astrofísico e participar de uma missão que em 2030 irá colonizar Marte.
Patriarca da família, Wellington (Carlos Francisco) é porteiro de um prédio de luxo que se orgulha de estar há quatro anos sóbrio. Carinhoso e trabalhador, ele vê no talento de Deivinho para o futebol a grande oportunidade para mudar a vida de todos. A mãe, Tércia (Rejane Faria), diarista que sofre para encontrar novos trabalhos, acredita estar sofrendo de uma maldição na qual tudo dá errado para ela.
Sem grandes astros, o filme comove pela simplicidade. A história de uma família pobre da periferia de Belo Horizonte é retratada como um conto sensível, mas triste sobre a realidade da população menos favorecida economicamente. À primeira vista, Marte Um não reinventa a roda ou quebra regras de um filme do gênero. Drama dos mais simples, o longa comove sem exageros, mostrando a evolução na jornada dos Martins dentro de sua própria e comum realidade. Para aqueles que vivem longe da bolha da classe média, ela pode ser muito mais dolorosa do que imaginam.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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