(Foto: Divulgação/Disney)
Em vez do tradicional mundo de princesas ou reinos mágicos, a animação apostou em engenharia, robótica e cultura maker
Big Hero 6 completa 11 anos nesta sexta-feira (7) e segue como um dos casos mais curiosos da história recente da Disney. O filme foi um sucesso de crítica e público, conquistou o Oscar de Melhor Animação, arrecadou mais de US$ 657 milhões (R$ 3,5 bilhões) no mundo e tem 90% de aprovação no Rotten Tomatoes. Ainda assim, ele quase nunca aparece nas listas de clássicos modernos dos estúdios e raramente é lembrado no mesmo patamar de Frozen, Divertida Mente ou Moana.
O que aconteceu com Big Hero 6 não foi fracasso. Na verdade, o longa chegou ao cinema logo depois da avalanche cultural provocada por Frozen. O impacto do hit de Elsa foi tão grande que dominou completamente a conversa sobre animações durante anos, deixando pouco espaço para qualquer outro título respirar. Big Hero 6 não perdeu relevância pela falta de qualidade, mas pela sombra de um fenômeno gigantesco.
O filme apresenta temas mais adultos do que o comum em produções infantis. A jornada de Hiro gira em torno do luto, da responsabilidade e da reconstrução emocional depois de perder o irmão. Baymax, ao contrário do que poderia parecer à primeira vista, não é apenas um alívio cômico simpático. Ele é uma personificação da cura. A relação entre Hiro e Baymax forma o coração emocional da história.
Além disso, Big Hero 6 trouxe para o centro da narrativa assuntos ligados à ciência, tecnologia e inovação. Em vez do tradicional mundo de princesas ou reinos mágicos, a animação apostou em engenharia, robótica e cultura maker. Para muitas crianças e adolescentes, foi a primeira vez que a ideia de inventar algo, testar e falhar se tornou parte da aventura.
Mesmo com personagens carismáticos como Go Go, Honey Lemon, Wasabi e Fred, o filme nunca virou uma grande franquia de cinema. A Disney expandiu o universo apenas na TV e no streaming, sem dar continuidade à história em longa-metragem. Com o passar dos anos, isso contribuiu para que Big Hero 6 não criasse o mesmo vínculo cultural que outras animações da década desenvolveram.
Reassistir ao filme hoje deixa claro que ele não perdeu força. Pelo contrário. A mensagem de encontrar apoio emocional em conexões genuínas e criar novas formas de seguir em frente é ainda mais forte em um mundo cada vez mais acelerado. Baymax segue sendo uma das criações mais marcantes da Disney moderna e a sensibilidade do roteiro continua intacta.
Big Hero 6 pode não ter marcado a cultura pop como Frozen, mas talvez isso seja justamente o que o torna especial. É uma animação que não precisa de um jingle viral ou de um marketing massivo para tocar o público. Ela fala baixo, mas fala fundo. E onze anos depois, merece ser lembrada não como coadjuvante daquela era, e sim como um clássico que sempre esteve ali para quem quis ver. O filme está disponível no Disney+. Assista abaixo ao trailer:
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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