Bonanza: Uma das principais séries da TV chegava ao fim há 50 anos

Há exatos 50 anos, em 16 de janeiro de 1973, ia ao ar nos Estados Unidos o último episódio de Bonanza (1959-1973). Um dos maiores sucessos da história da TV norte-americana, a atração marcou época e é até hoje lembrada como um dos principais títulos da vasta biblioteca da rede NBC.

Ao longo de 430 episódios divididos em 14 temporadas, o público acompanhou as aventuras da família Cartwright, importante clã de uma pequena comunidade em Nevada, nos Estados Unidos, que defendia seu rancho de bandidos e ajudava outros cidadãos em meados dos anos 1800. Criada por David Dortort (1916-2010) e Fred Hamilton (1914-1980), Bonanza é a segunda série de faroeste mais longínqua da TV –a primeira é Gunsmoke (1955-1975), que ficou no ar durante incríveis 20 temporadas.

Bonanza contava a história de Ben Cartwright (Lorne Greene) e seus três filhos, Adam (Pernell Roberts), Hoss (Dan Blocker) e Pequeno Joe (Michael Landon). Nos primeiros anos, a série era exibida pela NBC nas noites de sábado e flertou com o cancelamento por causa da baixa audiência. Entretanto, a partir da terceira temporada, a atração passou a ir ao ar aos domingos e viu sua situação mudar da água para o vinho. Além de se tornar um sucesso de audiência, a produção viu sua popularidade crescer mundo afora.

Para os padrões da época, os Cartwrights não eram uma família tradicional. O patriarca era viúvo por três vezes, com um filho de cada mulher. Nas primeiras temporadas, as diferenças de personalidade entre os herdeiros motivaram a maioria dos conflitos na trama. Quando a popularidade de Bonanza passou a crescer, os três filhos haviam resolvido a maioria de suas diferenças e a trama passou a girar em torno dos negócios de uma família inteira de homens bem integrada, bem como seus problemas com interesses de mineração e conflitos com outros ranchos.

Diferentemente de outras séries de faroeste, Bonanza se destacava por não priorizar a violência nem os embates entre heróis e vilões portando armas. Os conflitos entre os personagens eram, na grande maioria das vezes, resolvidos com diálogos e envolviam assuntos considerados contemporâneos para a época. Apesar de se tratar de uma produção “de época”, a série discutia tópicos como racismo, machismo e discriminação.

Pernell Roberts, Michael Landon, Lorne Greene e Dan Blocker formaram a família Cartwright

Divulgação/NBC

Parte destas discussões se deviam à presença de Victor Sen Yung (1915-1980), intérprete de Hop Sing, mordomo da família. Imigrante chinês, o personagem era retratado da maneira genérica (e racista) que predominava nas produções de Hollywood. Sing tinha sotaque carregado e vestia roupas da cultura chinesa, e em vários episódios era protegido pelos Cartwrights após sofrer alguma discriminação.

Bonanza também se destacou por ser uma das principais séries dos EUA a considerar o local no qual se passava a trama como um dos personagens. Na ocasião, a família Cartwright era dona do rancho Ponderosa, terreno com mais de mil acres e que era palco de vários conflitos entre os protagonistas e os antagonistas da vez.

Por sua jornada duradoura, a atração também sofreu com várias mudanças no elenco. Pernell Roberts deixou a atração durante a sexta temporada para buscar novas oportunidades como ator. Já Dan Blocker (1928-1972) morreu antes do início do 14º ano, e sua saída da série contribuiu para a queda de audiência que culminou no cancelamento de Bonanza. A produção viu parte de seu público desaparecer após sua exibição passar de domingo para as noites de terça, depois de 11 anos liderando a programação no fim de semana.

Bonanza também carrega o título de ser a primeira série a ser exibida em cores nos EUA. No Brasil, a produção era transmitida pela TV Tupi a partir de 1963 e foi uma das grandes produções norte-americanas a marcar uma geração de jovens. Intérprete do patriarca Ben, Lorne Greene (1915-1987) foi eleito pela revista TV Guide o segundo pai mais querido da televisão.