Reprodução/20th Television
Clássico seriado estrelado por Sarah Michelle Gellar comemora 25 anos de sua estreia na televisão
“A cada geração nasce uma caçadora. Sozinha ela irá lutar contra os vampiros, os demônios e as forças da escuridão. Ela é a caça-vampiros”. Esta era a frase que abria muitos dos episódios de Buffy: A Caça-Vampiros, série que completou 25 anos de sua primeira exibição na TV, em 10 de março de 1997.
A produção televisiva chegou ao fim após sete temporadas, com episódios de cerca de 40 minutos, todos disponíveis atualmente no Star+ e na Globoplay. A história continua em formato de quadrinhos atualmente mas, inicialmente, surgiu como uma expansão do universo apresentado em um filme de mesmo nome que foi lançado em 1992, mas que sequer é lembrado hoje em dia devido à opinião divergente por parte de público e crítica.
Ainda que Buffy: A Caça-Vampiros tenha sido resgatada nos últimos tempos em meio a uma grave exposição envolvendo acusações de abuso e má conduta no set —todas feitas por parte do elenco e produção, e direcionadas a Joss Whedon, criador da série— o legado da obra se estende além da controvérsia, impactando tanto as produções de sua época, quanto as da atualidade.
A série é baseada em um filme de 1992 que não fez sucesso
Reprodução/20th Century Fox
Por isso, desta vez a Tangerina lista as principais influências da série de TV estrelada por Sarah Michelle Gellar (de Segundas Intenções, Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado, Pânico 2 e os live-actions de Scooby-Doo). Confira!
Uma das características que muitas séries de TV de ficção científica dos anos 1990 possuíam era a capacidade de produzir episódios isolados, permitindo que o público acompanhasse sem se preocupar em entender ou não a história. Arquivo X, por exemplo, é referência quando o assunto é o caso da semana.
O elenco principal de Buffy era constantemente referido como "Scooby Gang", já que solucionavam mistérios e lutavam contra seres sobrenaturais
Reprodução/20th Television
Buffy continuou com esse formato, focando no “monstro da semana” (que muitas vezes eram metáforas para as situações que a protagonista enfrentava em sua vida pessoal), e ainda consolidou algo muito mais importante em sua fórmula: uma pitada de continuidade. Ainda que não tenha sido pioneira nisto, a série foi brilhantemente conduzida, levando em conta este aspecto, e em cada episódio, havia algo que mantinha uma conexão com o enredo da temporada.
Fosse um diálogo, um feito do vilão ou uma ponta solta deixada de propósito para ser explorada mais tarde, perder um capítulo de Buffy às vezes significava deixar de entender algum detalhe posteriormente. Essa característica se encontra presente em muitas outras produções, tais como Fringe (Fronteiras, no Brasil) e Doctor Who.
Buffy - Once More, with Feeling: Overture/Going Through the Motions
A heroína expressa como não consegue mais sentir-se a mesma desde os controversos acontecimentos do início da 6ª temporada
Ainda que possua alguns episódios aclamados em meio a sua diversa lista (como Hush na 4ª temporada, por exemplo), nenhum é mais referenciado até hoje do que o musical de Once More, With Feeling, na 6ª temporada. O capítulo é inteiramente cantado e dançado pelo elenco, tudo graças a um demônio que visita a cidade de Sunnydale e sua principal habilidade é fazer as pessoas expressarem seus sentimentos e desejos enquanto dançam e cantam —até morrerem de exaustão.
Ainda que não tenha sido a primeira série a dedicar um de seus episódios ao gênero musical, a montanha-russa causada por Once More, With Feeling foi tão bem-executada que, não apenas arrancou elogios e indicações a prêmios, como inspirou diversas outras séries a realizarem seus próprios musicais, entre elas: Xena: A Princesa Guerreira, Community, How I Met Your Mother, e muitas outras.
Tara (à esquerda) e Willow (direita) expandiram horizontes para a representação lésbica na TV
Reprodução/20th Television
Buffy também focou muito na relação amorosa entre duas personagens femininas, como nenhuma outra série de sua época o fez. O casal formado por Willow (vivida por Alyson Hannigan) e Tara (interpretada por Amber Benson) ganhou seu próprio espaço e foi aprofundado por meio de uma linguagem cativante e moderna.
Esta não foi a primeira vez que um casal lésbico apareceu na TV, claro, mas Willow e Tara marcam um momento importante da representação LGBTQIAP+ na cultura pop, ainda mais para a época (início dos anos 2000) e em uma rede tradicional de televisão como a Warner Bros. Television Network.
Graças a elas, temos casais tão memoráveis quanto, a começar por Brittany e Santana de Glee, Sara Lance e Ava Sharpe em DC’s Legends of Tomorrow, Madame Vastra e Jenny em Doctor Who, e Nomi e Amanita em Sense8, dentre tantas outros.
Buffy segura o lendário e misterioso mʔ, foice destinada à caçadora escolhida
Reprodução/20th Television
Shonda Rhimes, criadora de séries como Grey’s Anatomy, How to Get Away with Murder e Scandal entre tantas outras queridinhas pelo público, foi fortemente inspirada por Buffy: A Caça-Vampiros.
Em uma entrevista ao Hollywood Reporter em 2004, Rhimes afirma que não havia nada de tão moderno quanto Buffy na televisão, naquela época, e que ela sentiu como se tivesse redescoberto a televisão novamente depois de assistir as seis (de sete) temporadas da série.
É possível notar muitas influências da caçadora de vampiros nas produções da roteirista e produtora executiva, talvez em sua personagem mais famosa, Meredith Grey, que, assim como Buffy, também sobreviveu a inúmeros desastres, acidentes, desilusões amorosas e diversas outras situações chocantes em Grey’s Anatomy.
Além de armas brancas, a protagonista de Buffy sabe manusear armas de fogo também
Reprodução/20th Television
Colocar uma personagem feminina forte como protagonista de uma produção é bastante comum atualmente, mas poucas têm oportunidade de ter seu emocional e psicológico explorados com a delicadeza que esses assuntos merecem. Em muitas ocasiões, Buffy se saiu muito bem ao mostrar para o público o lado mais humano, sensível e vulnerável de sua heroína.
Apesar de cair na armadilha da rivalidade feminina com frequência e contar com praticamente nenhuma mulher não-branca em papéis de destaque, ainda assim, havia espaço para que Buffy brilhasse como uma protagonista forte, sem deixar de lado sua sensibilidade.
Além disso, vale apontar como a narrativa da série amadureceu junto de seus personagens, uma vez que a história passou do autodescobrimento de uma colegial para o de uma mulher que tem a oportunidade de fazer a diferença no mundo, desafiando o destino e quebrando regras impostas por homens. E Buffy faz isso justamente ao lado de suas semelhantes: caçadoras, assim como ela.
Jessica Pinheiro
Repórter da Tangerina, Jessica Pinheiro já cobriu games e tecnologia em veículos coo IGN Brasil, Loading TV e The Enemy. É streamer nas horas vagas e nasceu no Ceará, mas infelizmente não tem sotaque. Ama karaokê e também assina a Koluna Pop, onde traz todas as novidades do universo do k-pop.
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