(Foto: Divulgação/Universal Pictures)
Emma Stone brilha novamente, em sua atuação mais complexa desde Pobres Criaturas
Yorgos Lanthimos volta ao auge com Bugonia, uma obra-prima moderna que consolida de vez sua parceria com Emma Stone como uma das mais poderosas do cinema atual. O longa, que estreia em 27 de novembro nos cinemas brasileiros, é tenso, imprevisível e absurdamente atual. É o tipo de filme que te deixa pensando por dias depois da sessão.
Com um olhar afiado para a paranoia digital, Bugonia adapta o cultuado Save the Green Planet! (2003) e o transporta para um mundo dominado por fake news e teorias conspiratórias. O protagonista, Teddy (Jesse Plemons), é um homem obcecado por supostas verdades ocultas. Ele passa os dias mergulhado em fóruns, vídeos e teorias da internet até se convencer de que uma bilionária da indústria farmacêutica –Michelle (Emma Stone)– é, na verdade, uma alienígena disfarçada.
A partir daí, Lanthimos conduz um sequestro que rapidamente se transforma em algo muito maior do que um simples delírio conspiratório. O diretor brinca com as expectativas do público, alternando momentos de humor ácido, horror psicológico e sátira social em ritmo alucinante. É um filme que incomoda e diverte na mesma medida, exatamente o tipo de desequilíbrio que consagrou o cineasta.
Emma Stone em cena de Bugonia
(Foto: Divulgação/Universal Pictures)
A trilha sonora, intensa e quase sufocante, funciona como mais um personagem dentro da trama. Em alguns momentos, o excesso é proposital: Lanthimos quer que o espectador sinta a mesma pressão mental que corrói seus protagonistas. Essa imersão, aliada a uma direção precisa e a uma fotografia quase hipnótica, faz Bugonia ser uma das experiências cinematográficas mais completas do ano.
Emma Stone brilha novamente, em sua atuação mais complexa desde Pobres Criaturas (2023). Ela entrega uma performance cheia de nuances, oscilando entre frieza e vulnerabilidade em uma personagem que parece esconder algo a cada olhar. A parceria com Lanthimos mostra uma sintonia rara –e, mais uma vez, pode render a ela uma indicação (ou até vitória) no Oscar.
Jesse Plemons, por sua vez, reafirma seu talento como um dos atores mais versáteis da atualidade. Seu Teddy é ao mesmo tempo patético, assustador e trágico. É um espelho perfeito da nossa era de desinformação e paranoia coletiva.
Bugonia é, acima de tudo, um retrato afiado do nosso tempo. É sobre o poder da crença, o medo do desconhecido e a facilidade com que a verdade se distorce nas telas. Lanthimos entrega aqui não só o melhor filme de 2025 até agora, mas também um lembrete perturbador de como a ficção pode refletir –e expor– os nossos piores impulsos.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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