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Mônica Maria em Canção ao Longe

Divulgação

ENTREVISTA

Canção ao Longe: Filme lança luz às prisões internas das mulheres

Longa de Clarissa Campolina já está em cartaz nos cinemas e aborda questões difíceis de identidade, relações familiares e silêncios violentos

Giulianna Muneratto

Lançamento recente dos cinemas brasileiros, Canção ao Longe é um filme mineiro que marca a estreia de Clarissa Campolina em longas-metragens. A obra fala sobre busca pela identidade, silêncios violentos e nas prisões interiores que uma boa parte das mulheres se encontra atualmente.

O filme segue a história de Jimena (Mônica Maria), uma jovem arquiteta que trabalha no projeto de um novo espaço para uma sinfônica. O primeiro voo na carreira é um contraponto para sua vida pessoal, que parece paralisada. Ainda na casa onde nasceu, vivendo ao lado da avó e da mãe, ela se sente presa. Seu maior interlocutor é o pai, na figura de cartas, nem sempre amistosas, que os dois trocam. Jimena não se vê em lugar nenhum, e acredita que só ele poderá lhe trazer respostas.

“Comecei a pensar nesse longa logo depois de um filme que lancei em 2012. Foi inspirado na relação de uma amiga minha com o pai dela. Os pais se separaram quando ela tinha sete anos, ele era estrangeiro, então eles só se comunicavam por meio de cartas. Logo depois, eu fiquei grávida, e aí comecei a pensar no que é uma constituição familiar mesmo”, adianta Clarissa em entrevista exclusiva à Tangerina.

Quando Mônica foi escolhida para o papel, Jimena ganhou mais uma camada a ser explorada. “Ela é uma mulher preta, então trouxe também essa questão racial. Começamos então a pensar na busca pela identidade, esse deslocamento e o desejo de encontrar seu lugar no mundo”, acrescenta.

O filme, com um olhar bastante introspectivo e permeado por silêncios, reflete a escola clássica de Clarissa Campolina e uma necessidade própria de explorar as necessidades interiores de seus personagens. “O que mais me movimenta quando vou ao cinema são os filmes chamados de cinema de fluxo, que de alguma forma colocam o sentir antes da razão.”

“Isso reflete na minha vontade de fazer audiovisual, desenhar uma personagem introspectiva, silenciosa. Dentro da narrativa tem um silêncio violento de uma estrutura que não quer lidar com as questões problemáticas que a gente vive”, declara. “A questão introspectiva, para mim, é importante no sentido de trazer uma linguagem onde a sensação dá a atmosfera.”

Canção ao Longe está disponível em cinemas selecionados do Brasil. Assista ao trailer:

Mônica Maria em Canção ao Longe

Canção ao Longe | Trailer

Filme de Clarissa Campolina estreou nos cinemas em julho

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QUEM FEZ

Giulianna Muneratto

Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.

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