Foto: Reprodução/Netflix
Mãe e filha queriam retomar contato após caso de cyberbullying
O documentário Número Desconhecido: Catfishing na Escola, lançado pela Netflix em 28 de agosto, se tornou o sétimo filme mais assistido da plataforma de streaming no Brasil —e não tem como esperar menos de uma história tão assustadora, com um final avassalador.
[Atenção: Contém spoilers sobre Número Desconhecido: Catfishing na Escola abaixo]
Lauryn Licari foi a principal vítima de um caso de cyberbullying em uma pequena cidade do interior de Michigan, nos Estados Unidos. Ela recebia cerca de 40 a 50 mensagens anônimas por dia falando mal de sua aparência, incitando-a a desconfiar do então namorado, Owen McKenny —que também recebia mensagens—, e sugerindo até que ela atentasse contra a própria vida.
Tudo isso começou quando ela tinha apenas 13 anos; as mensagens só pararam quase dois anos depois, quando o FBI descobriu que era sua própria mãe, Kendra Licari, quem enviava as mensagens para ela e Owen. A mulher negou que tivesse enviado as primeiras, mas admitiu que continuou depois, na intenção de que a polícia levasse a sério e descobrisse o verdadeiro culpado. Os investigadores, no entanto, afirmaram que o endereço de IP é o mesmo desde as primeiras ameaças.
Para o superintendente da escola de Lauryn e Owen, Bill Chillman, esse parecia ser um caso cibernético da síndrome de Munchausen, que é quando uma pessoa induz uma doença em outra, que seja próxima, para conquistar dependência e simpatia, sendo mais comum acontecer de mãe para filhos.
Já para Jill McKenny, mãe de Owen que era amiga pessoal de Kendra, ela fez tudo isso por ter uma “paixão” pelo garoto e, consequentemente, inveja da própria filha. Jill revelou que mesmo após o término do casal adolescente, Kendra continuava participando da vida de Owen, mandando mensagens e aparecendo em seus jogos da escola.
Após a descoberta do FBI, Kendra Licari confessou ser a autora de parte das mensagens enviadas para sua filha, Lauryn, e Owen; durante julgamento, ela se declarou culpada dos crimes de assédio e perseguição contra os dois adolescentes e alegou que isso seria resultado de um transtorno mental não diagnosticado, decorrente de um estupro que ela teria sofrido aos 17 anos. Kendra foi condenada a 19 meses de prisão —pena máxima para esses tipos de crime no estado de Michigan.
Kendra Licari no documentário Número Desconhecido: Catfishing na Escola, da Netflix
Foto: Reprodução/Netflix
Como parte da pena, ela também não poderia manter contato com as vítimas, incluindo a filha. As duas, no entanto, chegaram a trocar mensagens enquanto ela estava presa. Shawn Licari, pai de Lauryn, pediu divórcio de Kendra e assumiu a guarda integral da então adolescente.
Enquanto isso, Kendra cumpriu sua pena e foi solta em agosto de 2024, permanecendo em liberdade supervisionada até 8 de fevereiro de 2026. Até lá, ela não pode encontrar Lauryn pessoalmente, mas acredita que quando puder, as duas conseguirão retomar a relação de mãe e filha.
Hoje com 18 anos, Lauryn Licari se tornou muito mais próxima de seu pai, que se dedicou inteiramente ao relacionamento com ela e sua recuperação mental. Ela não se opõe à reconciliação com a mãe, mas espera que Kendra receba a “ajuda que precisa” agora que está em liberdade assistida.
Lauryn Licari no documentário Número Desconhecido: Catfishing na Escola, da Netflix
Foto: Reprodução/Netflix
Mas após as gravações de Número Desconhecido: Catfishing na Escola, a diretora do documentário, Skye Borgman, afirmou que ela passou a refletir mais sobre o tipo de relação que quer ter com a genitora, pois começou a entender que é ela mesma quem está no controle de suas próprias decisões.
Lauryn também revelou que não tem mais nenhum tipo de contato com Owen. Ela tem um novo namorado no ensino médio e está se preparando para entrar na faculdade, onde pretende cursar criminologia.
Paola Zanon
Jornalista formada pela Cásper Líbero, repórter e redatora com passagens pelo Notícias da TV, R7, UOL Esporte, Lakers Brasil e UmDois Esportes. Apaixonada por cobertura esportiva e cultura pop em geral. E-mail: paola@tangerina.news
Ver mais conteúdos de Paola ZanonTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
Ainda não tem uma conta?