O suspense com Leighton Meester entrou na lista de mais assistidos da plataforma, mas perde o tom ao exagerar nas reviravoltas
Uma viagem para visitar a amiga se transforma em um pesadelo para Beth (Leighton Meester), protagonista do longa Naquele Fim de Semana, suspense que esta na lista dos top 10 mais vistos da Netflix. A mulher vai até a Croácia se hospedar com Kate (Christina Wolfe) e tentar passar um fim de semana de descanso. Mas as coisas não saem muito como planejado.
Kate é uma pessoa de vida luxuosa e ocupada, especialmente após passar por um divórcio. Em contraponto à protagonista, é mãe há poucos meses e tem se dedicado integralmente à filha. Entretanto, o passeio, que seria um meio das duas se reencontrarem e desligarem da vida cotidiana, vira um tormento.
Jantar e baladas caras fazem parte do roteiro de Kate (Christina Wolfe) e Beth (Leighton Meester) na noite que mudará a vida de ambas. Na manhã seguinte, após muitas bebidas, danças e flertes, Beth (Meester) acorda com uma bela dor de cabeça e amnésia parcial.
Como se não bastasse a ressaca, Kate (Wolfe) desapareceu. Preocupada, Beth começa uma busca frenética pela cidade atrás de qualquer pista sobre o paradeiro da colega. Desacreditada pela polícia, a moça encontra apoio em Zain (Ziad Bakri), o motorista que as levou até a boate na noite anterior.
Mas, o que a mulher não sabe é que a situação a levará a uma trama muito mais complexa, que coloca sua liberdade e vida em risco. A produção é uma adaptação do livro homônimo de Sarah Alderson.
O desenvolvimento de Naquele Fim de Semana parece um drink bem ornamentado, mas sem sabor. A ressaca que Beth (Meester) sente no começo do filme se reflete no espectador ao longo dos 89 minutos de duração do longa. O que começa como um suspense interessante, se perde no excesso de caminhos criados para provocar confusão em que acompanha o desenrolar da investigação. O que era para ser uma trama elaborada, acaba caindo no rocambolesco, fazendo o espectador se cansar.
Em primeiro lugar, desde o início, com exceção da protagonista, todas as pessoas em cena carregam em si algo de suspeito. A amiga rica aparenta estar envolvida em problemas financeiros, o motorista cai no estereótipo do refugiado envolvido com terrorismo, os investigadores são machistas e indiferentes ao extremo e o senhorio, o típico nerd macabro que esconde segredos.
Dessa maneira as reviravoltas acabam se tornando previsíveis, pois as pistas são óbvias, e o que acaba acontecendo é que o ritmo de um filme que, em tese foi feito para manter o suspense, acaba definhando na primeira meia hora.
Fim de feira: O desânimo maior acabou nem sendo com os plots previsíveis, mas com o final fraco e o encerramento com cara de autoajuda que não combina em nada com o filme.
Dois pelo preço de um: em termos de suspense com mulheres como protagonistas, A Garota no Trem, da Globoplay, consegue manter o clima tenso por mais tempo. Outra indicação é Mau-Olhado, do Prime Video, que tem subtexto girl power e um elemento sobrenatural para dar um frio extra na espinha.
Presta atenção, freguesia: as locações são belíssimas. Muitas construções e paisagens mediterrâneas que contrastam com a tensão vivida em cena.
Yasmine Evaristo
Yasmine Evaristo é crítica de cinema associada à Abraccine e pesquisa o gênero fantástico e representação e representatividade de pessoas negras no cinema. Devota da santíssima trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch, também é artista visual, desenhista e cursa graduação em letras.
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