Foto: Divulgação/Netflix
Produção nacional de quatro episódios é o conteúdo mais visto do serviço de streaming no Brasil nas últimas horas
Pssica, a minissérie nacional que a Netflix lançou como uma de suas grandes estreias nesta semana, entrega uma narrativa intensa e um mergulho em questões sociais urgentes ambientadas na região amazônica. Baseada no livro homônimo do escritor paraense Edyr Augusto, a produção, conhecida internacionalmente como Rivers of Fate, já desbancou fenômenos globais como Wandinha no Top 1 do Brasil. Neste texto, a Tangerina te explica o que aconteceu no final da trama.
Com quatro episódios e direção geral de Quico Meirelles, Pssica foi filmada majoritariamente em Belém, no Pará, e nos rios amazônicos, explorando cenários urbanos e fluviais da região Norte. A trama central se desenrola a partir do encontro de três personagens cujas vidas se entrelaçam de maneiras inesperadas nos rios da Amazônia atlântica.
O título Pssica em si já é um elemento crucial para entender a narrativa. A palavra é uma gíria regional bastante usada no Pará, significando “maldição”, “azar” ou “algo ruim que persegue alguém”. É uma maré de azar que não passa.
No contexto da série Netflix, essa ideia transcende a linguagem coloquial, simbolizando uma presença constante que assombra os personagens, influenciando suas escolhas e destinos, como uma maldição que os persegue. Os temas abordados são importantes e difíceis, como o tráfico humano, a exploração sexual de menores, a violência, o crime e o misticismo.
A minissérie acompanha a trajetória de Janalice (Domithila Cattete), uma jovem que se torna vítima do tráfico humano. Sua história começa com a exposição de um vídeo íntimo vazado, que a leva à rejeição de seus colegas e à indiferença de seus pais, Lizete (Ana Luiza Rios) e Pedro (Bruno Goya). Enviada para morar com sua tia, Janalice sofre assédio do namorado da tia, Ramiro.
Em uma tentativa de escapar dessa realidade, ela é sequestrada pela gangue de Preá e entregue ao traficante Zé Elídio, e posteriormente a Philippe Soutin, que planeja leiloá-la em um evento clandestino.
Paralelamente, conhecemos Preá (Lucas Galvino), o líder de uma gangue de criminosos que atua nos rios, os “ratos d’água”. Apesar de ser o responsável pelo sequestro de Janalice, ele desenvolve uma obsessão por ela, acreditando que pode assumir o papel de seu salvador. Ao longo da temporada, Preá luta com conflitos internos e disputas de poder dentro de sua própria gangue, especialmente com Gigante, um rival que o desafia.
O terceiro pilar de Pssica é Mariangel (Marleyda Soto), uma mulher colombiana que busca vingança pela morte de sua família, o marido Joao Mauro e o filho Guilherme, assassinados pela gangue de Gigante. Após tentativas frustradas de buscar justiça pelos canais legais, Mariangel embarca em sua própria vendeta, eliminando sistematicamente aqueles ligados à morte de sua família e ao cativeiro de Janalice. Sua busca por justiça a leva a cruzar caminho com Amadeu, ex-policial e padrinho de Janalice, que também investigava o desaparecimento da jovem.
O clímax da série converge no clube Coc d’Or, na Guiana Francesa, onde Janalice seria leiloada para fins de exploração sexual. Lá, as diferentes estratégias de resgate e vingança se chocam. Janalice, agora rebatizada como “Jane”, já havia começado a planejar sua própria fuga, escondendo dinheiro e outros itens, demonstrando sua agência e determinação.
Durante o leilão, Mariangel, com a ajuda de seu antigo camarada Cristóbal, tenta comprar Janalice para resgatá-la. Contudo, Preá também aparece, determinado a comprá-la e levá-la consigo.
O episódio final é marcado por caos e cenas frenéticas. Janalice, em um movimento inesperado, incapacita Cristóbal e foge por conta própria, disfarçada de homem e usando uma arma para criar uma debandada, permitindo que muitas outras meninas também escapem.
No meio da confusão, Preá consegue escapar do cativeiro de Philippe, mas é confrontado por ele novamente. Em um confronto final, Preá e Philippe atiram um no outro, resultando na morte de ambos. Mariangel, que estava por perto, também atira em Preá, pondo fim à sua jornada.
Janalice (ao centro), interpretada por Domithila Cattete
Foto: Divulgação/Netflix
Embora Mariangel a leve até a casa de sua mãe, Lizete, Janalice toma uma decisão definitiva e surpreendente: ela se recusa a voltar para seus pais e escolhe viver com Mariangel. Essa escolha é o resultado direto da negligência e da falta de apoio de sua família, que a havia rejeitado após o vazamento do vídeo e não fez nada efetivo para resgatá-la.
Mariangel, que perdeu sua própria família, demonstrou ser uma figura protetora, abraçando Janalice sem julgamentos e oferecendo-lhe um refúgio e a possibilidade de reconstruir a vida longe das cicatrizes do passado. Para Janalice, essa é uma busca por estabilidade fora do ambiente familiar fraturado e um passo em direção à verdadeira liberdade.
Quanto aos outros personagens, o final traz resoluções mistas. Preá morre. Mariangel completa sua transformação de vítima a vingadora e, finalmente, a protetora, encontrando um novo propósito ao cuidar de Janalice. A série também oferece um reencontro mais esperançoso para Miltinho e sua irmã Luzia, separados pelo tráfico humano, que conseguem escapar juntos, vislumbrando um futuro longe da exploração.
Embora Pssica encerre a primeira temporada com um arco principal completo, misturando esperança e incerteza, e expondo as cicatrizes deixadas pela violência e pelo tráfico humano, algumas pontas ficam abertas.
Vilões como o prefeito Brazão (que causou a morte de Amadeu) e o traficante Zé Elídio, por exemplo, permanecem impunes, o que sugere que a liberdade de Janalice e Mariangel pode ser “emprestada”, e que eles podem enfrentar novas ameaças no futuro caso decidam confrontar esses poderosos inimigos.
Pssica, com sua trama intensa e imersiva e a abordagem de questões sociais relevantes, oferece uma visão profunda sobre realidades pouco exploradas na tela, deixando uma poderosa mensagem sobre a luta pela sobrevivência e a importância de forjar alianças inesperadas em um mundo dominado pela exploração e por instituições falhas.
Vinícius Andrade
Jornalista e colaborador da Tangerina. Vinícius Andrade já foi editor do Notícias da TV e tem especialização em SEO. Interessado por tudo o que envolve mercado de entretenimento, tem mais de 13 anos de experiência na área e também trabalha com jornalismo local. E-mail: vinicius@tangerina.news
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