Reprodução/NBC
Marta Kauffman reconheceu que a série teve uma abordagem incorreta ao tratar Helena Handbasket com pronomes masculinos na sétima temporada
Friends (1994-2004) é uma das comédias mais importantes da TV mundial, mas até os fãs mais afoitos precisam reconhecer que alguns aspectos da série envelheceram muito mal. A própria Marta Kauffman, que criou a atração em parceria com David Crane, admitiu que errou feio com a representação de Helena (Kathleen Turner), mãe trans de Chandler (Matthew Perry).
No decorrer de toda a série, os seis amigos fizeram piada sobre Charles, o pai de Chandler, que havia largado a mulher para ter o caso com o rapaz que limpava a piscina de sua casa. Na sétima temporada, Charles finalmente deu as caras, mas se apresentou como Helena Handbasket, uma artista drag. Para interpretá-la, foi escalada Kathleen Turner, que é cisgênero.
Em entrevista ao programa The Conversation, da BBC, Marta Kauffman reconheceu que ela e os outros produtores de Friends deveriam ter abordado a questão de outra maneira em vez de optar pela galhofa. “Nós a chamávamos de o pai do Chandler, embora ela fosse obviamente uma pessoa trans. Os pronomes eram algo que nós ainda entendíamos, então em nenhum momento nos referimos à personagem como ‘ela’. Isso foi um erro”, declarou.
A conversa com a produtora só vai ao ar na próxima segunda-feira (11), mas o jornal The Guardian postou uma prévia do que está por vir. Anteriormente, Marta Kauffman tentou corrigir a falta de diversidade racial em Friends fazendo uma doação milionária à faculdade onde estudou para incentivar o estudo da cultura negra.
A própria Kathleen Turner também já criticou sua escalação para Friends. Em 2018, durante uma entrevista à revista Gay Times, a estrela afirmou que a série envelheceu muito mal e que, atualmente, não aceitaria o convite para dar vida a Helena. Ela acredita que a personagem deveria ser interpretada por uma atriz trans.
“Era uma sitcom de 30 minutos. Virou um fenômeno, mas ninguém nunca a levou a sério como uma crítica social. Os produtores me abordaram com um convite, que era: ‘Você gostaria de ser a primeira mulher a viver um homem interpretando uma mulher?’. Eu disse sim, porque não havia muitas pessoas trans ou drags na TV na época”, alfinetou.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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