FILMES E SÉRIES

Cena de Guerreiras do K-Pop

(Foto: Divulgação/Netflix)

Análise

Guerreiras de K-Pop inicia uma nova era para a Netflix

A plataforma também prepara a exibição do final de Stranger Things nos cinemas, em um momento que simboliza uma passagem de bastão

Victor Cierro
Victor Cierro

A Netflix está prestes a entrar em uma nova fase e ela tem nome, cores vibrantes e um fandom que já começou a crescer sozinho. Guerreiras de K-Pop, animação lançada neste ano, não foi só um sucesso de audiência: segundo dados divulgados pelo Tudum, tornou-se o filme mais assistido da história da plataforma, ocupando o topo do Top 10 global por pelo menos nove semanas seguidas. Agora, com o retorno especial aos cinemas no formato sing-along durante o final de semana do Halloween, a produção se consolida como algo maior do que um hit passageiro. É o início de uma franquia de peso.

A estratégia não é aleatória. A Netflix historicamente teve poucos títulos capazes de virar fenômeno cultural duradouro. Stranger Things e Round 6 foram os dois maiores exemplos. As séries ultrapassaram a tela e se tornaram marcas, produtos, estética e linguagem. Mas a trama coreana já encerrou sua história, e a produção chega ao fim com sua quinta temporada. Com isso, a plataforma enfrenta um raro vazio em seu próprio trono. É aqui que Guerreiras de K-Pop entra com força.

Além do desempenho na plataforma, o filme já mostrou impacto cultural fora dela. De acordo com levantamento do USA Today, as três protagonistas ficaram entre as fantasias infantis mais procuradas neste Halloween, com Rumi no topo absoluto. Ou seja: o público infantil não apenas assistiu, adotou. E quando crianças adotam personagens, a cultura pop se move. Foi assim com Frozen. Foi assim com Star Wars. É isso que a Netflix está enxergando.

Guerreiras de K-Pop é o novo carro-chefe

Esse movimento também se estende ao merchandising. A plataforma já está fechando acordos com Mattel e Hasbro para lançar bonecos e brinquedos oficiais a partir de 2026. É a mesma lógica que transformou Star Wars em um império cultural há mais de 40 anos: assegurar que personagens vivam no cotidiano de quem os ama. Crianças brincando com Rumi, Zoey e Mira hoje serão adolescentes nostálgicos amanhã e é assim que franquias se tornam permanentes.

Outro indicativo de que a animação está se tornando prioridade é o investimento no cinema. A Netflix raramente coloca seus filmes em cartaz com grande alcance, ainda mais uma segunda vez. Mas Guerreiras de K-Pop voltou às salas devido à demanda. Paralelamente, a plataforma também prepara a exibição do final de Stranger Things nos cinemas, em um momento que simboliza uma passagem de bastão entre a franquia que marcou os anos 2010 e a que deve liderar a década de 2030.

Financeiramente, a equação também faz sentido. O filme teria custado cerca de US$ 100 milhões (R$ 538 milhões), enquanto a temporada final de Stranger Things está entre as mais caras da história, chegando a aproximadamente US$ 50 milhões (R$ 268 milhões) por episódio. Uma franquia animada, multiplataforma, voltada principalmente para crianças e jovens, é mais barata de manter e mais fácil de expandir e pode render tanto quanto, se não mais.

Com sequência já em negociação e público fidelizado, Guerreiras de K-Pop não é só um sucesso. É o projeto que abre a nova era da Netflix, aquela em que a plataforma precisa criar seu próximo fenômeno cultural de longo prazo. E, pelo que já está acontecendo, a coroação não é uma questão de “se”, mas de “quando”.

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Victor Cierro

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Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.

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