(Foto: Divulgação/MGM)
Sem um rosto definido, 007 continua preso no passado
Desde a despedida de Daniel Craig em Sem Tempo para Morrer (2021), a franquia James Bond vive um hiato preocupante. Quatro anos se passaram e os estúdios ainda não anunciaram quem será o próximo intérprete do agente secreto mais famoso do cinema. A demora gera uma sensação de estagnação, justamente no momento em que a saída do antigo astro poderia ter sido usada como trampolim para renovar a imagem do 007.
O último filme, que completa quatro anos nesta quarta-feira (8), arrecadou mais de US$ 774 milhões (R$ 4,1 bilhões) mundialmente e marcou a conclusão da jornada de Craig no papel, que durou 15 anos. A produção também foi bem recebida, com 83% de aprovação da crítica e 88% entre o público no Rotten Tomatoes. Era a chance perfeita para anunciar o novo responsável pelo personagem, ainda que o próximo longa demorasse a sair. Sem essa definição, a despedida do último ator acabou deixando um vazio em torno da marca.
Enquanto isso, os bastidores da franquia seguem em transformação. Desde que a Amazon comprou os direitos da série, mudanças profundas foram feitas. Denis Villeneuve foi confirmado como diretor do 26º filme da saga e Steven Knight, criador de Peaky Blinders, assumiu o roteiro. Mesmo assim, a escolha do próximo James Bond segue empacada, com rumores de que só deve ser definida em 2026.
Nas casas de apostas, o cenário muda a cada mês. Aaron Taylor-Johnson chegou a ser o favorito durante anos, mas recentemente foi ultrapassado por Callum Turner, que encaixa melhor no perfil desejado pelos estúdios. Outros nomes como Henry Cavill, Theo James e Jack Lowden seguem na disputa, mas o silêncio oficial só aumenta a ansiedade dos fãs e deixa a franquia vulnerável a especulações sem fim.
A estratégia da Amazon é buscar um rosto novo, alguém que possa sustentar o papel por vários filmes e uma década inteira. No entanto, essa indecisão pode ter efeito contrário: o público começa a perder o entusiasmo com o personagem, e a imagem de Craig ainda ocupa o imaginário como “o último Bond”. O risco é que, quando o novo ator for anunciado, o momento de maior impacto já tenha passado.
O curioso é que a própria trajetória de Craig mostra o peso desse timing. Quando ele foi anunciado, em 2005, houve resistência inicial, mas o estúdio soube aproveitar o momento para transformar Casino Royale em um recomeço grandioso. Agora, o impasse parece esvaziar a narrativa de renovação que deveria embalar a fase da Amazon.
Sem um rosto definido, James Bond continua preso no passado. O que poderia ser o início de uma nova era está sendo tratado como um enigma interminável. E, enquanto a definição não chega, a franquia corre o risco de perder espaço no imaginário popular — algo que nenhum agente secreto, nem mesmo 007, pode se dar ao luxo de permitir.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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