(Foto: Divulgação/HBO Max)
No fim das contas, o diretor conseguiu expandir o universo, mas sacrificou a lógica de um personagem central
A segunda temporada de Pacificador chegou ao fim e, apesar de ampliar o universo da nova DC e preparar terreno para os próximos filmes, deixou também uma marca negativa: uma inconsistência que é difícil de ignorar. O problema não está em Christopher Smith (John Cena), mas sim em outro personagem que deveria ser peça-chave nesse novo quebra-cabeça.
Alerta de spoilers da segunda temporada de Pacificador abaixo
Estamos falando de Rick Flag Sr. (Frank Grillo). O personagem já tinha levantado questionamentos em Comando das Criaturas, quando apareceu com um visual e personalidade bem diferentes do que seria mostrado depois em Pacificador. O detalhe do cabelo, por exemplo, foi justificado nos bastidores: Grillo não poderia pintar para grisalho por conta de outros compromissos profissionais. Ainda assim, a explicação não ajudou a sustentar a continuidade.
As incoerências ficam ainda mais evidentes em relação à sua obsessão por metahumanos. Em Comando das Criaturas, Flag Sr. trabalha lado a lado com eles, aprende a respeitá-los e até cria vínculos. Mas em Pacificador, sem nenhum motivo aparente, surge determinado a prendê-los em um lugar sem saída, como se tivesse sido traído ou marcado por um trauma. Esse salto de lógica simplesmente não existe na linha do tempo.
Rick Flag Sr. e Amanda Waller em Comando das Criaturas
(Foto: Divulgação/HBO Max)
Entre o final de Superman e a segunda temporada de Pacificador, não há nenhum indício de que metahumanos tenham feito algo contra ele. Pelo contrário: Flag Sr. chega a se envolver romanticamente com Sasha Bordeaux (Sol Rodriguez), uma metahumana, durante os novos episódios. A mudança de postura parece forçada, quase como se James Gunn tivesse empurrado o personagem para uma função de vilão sem construir a base necessária.
O auge da incoerência aparece no desfecho da temporada, quando ele pune o Pacificador pela morte de seu filho Rick Flag Jr. (Joel Kinnaman). Se Smith fosse um metahumano, toda essa obsessão poderia fazer sentido. Mas, do jeito que a trama foi conduzida, soa apenas como um capricho narrativo — e um deslize que mancha a consistência da história.
Frank Grillo em cena de Pacificador
(Foto: Divulgação/HBO Max)
No fim das contas, Gunn conseguiu expandir o universo, mas sacrificou a lógica de um personagem central. Se a nova DC quer manter sua coesão e conquistar a confiança dos fãs, não pode deixar passar buracos como esse. O caso de Rick Flag Sr. serve de alerta: pequenos erros podem virar grandes rachaduras em um projeto que se vende como meticulosamente planejado.
As duas temporadas de Pacificador estão disponíveis na HBO Max.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
Ver mais conteúdos de Victor CierroTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
Ainda não tem uma conta?