FILMES E SÉRIES

Sam Neill, Isabella Sermon e Chris Pratt

Divulgação/Universal Pictures

CRÍTICA

Jurassic World: Domínio celebra franquia ao retornar às origens

Longa que encerra saga iniciada em 1993 reúne boa parte do elenco dos cinco filmes anteriores e estreia nos cinemas do Brasil nesta quinta (2)

André Zuliani

Quase 30 anos depois de Jurassic Park (1993) moldar o cinema e iniciar a era dos blockbusters, Jurassic World: Domínio estreia nesta quinta-feira (2) como o capítulo final da saga que celebra a franquia ao retornar às origens. Ambicioso, o longa dirigido por Colin Trevorrow investe no espetáculo e une passado e presente sem se tornar refém da nostalgia.

Para fazer do último longa uma celebração, Trevorrow –que também comandou Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015) e ressuscitou a franquia– faz de Domínio o seu Vingadores: Ultimato (2019). Como anunciado há anos, o filme traz de volta os protagonistas originais (Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum) para dividir tela com a nova geração encabeçada por Chris Pratt e Bryce Dallas Howard.

Ao tratar Domínio como um evento, o cineasta deixa clara a sua preferência pelo espetáculo. No filme, isso significa deixar de lado qualquer resquício de razão que ainda poderia existir em uma franquia que coloca dinossauros para coexistir com humanos em pleno século 21. Em vez de lógica, Trevorrow foca somente no prazer de ver as duas gerações de Jurassic unidas em sequências eletrizantes.

Quem mais sofre com essa prioridade ao espetáculo é (de longe) o roteiro. Para encaixar os dois núcleos na trama, Domínio faz uma rápida recapitulação dos eventos dos dois filmes anteriores para logo iniciar a jornada que culminará no clímax tão esperado pelos fãs: a união de gerações. Separadas por objetivos distintos, as histórias de Owen Grady (Pratt) e Alan Grant (Neill) se iniciam distantes uma da outra, mas sem nunca perder a expectativa do momento no qual elas se entrelaçariam.

A trama se passa quatro anos depois de Jurassic World: Reino Ameaçado (2018). Com os dinossauros espalhados pelo globo, a humanidade precisou aprender a se reorganizar como sociedade para coexistir com os animais do período jurássico. Isso significa não apenas se acostumar a cruzar com um velociraptors na rua, como também a criação de um mercado negro especializado apenas em itens das criaturas.

Jurassic World: Domínio

União de gerações

Divulgação/Universal Pictures

Protagonista da nova trilogia, Owen se isolou no interior dos Estados Unidos com Claire (Bryce) para proteger a vida de Maisie (Isabella Sermon), primeiro clone humano da história nascida da mesma pesquisa de Henry Wu (D.B. Wong) que possibilitou o retorno dos dinossauros. Procurada por caçadores de recompensas a mando de Lewis Dodgson (Campbell Scott), dono da poderosa corporação Byosin, a garota guarda em seus genes as respostas para muitas experiências científicas.

Na outra ponta do roteiro, Ellie Sattler (Laura Dern, em sua primeira aparição na franquia desde Jurassic Park 3) descobre que uma nova espécie de gafanhotos está destruindo plantações em todo o país e pode afetar toda a agricultura mundial, colocando em risco a própria sobrevivência da humanidade. Para ajudá-la a investigar os animais –convenientemente ligados à Byosin–, ela pede a ajuda de Alan Grant (Neill), antigo amigo e interesse amoroso.

Com as duas frentes do elenco estabelecidas, ambas a gerações iniciam jornadas diferentes mas que fatalmente as colocam frente a frente. Para isso, Trevorrow, que coescreveu o roteiro ao lado de Emily Carmichael, deixa de lado qualquer apreço pela razão. Decisões tomadas sem qualquer explicação e participações especiais para lá de gratuitas de personagens da saga surgem em tela com o simples objetivo de fazer o público vibrar.

Recorrer a tantos absurdos para fazer Domínio funcionar não deixa de ser compreensível. Afinal, dinossauros no cinema não são novidade desde 1993, e é preciso criar novas ferramentas e motivações –além de criaturas cada vez mais perigosas– para recuperar o interesse do público em uma franquia que, há muito, já estava desgastada.

A união entre as duas gerações também prova um detalhe muito discutido entre os fãs da franquia: acompanhar os protagonistas originais é muito mais legal do que a dupla Pratt/Bryce. Ver novamente Alan, Ellie e Ian Malcolm (Goldblum) juntos pela primeira vez em 29 anos é algo que, para uma parcela do público, já vale o ingresso, independentemente de o motivo do retorno do trio fazer sentido ou não.

Entre acertos e falhas, Jurassic World: Domínio conclui a saga dos dinossauros de maneira satisfatória e coloca um ponto-final na franquia que precisava urgentemente de um respiro. Em uma era de reboots e remakes mal planejados, este último capítulo prova que não é apenas com nostalgia que se faz uma boa história.

Cartaz

Jurassic World: Domínio

Assista ao trailer legendado

Cartaz

Jurassic World: Domínio

Aventura, Ação
12

Direção

Colin Trevorrow

Produção

Universal Pictures e Amblin Entertainment

Onde assistir

Cinemas

Elenco

Chris Pratt
Bryce Dallas Howard
Laura Dern
Sam Neill
Jeff Goldblum
DeWanda Wise
Isabella Sermon
Mamoudou Athie
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André Zuliani

Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.

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