Divulgação/Disney+
A nova série do Disney+ assume uma tarefa difícil ao explorar a violência e as dificuldades do Brasil de cem anos atrás
A série Maria e o Cangaço estreia em 4 de abril no Disney+ com a proposta de romper com a estética polida das novelas e mergulhar em uma narrativa emocional e profundamente humana. Inspirada no livro de Adriana Negreiros, a trama revisita os últimos anos do grupo de Lampião (1898–1938) sob a ótica de sua companheira mais famosa, interpretada por Ísis Valverde.
Na nova série nacional, Maria de Déa (Ísis Valverde) é apresentada como uma mulher à frente de seu tempo, que ousou desafiar a estrutura patriarcal de um Brasil onde a violência era a linguagem dominante. Jovem, corajosa e intensa, ela não é retratada como coadjuvante de Lampião (Júlio Andrade), mas como protagonista de sua própria história — uma narrativa de sobrevivência, maternidade e resistência.
Enquanto Beleza Fatal, da Max, apostou no melodrama carregado e no ritmo de novela, Maria e o Cangaço segue outro caminho. No Disney+, a trama para maiores de 18 anos se aproxima da terra seca, do sangue derramado e das escolhas difíceis. A ambientação é suja, densa e recheada de silêncios desconfortáveis — tudo para reforçar o realismo e a intensidade emocional da história.
A série foca não só na trajetória da famosa cangaceira ao lado do líder do bando, mas também nos dilemas que enfrentava como mulher em um mundo dominado por homens armados. Dividida entre o desejo de liberdade e o sonho impossível de viver em paz com sua família, Maria Bonita (1910–1938) ganha contornos mais humanos do que heroicos.
Maria e o Cangaço se posiciona como uma resposta à romantização do cangaço e oferece uma visão mais visceral da história brasileira. Com atuações marcantes, direção precisa e um roteiro que não tem medo de sujar as mãos, o Disney+ entrega uma obra que promete impactar.
A nova série do streaming também tem uma grande importância histórica. Maria e o Cangaço retrata uma realidade recente do Brasil. Em pleno século 21, o público deve se impactar com o que acontecia no país há cem anos. Em tempos de evolução, o passado pode ensinar muito sobre o futuro.
Trailer de Maria e o Cangaço
Júlio Andrade na nova série do Disney+
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É o foca da equipe e cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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