Miguel Falabella revela como O Coro o ajudou a se redimir por carreira

Ao criar O Coro, nova série nacional do Disney+, Miguel Falabella se inspirou muito nas próprias vivências como parte do cenário do teatro musical brasileiro durante tantos anos. O cineasta revelou que usou várias histórias que presenciou na vida real para criar os personagens e, em alguns casos, decidiu dar um final melhor na ficção do que aquilo que de fato aconteceu.

Um desses casos virou referência para a personagem Alícia, vivida pela atriz argentina Mica Diaz. Em uma conversa com jornalistas da qual a Tangerina participou, Falabella deu mais detalhes sobre a inspiração. “Uma menina argentina que fez teste para mim estava muito nervosa, porque não queria ter sotaque. Mas, quanto mais nervosa ela ficava, mais sotaque tinha”, relembrou.

Naquela ocasião, Miguel Falabella precisava de uma pessoa que não tivesse sotaque para um papel específico e, por conta do nervosismo, a atriz acabou não sendo aprovada. Em O Coro, Alícia também se preocupa muito em não deixar transparecer o sotaque argentino na fala em português e sofre com o nervosismo. Ela, no entanto, passa na primeira fase das audições.

“Eu pensei: ‘Vou me redimir por aquela [atriz] lá atrás que não passou, e vou colocá-la na série”, explicou o ator. “Porque, além de tudo, do estresse, do canto, da dança, de estar ali exposto, você ainda tem que se preocupar com sotaque, aí é puxado”, defendeu ele, acrescentando que o processo de escolhas é estressante do lado dele também.

Mica Diaz com o elenco de O Coro: Sucesso Aqui Vou Eu

Stella Carvalho/Disney+

E ele, de fato, não está isento de cometer erros. Durante as audições de O Coro, Miguel Falabella chegou a descartar o ator Lucas Wickhaus, que interpreta o Jorge na série. No final do processo, no entanto, o papel ainda não havia sido escalado. “Aí eu falei: ‘Chamem mais atores negros jovens que cantem, porque eu quero ver mais gente, não acho que nenhum dessa leva tenha me feito tocar o sino’”, explicou o diretor.

Naquele mesmo dia, Falabella revelou que foi pra casa, tomou banho e ficou pensando sobre o assunto enquanto mudava os canais da televisão. “De repente, passou um comercial, de alguma coisa de estômago, e o rapaz me chamou atenção”, relembrou ele, contando que decidiu, então, chamá-lo para a audição. Foi aí que descobriu que era justamente Lucas, o ator que ele já havia testado.

“Mas veja que coisa interessante: na segunda audição, realmente acabou sendo ele. Acho que foi uma questão de postura. Depois, eu fui rever o primeiro teste dele, e ele estava com uma postura um pouco para baixo”, explicou Miguel.

O lado dos atores

Até para os atores veteranos, as audições também trouxeram nervosismo. Daniel Rangel, da novela Salve-se Quem Puder (2020), foi convidado para fazer um teste pelo próprio Miguel Falabella, com quem tinha trabalhado em Eu, a Vó e a Boi (2019). Na ocasião, o diretor pediu para ele enviar um vídeo cantando.

“Ele já me conhecia como ator, mas eu nunca tinha feito absolutamente nada de música. Foi uma aposta mesmo do Miguel”, relembrou o intérprete de Leandro. Ele ainda refletiu sobre como as audições para a série foram parecidas com a que ocorre dentro da trama.

“‘Preciso de um vídeo seu cantando uma música’ é a frase que mais tem nos trailers, né? Porque todos os personagens são desafiados por essa seleção e todos têm que gravar um vídeo cantando uma música. E foi a primeira coisa que eu tive que fazer para integrar o elenco”, completou.

Para Gabriella Di Grecco, no entanto, um detalhe foi diferente entre os testes da vida real e da ficção: seus sentimentos. “Em um processo de audição, é normal você ficar nervoso, ou ficar confiante, mas a Nora tem uma frieza que eu não tenho. Ser frio é diferente de ser confiante, sabe? Eu acho que ela até tem confiança no que faz, mas tem também uma frieza que eu nunca tive em um processo de audição. Então, fui experimentando coisas novas dentro de um processo que eu supostamente já conheço”, detalhou a atriz.