(Foto: Divulgação/Netflix)
Se ele sobreviver novamente ao caos que está por vir, a série se despede em um tom de resistência
Stranger Things chega à sua temporada final carregando um peso emocional que vai além da história em Hawkins. Entre todos os personagens da série, Jim Hopper (David Harbour) é um dos que mais simbolizam essa jornada de perdas, reencontros e mudanças. Mas o que muita gente não sabe é que ele não deveria estar vivo neste ponto da trama.
Segundo os criadores da série, Matt e Ross Duffer, havia uma versão da história em que Hopper morria no final da terceira temporada, na explosão do Starcourt Mall. Em entrevista para a Entertainment Weekly, eles revelaram que esse foi um dos pontos criativos mais discutidos na sala dos roteiristas, e que sua permanência foi decidida quase no último momento.
A ideia inicial era que o sacrifício representasse a conclusão da transformação de Hopper, que começou como um homem marcado pela perda da filha e terminou como alguém disposto a entregar a própria vida para proteger Eleven (Millie Bobby Brown) e Hawkins. Porém, eles perceberam que ainda havia espaço para mostrar o lado mais vulnerável e humano do personagem, explorando suas relações, sua reconstrução e seu futuro após o trauma.
Nos bastidores, porém, a imagem de David Harbour enfrenta um momento delicado às vésperas da estreia. Após o lançamento do álbum West End Girl, Lily Allen, ex-esposa do ator, trouxe à tona detalhes pessoais do relacionamento dos dois, incluindo episódios de desgaste emocional e traições. A repercussão reacendeu discussões sobre o comportamento do ator e acabou coincidindo com o retorno de Stranger Things ao centro do debate cultural.
Millie Bobby Brown e David Harbour em cena de Stranger Things
(Foto: Divulgação/Netflix)
Além disso, segundo reportagens publicadas no Reino Unido, Millie Bobby Brown teria registrado antes das gravações da última temporada uma denúncia formal contra Harbour por comportamento de assédio moral e intimidação no set. A Netflix não comentou o caso, e o resultado da investigação não foi divulgado, o que contribuiu para um clima de especulação e tensão entre fãs e imprensa.
O assunto ganhou ainda mais força quando voltou à tona a história do cachorro Chester, da família Byers, cuja saída da série teria sido sugerida pelo próprio ator após reclamações sobre o animal.
Ao mesmo tempo, a própria natureza de Hopper dentro da série faz dessa escolha algo ainda mais simbólico. Ele é um dos pilares emocionais da história, um ponto de afeto, força e dor. Sua volta representou esperança em um universo que raramente oferece finais doces. Se ele tivesse morrido naquela explosão, a trajetória emocional de Stranger Things teria tomado um rumo mais trágico e sombrio.
Mas é justamente por Hopper ter sido salvo do destino original que a temporada final carrega agora um impacto diferente. A pergunta que fica é: essa morte que nunca aconteceu vai cobrar seu preço no final? Em séries de grande porte, escolhas adiadas muitas vezes retornam como elementos decisivos no encerramento.
Além disso, Hopper é um dos personagens que mais se conectam emocionalmente ao público. Se ele sobreviver novamente ao caos que está por vir, a série se despede em um tom de resistência. Se ele cair, a história volta para a forma mais crua do que Stranger Things sempre foi: uma narrativa sobre amadurecer através da perda.
A última temporada, dividida em três partes e marcada para estrear ao longo do fim do ano, está construída justamente sobre essa ideia de encerramento definitivo. E se existe um personagem cuja trajetória pode selar o tom desse final, esse personagem é Hopper. O herói que deveria ter morrido no passado pode ser aquele que define como tudo termina.
No fim, Stranger Things sempre foi sobre o quanto somos moldados pelas pessoas que perdemos e pelas que permanecem. A morte que não aconteceu ainda pode ser o evento que fecha o ciclo de uma história que marcou uma geração.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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