Netflix mira compra da Warner Bros. e promete filmes nos cinemas

A Netflix deu um passo que pode mudar completamente a indústria audiovisual. A plataforma está entre os interessados na compra da Warner Bros. E, segundo insiders, a empresa prometeu manter os lançamentos do estúdio nos cinemas caso o acordo seja fechado. A proposta representa uma mudança drástica na estratégia, que historicamente prioriza estreias exclusivas no streaming e só libera exibições limitadas quando há interesses específicos, como elegibilidade ao Oscar ou parcerias de marketing.

A Warner Bros. abriu oficialmente um processo para receber propostas após manifestações de interesse de diversos grupos de mídia. Entre os possíveis compradores estão Netflix, Comcast e a recém-formada Paramount Skydance Corp, com as ofertas sendo formalmente entregues até esta quinta-feira (20). A venda acontece meses depois da decisão de separar Warner e Discovery em duas empresas distintas, movimento que buscava aumentar o valor de mercado das marcas e facilitar negociações independentes.

A tradição da Warner em estreias nos cinemas continua sendo um ponto central na negociação. O estúdio tem uma série de contratos que exigem a exibição de seus filmes nas telonas e, segundo a Bloomberg, a Netflix afirmou que respeitaria todos esses acordos. Nos últimos anos, a plataforma evitou distribuições amplas em cinemas e fortaleceu sua posição como rival de grandes estúdios sem depender das salas de exibição. No entanto, o peso do catálogo histórico da Warner e os compromissos contratuais abriram espaço para uma mudança interna de posicionamento.

David Harbour e Millie Bobby Brown em cena de Stranger Things

(Foto: Divulgação/Netflix)

Netflix nos cinemas

Inclusive, a Netflix aumentou consideravelmente sua presença nas salas de cinema. Frankestein passou pelas telonas antes de chegar na plataforma. O novo filme com George Clooney e Adam Sandler, Jay Kelly, também vai receber o mesmo tratamento da gigante do streaming. O último episódio de Stranger Things terá exibição nos cinemas para encerrar a série com chave de ouro.

Os insiders apontam, porém, que fontes da indústria têm receio de que a Netflix reduza gradualmente a presença da Warner nos cinemas após o fim das obrigações contratuais. O temor é alimentado pela própria visão pública de executivos da plataforma, que já classificaram as salas de cinema como um negócio em declínio e reforçaram que a prioridade é atender aos assinantes do streaming. A possibilidade de uma fusão reduzir o número de estúdios com tradição nas telonas também preocupa agentes de mercado.

Mesmo com declarações cautelosas, o movimento sinaliza um momento decisivo para Hollywood. A aquisição da Warner seria a maior da história da Netflix e colocaria sob seu guarda-chuva franquias e propriedades intelectuais com forte valor cultural e comercial. Uma negociação desse porte redefiniria disputas de bilheteria, exclusividade de streaming e o fluxo de financiamento de produções de grande escala.

A Warner Bros., por sua vez, justificou a análise das ofertas afirmando buscar alternativas estratégicas para maximizar o valor de seus ativos. A empresa reforçou que o processo não tem cronograma definido e só fará novos anúncios quando houver um desfecho concreto. Enquanto isso, Netflix e concorrentes posicionam suas propostas em uma disputa que pode remodelar o equilíbrio de poder em Hollywood pelos próximos anos.