A Branca de Neve (Rachel Zegler) e os Sete Anões feitos de forma digital
Com orçamento alto, bilheteria baixa e polêmicas, filme deixou os cinemas com status de fracasso histórico.
A mais recente adaptação live-action da Disney, Branca de Neve, estreou na última semana no Disney+. O lançamento do filme no streaming acontece após um enorme fracasso nas bilheterias dos cinemas. O longa, que é uma reimaginação musical do clássico animado de 1937 da Disney, Branca de Neve e os Sete Anões, estrelado por Rachel Zegler no papel principal e Gal Gadot como a Rainha Má, teve uma jornada tumultuada desde sua concepção.
O live-action teve um percurso difícil nos cinemas, arrecadando apenas US$ 87,2 milhões (R$ 483 milhões) na América do Norte e US$ 118,4 milhões (R$ 657 milhões) em vendas internacionais de ingressos, totalizando US$ 205,6 milhões (R$ 1,1 bilhão) globalmente. Este valor é significativamente inferior ao seu orçamento de produção de US$ 270 milhões (R$ 1,5 bilhão), antes mesmo de incluir os custos de marketing.
De acordo com o IMDB.com, o filme pode ser considerado “oficialmente um fracasso”, com ganhos muito aquém de um custo total de US$ 410 milhões (incluindo marketing, produção e outros itens), resultando em perdas estimadas em mais de US$ 115 milhões (R$ 638 milhões). Isso o torna a versão 2025 de Branca de Neve como o segundo pior desempenho de um grande lançamento da Disney em quase uma década, superando apenas Meu Amigo, o Dragão (2016), que arrecadou US$ 143,7 milhões.
Como regra geral, um lançamento nos cinemas teria que arrecadar de 2 a 2,5 vezes o seu orçamento de produção para ser considerado um sucesso de bilheteria. Com o orçamento estimado de Branca de Neve, o filme teria que arrecadar cerca de US$ 675 milhões para atingir o ponto de equilíbrio.
Rachel Zegler em cena de Branca de Neve
Divulgação/Walt Disney Pictures
A produção do live-action de Branca de Neve foi marcada por mais de três anos de controvérsias, que provavelmente contribuíram para sua fraca recepção.
A escolha de Rachel Zegler, uma atriz americana de ascendência colombiana, para interpretar a princesa gerou críticas de grupos conservadores que a acusaram de ser “woke”, além de casos de racismo e assédio contra a atriz, semelhantes aos enfrentados por Halle Bailey em A Pequena Sereia.
Zegler também causou burburinho ao fazer observações pontuais sobre a versão animada original, chamando-a de “extremamente datada” e focada em uma história de amor com “um cara que literalmente a persegue. Estranho! Estranho”. Ela enfatizou que a nova Branca de Neve “não será salva pelo príncipe e não sonhará com o amor verdadeiro”, mas sim em se tornar a líder que ela sabe que pode ser. Essas declarações inflamaram ainda mais o debate, gerando críticas de ambos os lados do espectro político.
O ator Peter Dinklage, que tem uma forma de nanismo, criticou abertamente a Disney por ainda estar fazendo “aquela p***a de história retrógrada sobre sete anões vivendo em uma caverna”. Em resposta, a Disney divulgou um comunicado afirmando que estava “consultando membros da comunidade com nanismo” para “evitar reforçar estereótipos” e adotaria uma “abordagem diferente”. Houve também críticas ao uso de CGI para criar as “criaturas mágicas” em vez de contratar atores com nanismo, privando-os de oportunidades de trabalho.
Além das questões de elenco e conceito, o filme enfrentou atrasos significativos. Greves de roteiristas e atores adiaram seu lançamento em um ano inteiro, originalmente previsto para março de 2024. Rachel Zegler também se envolveu em controvérsias com postagens políticas, lamentando publicamente a vitória eleitoral de Donald Trump em 2024 e expressando apoio à Palestina, o que gerou rumores de atrito com Gal Gadot, uma defensora vocal das Forças de Defesa de Israel.
Gal Gadot como Rainha Má
Gal Gadot como Rainha Má no live-action de Branca de Neve no Disney+
A Disney demonstrou cautela no lançamento do live-action de Branca de Neve. As vendas antecipadas de ingressos só foram abertas duas semanas antes da estreia doméstica, uma janela incomumente curta. Além disso, a première nos EUA foi significativamente reduzida, limitando a presença da mídia a equipes internas e fotógrafos, diferentemente dos tapetes vermelhos grandiosos habituais da Disney.
Em relação à crítica, o filme recebeu avaliações “médias”. No agregador Rotten Tomatoes, obteve uma classificação de 40%, com base em 255 críticas. O consenso dos críticos indicou que, embora a atuação de Rachel Zegler fosse “luminosa”, o tratamento “tímido” do material original e algumas escolhas estilísticas “bobas” não agradaram a todos. No entanto, a recepção do público no Rotten Tomatoes foi mais positiva, com uma pontuação de 72% baseada em mais de 2.500 avaliações de usuários verificados.
Apesar de algumas críticas “mornas a positivas” de veículos como o Hollywood Reporter e o New York Times, que o consideraram “perfeitamente adequado”, o desempenho de bilheteria reflete uma história problemática. O filme busca agora uma nova chance no Disney+, tentando encontrar um público que possa não ter se aventurado nos cinemas em meio a tantas polêmicas.
Vinícius Andrade
Jornalista e colaborador da Tangerina. Vinícius Andrade já foi editor do Notícias da TV e tem especialização em SEO. Interessado por tudo o que envolve mercado de entretenimento, tem mais de 13 anos de experiência na área e também trabalha com jornalismo local.
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