Divulgação/Netflix
Minissérie com 10 episódios, Olhar Indiscreto prende o espectador com um thriller que se costura com o mundo do sexo e dos desejos
Neste domingo (1º), estreia na Netflix a minissérie brasileira Olhar Indiscreto. Protagonizada por Débora Nascimento e Emanuelle Araújo, a produção acompanha uma hacker que vai à loucura vendo a vizinha, uma prostituta, transar enlouquecidamente com vários homens. Porém, a narrativa surpreende com uma representação mais fidedigna do desejo feminino e um suspense emocionante que guia os episódios.
Para quem assiste ao trailer ou lê a sinopse, de cara a vontade é enquadrar a produção em um certo estereótipo. A princípio, imagina-se que a ideia é ser um pouco 50 Tons de Cinza (2015) ou até puxar o público exaustivamente pelo apelo sexual, como faz o seriado Elite. Porém, a Netflix fez um clickbait efetivo nesta que é uma grande promessa do audiovisual brasileiro.
A hacker em questão é Miranda (Débora Nascimento). Reclusa e sem muitos amigos, ela se fechou em seu mundinho na internet e se tornou uma voyeur de primeira categoria. Toda equipada com câmeras e binóculos, observa e registra os encontros de Cleo (Emanuelle Araújo) por sua janela e se deixa levar por sua imaginação, assistindo à prostituta transando como uma variedade enorme de homens.
As duas têm uma relação amigável de vizinhas, tanto que Cleo pede para que Miranda cuide de seu cachorro enquanto ela terá um encontro com um milionário durante um fim de semana. Mas, uma vez no apartamento de sua musa inspiradora, Miranda entra em um mundo do qual não conseguirá mais sair.
Fingindo ser uma prostituta, ela transa com o homem dos seus sonhos, realiza seus maiores desejos e faz o que bem deseja. Porém, uma tentativa de estupro e um assassinato em autodefesa viram sua vida de cabeça para baixo. A cada capítulo, Miranda se vê envolvida com pessoas perigosas e engajada em um verdadeiro mistério enquanto tenta se safar da culpa.
O suspense é o grande fio condutor da história e realmente prende o espectador. Débora Nascimento e Emanuelle Araújo brilham em suas personagens, tão diferentes de tudo o que já experimentaram como artistas na televisão.
A série foi criada, roteirizada, dirigida e até gravada somente por mulheres. O que chama a atenção é que, de fato, Olhar Indiscreto transparece em diversos momentos que há, ali, um olhar estritamente feminino.
As cenas de sexo guiam a narrativa em vez de serem totalmente gratuitas e jogadas para cativar um público que procura esse tipo de entretenimento. As mulheres, ali, dominam o ato em sua grande maioria e, ainda, nenhuma reação é forçada, com gemidos exagerados como se vê normalmente no pornô. Sutilmente construídos, os momentos quentes são naturais.
Olhar Indiscreto foi uma aposta da Netflix para começar o ano com o pé direito nas produções brasileiras. Intrigante, quente e inteligente, a produção prova que dar espaço às mulheres na frente e por trás das câmeras é uma decisão acertadíssima.
Giulianna Muneratto
Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.
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